No concelho do Porto existe um excesso de casas para venda, cujo tempo de escoamento previsto é de 12 anos. Investidores compram casas para colocar no arrendamento.
Na cidade do Porto existe um grande excesso de casas para venda, tanto novas como usadas. De acordo com a Confidencial Imobiliária (CI), o número de fogos em venda é de 13.848, sendo que 3.202 estão localizadas em Paranhos, uma das três maiores freguesias do Porto. Embora, no número de fogos em venda, o Porto esteja em segundo lugar, a seguir a Lisboa, a verdade é que esta diferença é muito pequena, sendo de pouco mais de mil fogos.
O excesso de imóveis em venda é uma situação preocupante, tendo em conta que o tempo médio previsto para o escoamento da oferta na cidade do Porto é de 12 anos, o que penalizará sobretudo a aposta na reabilitação do tecido urbano, especialmente no centro da cidade.
O tempo médio de absorção dos fogos é de 18 meses na freguesia de Paranhos, e de 15 meses na média das restantes freguesias da Invicta. Em Lisboa - em que a taxa de absorção é o dobro do Porto, cerca de 16% - o tempo de escoamento previsto é de apenas seis anos, sendo que um imóvel demora, em média, 10 meses a vender.
Já o longo período de tempo que leva a vender uma casa, no Porto, faz com que os preços apresentem uma maior queda. Assim, de acordo com o CI, a taxa de desconto e revisão é de -12%, nos fogos novos, e de -15%, nos usados. Se tivermos em conta o Desvio Procura vs Oferta (RVS) verificamos que nos fogos novos é de -3%, mas atinge -29%, nos usados.
Esta situação é confirmada pelos mediadores contatados que salientam a disponibilidade dos proprietários em baixar os preços nos imóveis usados, sendo que no caso dos imóveis novos os promotores estão mais relutantes no desconto sobre o preço final.
Contrariamente a outros centros urbanos, a cidade do Porto oferece mais casas novas que usadas, para venda. Nesta altura, cerca de 52% das casas em oferta são de construção recente, e, apenas, 47% são usadas. Se tivermos em conta a situação da freguesia de Paranhos – onde se localiza o Polo Universitário da Asprela – verificamos que a habitação nova, em venda, é quase o dobro da oferta de casas usadas, respectivamente 64% e 35%. Ou seja, a pressão construtiva nesta zona ocidental da cidade foi muito superior e foi consequência, também, da procura de casa por parte dos estudantes e profissionais que trabalham nesta zona. Já em Lisboa, cerca de 76% da oferta para venda é usada e, apenas, 23% é de construção nova.
Na estrutura da procura nos diversos concelhos do Porto verifica-se que os imóveis usados apresentam uma ligeira vantagem na escolha em relação aos novos, com 51% e 48%, respectivamente. Contudo, se analisarmos o caso de Paranhos a situação é bastante diferente. Ou seja, 68% dos interessados em comprar um imóvel opta por casas novas, e só, cerca, de 31% quer casas usadas.
Não é pois de estranhar que, nesta freguesia, a procura de casas incida especialmente sobre os T1 (31%) e T2 (34%). No resto do concelho do Porto verifica-se que as tipologias T1, T2 e T3, apresentam valores semelhantes na procura, que ronda os 24%.
A oferta de apartamentos T1 é superior em Paranhos (30%), em comparação com as outras freguesias do Porto (21%). Contudo, também nos T2 verifica-se uma maior quantidade (27%), em Paranhos, que nas restantes freguesias (24%).
O ritmo de vendas de casas abrandou no último ano, mas os mediadores consideram que continuam a existir transações. “Temos conseguido vendas de imóveis para clientes finais e destinadas a casa própria”, considera António Gil, diretor da loja de Pinheiro Manso, em Ramalde. Na sua opinião, são sobretudo clientes que não recorrem ao financiamento bancário, mas sim optam pela permuta ou em resultado da venda de outra casa.
Já Paulo Adriano, sócio-gerente da Quadratura, sociedade de mediação imobiliária, as vendas que concretizou nos últimos meses foram, especialmente, de “compradores interessados em oportunidades de negócio, destinadas ao arrendamento, onde a boa localização e o preço”, são fatores determinante. Na sua opinião, as zonas de Paranhos, Boavista/Campo Alegre e os locais servidos pelo Metro, são os mais procurados tanto para a aquisição, como depois para a concretização das operações de arrendamento.
Fonte: Público
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