Os "spreads" do crédito à habitação estão congelados. Há mais de um ano que os bancos não baixam as margens exigidas nos empréstimos para a compra de habitação, isto apesar da melhoria registada nas condições de financiamento. Nos depósitos, por exemplo, os custos para o sector encolheram para quase metade no mesmo período.
Os dados compilados pelo Negócios mostram que desde Janeiro de 2012, praticamente nenhum dos maiores bancos portugueses alterou as taxas cobradas. Só o BCP o fez, mas ainda no sentido ascendente, puxando o "spread" mínimo para 3,75% e o máximo, para os clientes com maior risco, para 5,5%.
Comparando as margens mínimas, percebe-se isso mesmo. No início do ano passado, o "spread" médio mínimo era de 3,35%. Actualmente, de acordo com os preçários dos bancos, é de 3,4%, sendo que o BPI tem o "spread" mais baixo, de 2,5%, e o BES o mais alto: 4%. Nos "spreads" mais altos, o BES cobra 6,5%.Estes "spreads" tornam bastante caro o crédito, apesar das taxas de mercado (que são adicionadas à margem do banco) estarem em mínimo histórico. O INE revela que a taxa implícita na totalidade dos créditos à habitação está nos 1,55%, mas dispara para 3,276% se se considerarem só as operações realizadas nos últimos três meses.Aos "spreads", os bancos somam ainda as comissões associadas aos créditos, que também têm vindo a aumentar. O valor médio dos custos iniciais com o crédito à habitação subiu mais de 16% em 2011, de acordo com o Banco de Portugal. No caso do crédito ao consumo dispararam, em média, 50%.
Crédito mais barato para a banca
É perceptível através destes números que o sector está a conseguir gerar margens mais elevadas, isto num contexto bastante menos penalizador para os bancos em termos de custo de financiamento. Numa primeira fase, dada a facilidade de obtenção de fundos junto do BCE, depois nos mercados. Mas também através dos próprios clientes.Os depósitos são uma importante fonte de financiamento dos bancos. E se, tal como aconteceu com os "spreads", houve uma fase em que o sector entrou numa "guerra" de taxas, agora vive-se em "tréguas". De acordo com o BCE, o juro médio para depósitos até um ano fixou-se nos 2,47% em Janeiro. Em Outubro de 2011, o juro era quase o dobro (4,57%).
Inversão de ciclo nas margens
Este menor custo com o financiamento obtido, contrasta com o aumento do custo do crédito concedido, o que aumenta a rentabilidade do sector. Isso mesmo é admitido pelos bancos nos resultados. "No quarto trimestre de 2012 a margem financeira em Portugal evoluiu positivamente (…) invertendo a tendência (…) por via da trajectória descendente da remuneração dos depósitos a prazo", admitiu o BCP.
AdC não viu condições especiais nas casas dos bancos
Os "spreads" decidem, muitas vezes, se o crédito avança ou não. Altos que estão, travam muitas operações de financiamento, nomeadamente para a compra de habitação. Contudo, nem sempre os bancos apresentam margens mínimas de 3%. Nas casas entregues pelos clientes aos bancos, e que estes têm de vender, têm oferecido taxas de 1%, além de outras condições especiais. Uma prática que suscitou dúvidas a Paulo Batista Santos, deputado do PSD, ao ponto de este questionar a sua legalidade à AdC. A resposta veio em Outubro: "não é possível concluir pela existência de indícios que preencham qualquer um dos tipos legais de práticas restritivas da concorrência" no mercado de crédito imobiliário.
Baixa dos depósitos aumenta margem do sector
Sector tem vindo a baixar os juros oferecidos nas aplicações a prazo, obtendo financiamento com custos mais baixos. Contudo, o "preço" exigido no crédito mantém-se, e as comissões cobradas até subiram, facto que começou a permitir uma melhoria na rentabilidade dos bancos portugueses.
Fonte: Negócios
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