24 agosto 2013

Comércio de Rua de Lisboa é um bom exemplo que outras cidades devem seguir


Centro Comercial, rendas, yields, comércio de rua, compras, luxo
Turismo, reabilitação urbana e uma forte aposta na qualidade e inovação da oferta são os principais ingredientes que estão a relançar o comércio de rua em Lisboa e o ressurgimento de zonas comerciais bem posicionadas para os seus targets mostram que o retalho caminha no sentido certo.
A emergência de Lisboa enquanto destino turístico de referência mundial, a crise e a evolução natural da oferta e dos padrões de consumo têm impulsionado de uma forma determinante o comércio de rua de Lisboa, o qual sofreu mais transformações nos últimos 2 a 3 anos do que na anterior década.

Até há pouco tempo, o conceito de Centro Comercial imperou em Portugal, pela modernidade, conveniência e oferta, situação que infelizmente não foi acompanhada pelo comércio de rua, numa agonia crescente que acompanhou a degradação do centro das cidades e a fuga das pessoas para as periferias.

A presente crise ainda mais agudizou a situação, apesar da correcção da lei das rendas, pois a procura interna baixou drasticamente, o que se traduziu em mais dificuldades. Mas como sempre, a crise não atinge todos da mesma forma e o centro histórico de Lisboa vive hoje uma situação ímpar. De facto, turistas com elevado poder de compra trouxeram atrás de si marcas de grande relevo internacional, houve segmentação mesmo por conceito de retalho (à semelhança do que aconteceu há 250 anos atrás, quando a Baixa foi edificada), tendo hoje Lisboa uma oferta que ombreia com a maior parte das cidades europeias. De facto, Lisboa oferece produtos e serviços com inovação e qualidade para todas as bolsas, é uma cidade fashion falada por esse mundo fora e ganha consecutivamente prémios internacionais que a põem num pedestal nunca visto.

A par das marcas internacionais que escolhem Lisboa para abrir lojas, merecem também menção os vários exemplos de empreendedorismo português que, um pouco por toda a cidade mas principalmente nas zonas comerciais mais consolidadas, têm primado pelo desenvolvimento de novos e variados conceitos, bem segmentados, bem posicionados, com um design atractivo e um marketing diferenciador. Além de investimento português, muitos destes conceitos vendem “criação nacional”, divulgando e exportando o que de melhor se faz por cá, seja na moda ou na restauração.

Apesar da retracção do consumo interno, é, contudo, evidente que os Lisboetas começam a viver mais intensamente a sua cidade e a olhar para ela de uma forma mais entusiástica, o que tem dado um maior dinamismo às ruas da cidade e animado o comércio. O Chiado transborda de gente, a Baixa, que agora se prolonga pelas esplanadas do Terreiro do Paço, é um local de eleição para turistas e também nacionais, a Avenida da Liberdade e a Rua Castilho têm ganho nova vida, o Príncipe Real é cada vez mais frequentado por um público que gosta de moda e design com um conceito mais original e o Cais do Sodré, essencialmente um local de diversão nocturna, é também cada vez mais procurado por um público alternativo.

Claro que o ressurgimento de zonas como a Avenida da Liberdade, Rua Castilho, a Baixa, o Chiado, o Cais do Sodré ou o Príncipe Real implica dificuldade para a oferta noutras zonas da cidade que não beneficiam tanto da afluência de turistas ou que não souberam renovar a sua oferta, o seu conceito ou o posicionamento. No entanto, é possível expandir estes bons exemplos para outras zonas da cidade. Cada zona tem as suas características próprias, mas desde que bem posicionadas para um determinado target podem perfeitamente encontrar e percorrer o seu caminho nas ruas comerciais de Lisboa.

Um aeroporto próximo, com metro, toda uma política que aponta para a reabilitação, a aposta no que temos de melhor (gastronomia, escala de cruzeiros, cidade histórica, confluência de culturas, etc.), todos estes ingredientes devidamente apoiados só podiam dar azo ao que felizmente hoje podemos constatar: uma cidade que em termos de retalho vai no sentido certo, um benchmark para o resto do país.

Por Patrícia Araújo, Directora do Departamento de Retalho, Jones Lang LaSalle

Fonte: JLL

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