02 abril 2013

Luís Lima: "Bancos não deviam financiar só as casas deles"


O presidente da APEMIP, Luís Lima, falou  sobre o papel dos bancos no setor e mostrou-se preocupado com o facto de apenas financiarem as casas que lhes foram entregues e que têm para venda em vez de estarem a financiar o mercado.

Quantas casas, novas e usadas, é que os bancos têm para vender neste momento?
É impossível contabilizar porque os bancos não dão esses números e nos sites deles estão apenas as casas que estão disponíveis para venda. Há muitas mais que ainda estão em processo de entrega e que ainda não podem ser vendidas. Diria que há umas 20 mil casas novas, ou seja, que os promotores entregaram, mas depois faltam as casas das famílias.

Em que zonas ficam as novas?
Principalmente no Algarve e no Funchal, ou seja, as zonas turísticas, porque desapareceu o cliente normal, ou seja, os ingleses e os irlandeses. Mas houve também muitos promotores a entregar casas nas periferias de Lisboa e em Braga e Guimarães.

Houve mais promotores a entregar as casas aos bancos?
A dação baixou drasticamente nos particulares porque os bancos perceberam, no início do ano passado, que se não fizessem nada iam chegar ao final de 2012 com mais 30 mil imóveis e então mudaram de estratégia e começaram a negociar com as famílias, baixando prestações e alargando prazos. 

Mas isso não aconteceu com os promotores porquê?
Porque os bancos não estão a acreditar na recuperação do país e deste sector.

A banca tem estado a trabalhar mais com os mediadores? 
Em janeiro de 2012 juntei-me com os três maiores mediadores do país e sensibilizei-os para venderem casas dos bancos, exatamente para que a banca não criasse estruturas que depois pudessem ser concorrentes, e a mensagem passou. O problema é que os bancos só dão crédito às casas deles, sejam novas ou usadas, quando deviam estar a financiar o mercado todo.

Isso não perverte o mercado? 
Claro que sim. Um dia os bancos não vão conseguir vender os seus imóveis porque as pessoas não vão conseguir vender as casas usadas que têm e, consequentemente, não vão conseguir comprar casas novas.

Fonte: Dinheiro Vivo

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