Dos 5,8 milhões de fogos existentes em Portugal, 735 mil são alojamentos vagos, 425 mil fogos estão devolutos, sem condições imediatas de habitabilidade, 74 mil não estão disponíveis e 30 mil fogos são destinados ao arrendamento turístico. Ou seja, restam a nível nacional, pouco mais de 125 mil casas para venda e 79 mil para arrendamento, em condições efectivas de utilização imediata para habitação.
Estes foram números divulgados por Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário – CPCI, durante o seminário da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal – APEMIP, realizado no Porto. O responsável adiantou ainda que destes fogos construídos mais de 1,5 milhões necessitam de intervenção. São números que traduzem uma realidade para a qual não se encontra paralelo nos principais países europeus.
Em território nacional 29% dos edifícios precisam de obras, em Espanha representam 10,4% e em França, essa percentagem ronda os 14%. Apesar desta discrepância, o peso da reabilitação na produção do sector em Portugal é de apenas 6,5%, enquanto na Europa este peso é de 36,8%. “Na Europa, a renovação e manutenção de edifícios têm um peso idêntico ao de construção nova”, salientou Reis Campos.
Peso do mercado de arrendamento é o segundo mais baixo da Europa
Mesmo no actual cenário de congelamento do mercado de construção de habitação, em que seria de esperar um aumento das obras de reabilitação, verifica-se que tal não acontece. No ano passado, o licenciamento de obras de reabilitação conheceu uma quebra de 8,4%.
Também na última década, em que se assistiu a uma forte redução da construção nova e, simultaneamente, a um quase desaparecimento do crédito imobiliário, o arrendamento regista um recuo. O peso deste mercado, que já era o segundo mais baixo em toda a Europa, desceu dos 20,8% registados em 2001, para 19,4%, em 2011.
No Porto uma em cada cinco casas encontra-se desocupada
A cidade do Porto serviu de exemplo para demonstrar a lacuna na reabilitação urbana. Uma em cada cinco casas encontra-se desocupada, ou seja, 20% do total. Por comparação, Londres regista uma taxa de alojamentos vagos de 2,1%, Paris 7,8% e Marselha, a segunda cidade francesa, 7,1%. “Uma cidade como o Porto não pode apresentar este nível de abandono. São 26 mil habitações, muitas delas em avançado estado de degradação, das quais, à data dos Censos, apenas 5.400 estavam disponíveis para o arrendamento”, revelou Reis Campos.
Construção e Imobiliário representam 10% do PIB europeu
O presidente da CPCI referiu ainda que a reabilitação urbana é expressamente contemplada no novo ciclo europeu de programação estratégica, 2014-2020. “Será um instrumento orientador para toda a economia, que terá de permitir uma mobilização concertada da nossa sociedade, em torno de uma visão global. Veja-se que, na Europa, 75% da população, vive nos centros urbanos. Estes são responsáveis por 80% do consumo de energia e por cerca de 85% do PIB europeu. Numa perspectiva mais global, verifica-se mesmo, que apenas 600 cidades respondem por 60% do Produto Interno Bruto Mundial”, reforçou. Reis Campos salientou também que a construção e o imobiliário desempenham na economia comunitária 10% do PIB europeu e é responsável por 20 milhões de empregos.
Fonte: Diário Imobiliário
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