Longe vão os tempos em que comprar casa era a melhor opção imobiliária. Não porque as pessoas tenham deixado de ter necessidade de adquirir uma habitação ou de investir neste sector, mas porque o mercado está a evoluir de forma diferente.
A solução passa pelo arrendamento e pela reabilitação urbana. E é este um dos enfoques do novo guia de investimento em Portugal, desenvolvido em colaboração entre a sociedade de advogados Garrigues e a consultora imobiliária CBRE.
“O arrendamento está a crescer essencialmente pela conjugação de dois factores: a forte sensação de incerteza que afecta todos os agentes no mercado - com foco nas famílias - e a inexistência de financiamento bancário (excepto para venda dos próprios bancos)”, esclarece o director de promoção da CBRE, Francisco Sottomayor. Não é por isso de estranhar que a construção nova tenha sofrido uma travagem abrupta. Segundo o profissional, “o investimento no segmento residencial é hoje quase exclusivamente em projectos de reabilitação e, quase sempre, numa escala muito menor à que nos tínhamos habituado, muitas vezes apartamento a apartamento”, sublinha Francisco Sottomayor, acrescentando que neste momento, vender às famílias é muito difícil, pelo que quase todos os projectos visam, pelo menos no médio prazo, o arrendamento.
“A nova lei das rendas e das obras em prédios arrendados vão contribuir de forma decisiva para a dinâmica da reabilitação urbana”, afirma o sócio responsável pelo departamento de Imobiliário e Urbanismo da Garrigues Portugal, Miguel Marques dos Santos. A primeira porque restabelecerá as rendas no mercado, dotando os senhorios dos meios financeiros necessários para manter e reabilitar os seus edifícios. A segunda porque tornará efectivamente possível intervir em edifícios arrendados, reabilitando-os, coisa que com a lei anterior se mostrava, em termos práticos, impossível. “Estamos, sem duvida, num momento de viragem na actividade da reabilitação urbana em Portugal e estas duas reformas terão um efeito detonador da nova realidade que se avizinha”, salienta o advogado.
Do seu ponto de vista, Sottomayor acrescenta a importância dos benefícios fiscais associados à reabilitação. “O IMI começa a assustar muita gente, principalmente nos casos em que triplica quando os imóveis estão devolutos. Tudo isto contribui para que os proprietários vejam a necessidade de dar uma nova atenção aos seus imóveis. Em muitos casos a impossibilidade de investir força a venda, o que lentamente traz alguma liquidez a um mercado que estava muito cristalizado”, esclarece.
O responsável concorda que a primeira vaga de projectos de reabilitação foi feita em especial para transformar imóveis em casas de luxo. “Tratavam-se de projectos em que se demoliam os interiores dos edifícios e que depois eram reconstruídos, mantendo apenas as fachadas”. Sucede que, “por um lado, a equação económica desse modelo de negócio não funciona hoje na maioria dos projectos. Por outro, esse segmento de mercado tem ainda produto por escoar”, reforça.
Os novos projectos têm uma escala muitas vezes menor, aproveitam muito do existente e tentam racionalizar os custos da intervenção, porque têm de ser muito competitivos no preço. Um apartamento para arrendar é diferente de um para vender. A exigência é menor. “Ninguém hoje arrenda uma casa para a vida”, conclui a mesma fonte.
Fonte: iOnline
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.