05 novembro 2012

Há quem já tenha reservado um bunker para o fim do mundo


Fim do Mundo
Milhares de americanos têm tudo a postos para lidar com o fim da civilização tal como a conhecemos. A National Geographic começa hoje a mostrar-nos como.


“Ele era um tipo simpático, bom vizinho, nunca desconfiei de nada.” É mais ou menos assim que começam todas as reportagens sobre psicopatas e assassinos em série. Boas pessoas, discretas mas que surpreendem todos no momento do tilt. Bruce, Paul e Gloria são assim. Bradford também. E se nos cruzássemos com ele numa farmácia, com um carregamento anormal de medicamentos, o que pensaríamos: este homem está doente ou está a armazenar remédios para uma pandemia que vai dizimar a humanidade? A resposta certa é a B e Bradford, psiquiatra, é apenas um de milhares de americanos que se preparam para o fim do mundo tal como o conhecemos. No seu caso, acredita que tudo começará com um surto de gripe das aves, por isso, a prioridade é juntar antibióticos.

Paul e Gloria têm uma ideia completamente diferente. Se partilhassem do medo de Bradford provavelmente não estariam tão empenhados em manter as suas dezenas de galinhas vivas. “Isto não é um hobbie, é um modo de vida”, diz Gloria, enquanto explica como a sua família no Texas se prepara para o apocalipse trabalhando 15 horas por dia. Ter comida armazenada é prioritário e todos os dias o casal cozinha oito refeições para guardar em vez de ir jogar golfe com os amigos. Resultado? Têm alimentação que baste para 22 pessoas durante 15 anos... Depois desta, nem mesmo a sua casa construída com contentores em forma de castelo medieval nos tira o fôlego.

Esse novo corte de respiração fica para o megabunker de Bruce Beach. Em Ontario, Canadá, numa vila com pouco mais de 200 habitantes, há um velhote com longos cabelos e barbas brancas que há 50 anos espera por uma guerra nuclear. Em 1985 decidiu começar a construir a Arca II, um bunker subterrâneo feito a partir de 42 autocarros escolares, com mais de 900 m2. “É preciso salvar as crianças”, suspira Bruce para as câmaras. O objectivo seguinte é repovoar o mundo depois do desastre, mas essa conversa fica para depois. Agora, os netos Beach vêm ajudar a manter tudo limpinho para o julgamento final.

Enquanto os netos de Bruce limpam as camaratas, os cinco filhos de John comem grilo com cebola e parmesão para o jantar. “Eu cozinho os meus insectos antes de comê-los. Tenho um certo padrão de sabores para manter.” John não sorri enquanto explica isto, porque a conversa não é para brincadeiras. Um dia destes a comida que temos à mesa vai desaparecer – pó radioactivo vai espalhar-se por todo o globo e contaminar os alimentos – e o melhor é começar a habituar as papilas gustativas, nem que para isso seja preciso dar um chupa-chupa de lagarto ao filho de três anos. “Os meus colegas acham esquisito, mas eu acho que é yummie”, diz Kailee, a filha adolescente.

MOVIMENTOS DOS PREPARADOS Para quem vive na pacata realidade portuguesa, tudo isto pode parecer um disparate mas o movimento dos autoproclamados “preppers” (os sobrevivencialistas) tem milhares de adeptos nos EUA e no Canadá. Na net, um dos sites mais conhecidos – o American Preppers Network – recebe cinco mil visitas diárias.

Apesar de não se entenderem sobre qual o tipo de fim do mundo mais eminente, todos acreditam que ele caminha para nós a passos largos. Em comum, têm uma outra crença: só a auto-suficiência os ajudará no dia do desastre final – seja ele natural ou causado pelo homem. À conta disso, muito destes “preppers” sobreviveram ao Katrina e agora ao furacão Sandy. Às tantas, é caso para nos interrogarmos se os loucos são eles ou quem ainda não se está a preparar.

Estreia hoje às 23h00, no NGC

Fonte: iOnline

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