O Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da Deco abriu em janeiro deste ano 458 processos, mais sete do que em igual período do ano passado, de acordo com dados revelados hoje à agência Lusa pela associação.
Em declarações à Lusa, a coordenadora do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da Deco, Natália Nunes, adiantou que este mês de janeiro apresenta “um cenário muito complicado", mais do que em 2012.
“São situações que já nos chegam em incumprimento e com taxas de esforço muito elevadas. Em janeiro temos uma taxa de esforço das famílias de 133%, muito elevada [face] à verificada em 2012 que não chegava aos 100%”, disse.
O boletim estatístico do GAS indica que o desemprego (41%) continua a ser a principal causa do endividamento das famílias seguido da deterioração das condições laborais (30%), ou seja, cortes salariais, redução de horas extraordinárias e atrasos no pagamento dos salários.
Entre as causas do sobre-endividamento estão também o divórcio ou separação (11%), alteração do agregado familiar (8%), doença (4%), fiador (3%) e penhora (3%).
Em período homólogo de 2012, as causas para abertura de processos aos consumidores com dívidas mais significativas era também o desemprego (33,9%) e a deterioração das condições laborais (25,7%).
Estas duas causas registaram um aumento de 21% e 17%, respetivamente, representando 71% dos motivos para o sobre-endividamento, quando em 2012 representavam 59,6%.
Natália Nunes explicou à Lusa que o aumento das situações de sobre-endividamento desde que o GAS entrou em funcionamento (em 2000) começou a agravar-se a partir de 2007, altura em que começou a sentir-se a crise económica.
“Em 2007 e 2008 as famílias foram penalizadas pelo aumento da Euribor que se refletiu no seu crédito à habitação. Esse foi um dos grandes responsáveis pelo aumento significativo de aumento que temos”, referiu.
No entender da coordenadora do GAS, esta é uma preocupação que vai adensar-se este ano, uma vez que se prevê uma subida das taxas Euribor, o que vai refletir-se nas prestações das casas, no crédito à habitação, contribuindo também para o aumento das situações de sobre-endividamento.
De acordo com o boletim estatístico do GAS, em janeiro de 2013 já deram entrada na Deco quase tantos processos (458) como em todo o ano de 2002 (379) ou 2003 (515).
O documento indica que em janeiro deste ano a média dos créditos por processo de sobre-endividamento era de 4,8%.
A maioria das dívidas das famílias que recorreu ao GAS em janeiro dizia respeito ao crédito pessoal (1,8%), a cartões de crédito (1,6%), ao crédito à habitação (0,8%), crédito automóvel (0,4%) e outros (0,2%).
Quanto ao tipo de dívida para a qual foi solicitada a ajuda da Deco, os dados indicam que em 55,1% dos processos foi pedida a reestruturação do crédito pessoal e em 50% dos processos foi requerida a renegociação dos cartões de crédito.
As estatísticas indicam também que em 29,7% dos processos é pedida ajuda na renegociação do crédito à habitação e em 22,5% é solicitada a reestruturação do crédito automóvel.
“Cada processo aberto pela Deco inclui mais que um tipo de dívida a renegociar”, adianta a Deco, realçando que 59,4% já apresentavam incumprimento em, pelo menos, um dos créditos.
Fonte: iOnline
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