23 agosto 2013

Chiado tem rendas mais caras do que na Avenida da Liberdade


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O incêndio do Chiado de 1988 destruiu prestigiados espaços comerciais de Lisboa, mas, 25 anos depois, esta é uma das zonas mais movimentadas da capital, com rendas mais caras do que as luxuosas lojas da Avenida da Liberdade.

Na madrugada de 25 de agosto de 1988, um violento incêndio deflagrou nos extintos Armazéns Grandella, entre as ruas do Carmo e do Ouro, e alastrou-se a mais 17 edifícios, alguns emblemáticos, como os Armazéns do Chiado. O fogo tirou a vida a duas pessoas e fez mais de meia centena de feridos.

"Com o surgimento dos centros comerciais, nos anos 1980, o Chiado ressentiu-se e tornou-se num bairro sem vida", lembrou à Lusa Patrícia Araújo, responsável pela área de retalho na consultora imobiliária Jones Lang LaSalle.

Ainda durante as obras de recuperação do incêndio, que se prolongaram por mais de uma década, foi inaugurado o centro comercial Colombo, em 1997, que se tornou numa forte ameaça para o comércio de rua, ao qual roubou clientela.

O congelamento das rendas em Portugal, durante dezenas de anos, chegou mesmo a desviar o comércio mais moderno para os centros comerciais. Contudo, segundo Patrícia Araújo, o crescimento dos centros comerciais atingiu a maturidade e muitos lojistas encaram novamente o comércio de rua como uma atraente alternativa.

"O incêndio do Chiado também proporcionou a criação de espaço para marcas", destacou Sandra Campos, diretora de retalho da Cushman & Wakefieldda, lembrando a importância para o comércio no Chiado da inauguração da loja Zara, na Rua Garrett.

Dada a escassez de espaços comerciais e o aumento da procura na zona, as rendas aumentaram de ano para ano e os melhores espaços comerciais das localizações privilegiadas, como os da Rua Garret, custam hoje, de acordo com consultores, cerca de 90 euros por metro quadrado, ou seja, mais do que a renda 'prime' da Avenida da Liberdade.

"A procura continua acima das expectativas", disse a consultora da Jones Lang LaSalle, destacando que, em termos comerciais, o Chiado é considerada uma zona mais 'trendy' (na moda), que atrai insígnias de 'mass market' e de posicionamento médio-alto, contrastando com a Avenida da Liberdade, que é o destino dos retalhistas de luxo.

Marcas de roupa como a Zara, a H&M, a Massimo Dutti ou a Hugo Boss estão no Chiado, além dos ateliês de designers com presença nas semanas da moda nacionais e em eventos internacionais.

"Finalmente este ano vai abrir espaço para a reabilitação urbana, para atualizações de rendas", disse Sandra Campos, acreditando que as alterações à lei do arrendamento em vigor desde o final do ano passado vão alterar o mercado.

"Com as alterações à lei, espera-se que possa existir um maior equilíbrio, com o regresso ao mercado de espaços comerciais bem localizados, abrindo assim as portas para que mais retalhistas possam instalar-se", acrescentou.

Fonte: Diário de Notícias do Funchal

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