16 março 2013

Portugal não comporta muito mais empreendimentos comerciais


Entre 2000 e 2009, a área de empreendimentos comerciais no País (incluindo centros comerciais, retail parks, outlets e grandes armazéns de retalho) mais que triplicou.
Neste período, foram inaugurados um total de 2,2 milhões de m2 de espaços comerciais, o que resulta num acréscimo médio anual de cerca de 250 mil m2. Nos anos de 2008 e 2009, já em plena crise financeira, verificaram-se os maiores acréscimos na oferta de empreendimentos comerciais; contudo, há que ter em conta que estes projetos foram iniciados antes do despoletar da crise (um centro comercial demora cerca de dois anos a ser construído). Deste modo, em 2010 e 2011, a crise era já bem patente, com restrições ao financiamento e quebras no consumo, sendo que a área inaugurada de novas superfícies comerciais registou uma quebra abrupta. Em 2012, pelo primeiro ano desde o início do século, não se registou a abertura de nenhum empreendimento comercial em Portugal.

Recordando os projetos todos que estavam previstos antes do início da crise, verificamos que muitos foram, felizmente, cancelados. O mercado de comércio a retalho é atualmente um setor consolidado e com empreendimentos de elevada e reconhecida qualidade, a nível nacional e internacional, mas com uma saturação da oferta em algumas localidades. Num país onde não se prevê crescimento demográfico, dificilmente encontramos localizações que possam ainda comportar mais oferta comercial.

As poucas exceções incluem as cidades nas quais existem atualmente centros comerciais em construção. São os casos de Évora e de Setúbal, em que a última é a única capital de distrito sem nenhum centro comercial moderno, e no Alentejo a oferta de centros comerciais também é reduzida. O centro comercial Évora Fórum (com 16 500 m2), e o Alegro Setúbal (com 41 200 m2) - que resulta de uma expansão do hipermercado Jumbo, têm inauguração prevista para 2013 e 2014, respetivamente. 

O único outro projeto com abertura anunciada é o Dolce Vita Braga (com 70 800 m2), já concluído, mas cuja inauguração tem sido adiada ao longo dos últimos três anos, devido à dificuldade em assegurar ocupantes. Este centro comercial foi promovido pela Chamartín e é atualmente detido pela Caixa Geral de Depósitos, que já comunicou que o mesmo vai ser reformulado e aberto ao público só em 2014.

Nos últimos anos, temos assistido à remodelação e reposicionamento de alguns centros comerciais. No futuro, esta tendência irá certamente acentuar-se, dada a saturação do mercado e a redução do nível de consumo. Será também natural que vejamos o encerramento de alguns empreendimentos comerciais e a alteração do seu uso.

Por Cristina Arouca, Associate director na CBRE
Fonte: OJE

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