08 maio 2013

Imobiliário português volta a ser atrativo para os britânicos


Um dos maiores eventos imobiliários sobre Portugal decorre em Londres, de 13 a 16 de junho. A organização é da Câmara do Comércio de Portugal no Reino Unido, liderada por Christina Hippisley que, em entrevista ao OJE, reforça a ideia de que os ingleses estão a voltar aos mercados core e Portugal está no topo do interesse
Os pontos positivos de Portugal para os cidadãos do Reino Unido, ou para estrangeiros que fazem as suas compras de imobiliário a partir daquele país, estão a crescer. 

Passam pelo bom nível de vida, pelas facilidades em termos de saúde, telecomunicações e transportes, pela atratividade fiscal (com as isenções para reformados), e, muito em particular, pelo clima e pelas boas opções urbanísticas, que fazem a distinção face a Espanha, afirma Christina Hippisley, presidente da Câmara do Comércio de Portugal no Reino Unido (PCC).

O que é expectável acontecer em Junho, tendo em conta as condições de investimento em Londres e o que está a acontecer em Portugal a nível político e económico?
A Câmara do Comércio em Londres decidiu promover Portugal perante várias iniciativas de atratividade do investimento estrangeiro no País, caso do lançamento do golden visa. Consideramos que chegou a hora de promover o setor imobiliário no Reino Unido. Esta apresentação, que irá ter em conta os produtos imobiliários de qualidade em Portugal, mostrará a vasta gama de propriedades para habitação, comércio e rendimento, que estão para vender no País. A iniciativa justifica-se pelo facto de os ingleses estarem de volta na aquisição de habitação no estrangeiro, numa tendência não tão forte como em 2008, mas com alguma força. Por outro lado, Londres é o centro dos mercados emergentes. Russos, indianos, chineses e africanos, e a generalidade dos mercados emergentes, estão bastante bem representados no Reino Unido, e querem saber informações sobre os novos destinos dos investidores. Consideramos que chegou a hora para a Câmara de Comércio, para o Governo português e para o mercado imobiliário de promover os ativos imobiliários em Londres.

O golden visa tem sido um instrumento poderoso?
Claro. O modelo para os internacionais residentes em Londres é muito interessante. Na Câmara estamos a receber muitas perguntas dos chineses e dos russos para mais informação e estão a transmiti-la para os especialistas, caso dos advogados. Aliás, muitos juristas portugueses estão a chegar a Londres para efetuarem seminários e apresentações sobre esta opção, e do nosso lado também há pedidos de informação. Dou-lhe um exemplo: tive uma reunião há alguns dias com a Associação Chinesa da Proprietários (Land Loan Association), sendo que há 1500 chineses que são proprietários de várias casas no Reino Unido, pois compram muitos ativos para investimento. Acontece que tendo sabido da nossa oferta de Portugal através do GOLDEN Visa, a par da imagem do País, com muito potencial em termos de estilo de vida e de investimento, levou a que aqueles responsáveis colocassem questões e se mostrassem deveras interessados em saber todo o tipo de informação.

Qual a visão de quem está em Londres relativamente a Portugal, tendo em conta que o País surge nas notícias mundiais com problemas de orçamento e de dívida - que impacto tem esta conjuntura nos investidores?
Os investidores estão a pensar que chegou o momento oportuno. Acreditam que os preços não descerão mais. A noção no Reino Unido é de que o mercado imobiliário português bateu no fundo e está a começar a subir, e a oportunidade existe agora para eventual compra de habitação pelo preço mais acessível. Os investidores sabem que o melhor momento de compra é aquele em que há a perspetiva de que o valor vai voltar a subir. A perspetiva é de subida e os ingleses sempre trataram Portugal como um mercado chave, tradicional, pois não querem arriscar. Querem comprar casa para férias, usar a casa e não arriscar. Portugal é um dos mercados mais relevantes para os ingleses na compra de casa. 

Para um investidor inglês, o que tem Portugal de diferente quando comparado com Espanha ou a Grécia?
Os ingleses sabem que Portugal, no passado e na atualidade, tem protegido o planeamento urbano, o que compara positivamente com Espanha. Portugal tem muito melhor controlo em termos de planeamento e a qualidade é mais elevada, a par da menor densidade urbana. Por outro lado, oferece um estilo e uma qualidade de vida perfeita para os ingleses, que estão habituados a meses e meses de inverno. Os ingleses estão também a perceber que a libra esterlina contra o euro é uma aposta, a par da acessibilidade dos preços. Lembro que em 2008 os preços estavam altos demais.

Na ótica do investidor externo, quais os pontos fortes e fracos do imobiliário turístico e residencial português?
Entre os pontos fortes relevo o facto de estarmos num mercado onde há sempre procura, há sempre estrangeiros que querem casas em Portugal e onde a desvalorização do ativo é potencialmente menor. Regista-se uma qualidade elevada na construção e globalmente do ordenamento urbano. Por outro lado, há muitos cidadãos ingleses, cerca de 60 mil, que estão a viver no Algarve, com excelente qualidade e estilo de vida, que gostam da gastronomia e são bem recebidos. O mercado inglês sente-se muito bem em Portugal, assumindo um grande conforto e segurança no País, com a vantagem de todos falarem inglês, de existir um fácil acesso às telecomunicações e aos serviços de saúde. Todos os ingleses sabem que Portugal está a sofrer muito com a austeridade, mas do que é percetível no exterior é que o País está mesmo a cumprir as regras da Troika. Em contraste, a Grécia e Espanha são o caos. Espanha está em dificuldades no imobiliário, com grandes lotes de propriedades à venda e os preços a descerem. Já a França continua a ser atraente para os ingleses, mas os preços estão estagnados, a par do grande volume de ativos para vender. A par disso, regista-se um grande desinvestimento nos mercados emergentes e o regresso aos mercados core. Entre os sinais positivos que indicam que o cidadão inglês está a comprar novamente, realço o ambiente que encontrei numa feira imobiliária no final de abril. Detetei que o certame recebeu mais 20% de visitantes que no ano anterior e o objetivo dos promotores era vender ativos fora do Reino Unido. Por outro lado, os ingleses utilizam os sites de imobiliário e as pesquisas têm subido rapidamente, a par do câmbio favorável da libra face ao euro. Relativamente aos impostos, também há vantagens, porque poderão ficar isentos de IRS os reformados que recebem as respetivas pensões em Portugal.

É uma nova atitude?
Sim, os ingleses queriam casas em Portugal mas os preços mas não eram acessíveis, e há pessoas que agora estão a ver que com 200 mil libras (237 mil euros) chegou a altura, em vez de comprar casa fora de Londres, podem comprar uma no sol, ou seja, em Portugal. Todos os anos, 2 milhões de ingleses fazem férias em Portugal. Ao falar com os sponsers desta mostra, que são os bancos que vendem o crédito em Londres, a informação de que disponho é de que a procura aumentou. E, relativamente ao antes da crise, os compradores só pedem ao banco, em média, 60% das necessidades de fundos. As pessoas não querem casas para investimento, mas para utilização, evitam os grandes volumes de empréstimos. Voltámos ao modelo da compra de segunda habitação para utilização, evitando a especulação. Apesar de agora a perspetiva não ser o investimento, ainda assim alguns resorts podem oferecer soluções para cobertura de despesas, pois permitem otimizar a casa durante o ano em que não está ocupada pelo proprietário. É o modelo mais seguro e estável.

Portugal no centro de Londres

A Câmara do Comércio de Portugal no Reino Unido apresenta, de 13 a 16 de junho, no centro de Londres, as melhores oportunidades do imobiliário português. O Salão Imobiliário de Portugal (Portugal Property Show), nos Royal Horticultural Halls, vem na sequência das novas medidas do Governo português para o apoio ao investimento no País. A Câmara do Comércio, liderada por Christina Hippisley, relembra que esta será uma grande oportunidade para os promotores, bancos, consultores e fundos de investimento, resorts, agentes imobiliários, entre outras entidades, escoarem os seus produtos.

A ideia de a Câmara promover estas iniciativas vem de 2004, quando arrancaram as conferências anuais de turismo e imobiliário em Londres, afirma Hippisley. "Isto tem pernas para andar e finalmente assumimos que estamos perante exportação e bens transacionáveis, com a vantagem de o ativo ficar em território nacional".

Fonte: OJE

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