A crise não está só a fazer baixar os preços do imobiliário, mas também o número de casas que há para venda. Segundo as estatísticas do Confidencial Imobiliário, em 2012 havia 270.791 casas no mercado, muito menos que as 433 411 de 2011 e que as 506 015 de 2010. “Voltámos aos níveis de 2006”, disse ao Dinheiro Vivo o responsável do Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães. “Mas não é mau. Em 2006 não houve um grande aquecimento no mercado como nos três anos seguintes, nem um grande arrefecimento. Foi um ano normal”, ressalva.
De acordo com os mesmos dados, que são compilados com base na oferta de 1500 empresas alojadas no portal lardocelar.com, a tendência de descida mantém-se este ano. No primeiro trimestre contavam-se 85 345 casas para venda em Portugal Continental, menos que as cerca de 89 mil que havia no´final do ano passado, mas um pouco mais que as 84 mil que havia no primeiro trimestre de 2012.
Segundo Ricardo Guimarães, há várias explicações para este fenómeno, “mas a principal tem a ver com o facto de os preços estarem mais baixos e também por não se conseguir crédito para comprar casa nova”. Se as pessoas não conseguirem vender a casa ao preço que querem ou que precisam para comprar outra casa ou para abater o empréstimo ao banco, então não a vão vender e retiram-na do mercado, explica o mesmo responsável. E acrescenta: “Saem do mercado da oferta e também da procura”.
Outra justificação tem a ver com o aumento das casas para arrendar, que passaram de 23 586 no primeiro trimestre de 2012 para 30 714 no primeiro trimestre deste ano. “Há uma transferência de casas para esse mercado, mas isso não justifica a quebra na oferta para venda, principalmente no caso de imóveis novos. O que é feito para vender dificilmente vai para arrendar”, explica Ricardo Guimarães. Para este responsável, a maior parte das casas que passam para o mercado de arrendamento são as usadas e, na maior parte das situações, porque os proprietários não as conseguem vender.
Lisboa, Alentejo e Algarve perdem metade das casas
A Área Metropolitana de Lisboa sempre teve o maior número de casas à venda, mas no final de 2012 tinha pouco mais de 100 mil, que é menos de metade do pico atingido em 2008. E continua a descer. No primeiro trimestre deste ano contavam-se quase 80 mil, ou seja, menos que as 85 mil do último trimestre do ano passado.
No Alentejo e no Algarve passa-se o mesmo. No primeiro caso, o número de imóveis à venda é o mais baixo desde que começaram as estatísticas, em 2006: 2308 casas, menos 53% do que o pico de 2010. Já no Algarve, contavam-se em 2012 umtotal de 15 182 imóveis, menos que os 30 440 do pico atingido em 2010.
Cada vez há menos casas novas à venda
Tradicionalmente, sempre houve mais casas usadas do que novas à venda, mesmo depois do boom da construção, mas nos últimos dois anos o número de imóveis novos que desaparece do mercado é muito superior ao dos usados. “O que se tem começado a verificar é uma aproximação no número dos dois tipos de imóveis, porque não se faz construção nova há mais de dois anos e o stock vai-se escoando ou passa a usado”, repara Ricardo Guimarães.
Essa realidade é válida para o país todo onde, o ano passado, havia cerca de 106 mil novos e 165 mil usados. No entanto, é mais evidente no Algarve. Em 2011, havia 12.257 novos e 12.551 usados, e em 2012 eram 6500 novos e 8600 usados.
Contudo, o administrador da Century 21, Ricardo Sousa, faz outra leitura do mercado e garante que “o que há à venda neste momento no Algarve são casas novas em zonas prime. Foi o que ainda não se vendeu e que está a despertar o interesse dos mercados internacionais”. De acordo com este responsável, “lá fora todos dizem que está bom para comprar em Portugal, mas os preços vão começar a subir porque tem havido uma maior procura por parte de indianos, chineses, russos, angolanos e até franceses, principalmente no Algarve”.
Contudo, diz Ricardo Guimarães, “um aumento do interesse não quer dizer que haja transações”.
Fonte: Dinheiro Vivo
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