Até ao final deste ano, a consultora imobiliária Aguirre Newman espera movimentar €100 milhões em transações imobiliárias no mercado de escritórios e retalho, em Portugal.
Aquela que foi a maior operação imobiliária desde o início da crise - a compra do edifício Báltico, no Parque das Nações, há uma semana, pelos alemães da Deka - pode bem ter sido o primeiro de muitos negócios de grande envergadura a realizarem-se no nosso país a curtíssimo prazo, afirma, convicto, Paulo Silva, diretor-geral da Aguirre Newman.
As intenções de investimento chegam essencialmente de estrangeiros, onde se incluem os brasileiros ("que nos últimos dois anos protagonizaram as operações mais visíveis de investimento imobiliário no mercado de escritórios"), espanhóis, suícos, americanos, alemães e os já incontornáveis chineses. "Não estamos a falar de investimentos oportunísticos, mas de investidores que querem entrar ou voltar ao mercado imobiliário português antes que os preços começem a subir", realça o responsável da empresa.
E dá alguns bons exemplos: "Estamos a acompanhar family offices americanas interessadas em comprar propriedade comercial na Avenida da Liberdade e um fundo suíço que quer investir entre €50 milhões a €100 milhões em edifícios de escritórios já arrendados ou dentro de uma perspetiva de reabilitação e promoção. Também no Parque das Nações temos dois edifícios de escritórios que deverão ser comprados até ao final do ano."
Edifício da ZON em negociação
A recente comercialização do negócio entre a Deka e a Mota-Engil, e que envolveu a venda por €43 milhões do edifício Báltico no Parque das Nações (onde estão instalados os CTT), uma operação intermediada pela concorrente Cushman & Wakefield, é vista por Paulo Silva como um sinal claro de retoma do mercado, uma dinâmica que começou devagar mas de forma consistente a partir do final do primeiro trimestre. "É muito importante que haja um investidor desta natureza, muito exigente, a investir em Portugal. Também o edifício da Zon é outra operação muito interessante que sabemos estar em negociação. Neste momento, há muito mais do que interesse por parte dos investidores estrangeiros: há propostas e há acordos", reforça o responsável, acrescentando que o "mercado vai passar em breve por uma série de operações com muita visibilidade".
Lembrando que "o mercado português acolheu durante os primeiros nove meses deste ano um montante global de investimento imobiliário na ordem dos €250 milhões", o diretor-geral da Aguirre Newman estima que o ano feche com um valor global de transações que ultrapasse os €450 milhões.
O foco dos investidores continua muito centrado na Baixa de Lisboa e no Parque das Nações - "mais especificamente em edifícios de escritórios com bons inquilinos e lojas com boa visibilidade" - mas este produto começa a escassear. "O que até há bem pouco tempo estava disponível, neste momento já está a ser negociado. Na Avenida da Liberdade, por exemplo, não existem mais do que três lojas livres para arrendar."
A lei do arrendamento trouxe, ainda assim, uma oportunidade de revitalização do centro das cidades, "até porque num horizonte de três a sete anos muito dos antigos arrendatários irão deixar esses espaços comerciais permitindo aos proprietários das lojas vendê-las a quem as queira reabilitar".
Atentos, os chineses começam a estar interessados também, na reabilitação. "Temos sentido por parte destes investidores que a compra de prédios para reabilitação, na Baixa de Lisboa, por €800 mil ou a um milhão de euros, é encarada como uma oportunidade de negócio." Intenções de investimento que devem ser "acarinhadas, pois permitem restabelecer uma atividade de reabilitação que até há bem pouco tempo estava completamente ausente da Cidade de Lisboa".
A Aguirre Newman tem-se desdobrado em contactos na China e está a preparar um road-show em Macau e Hong Kong entre o final do mês de novembro e o início de dezembro. São "contactos cirúrgicos" os que foram feitos junto dos chineses e "incluem family offices, mas também investidores institucionais". Acima de tudo, "são empresas que compram mais do que um imóvel" e fazem-no numa ótica de rentabilização.
"Vamos apresentar património imobiliário que inclui edifícios arrendados e portefólios para promoção, uma carteira de €100 milhões a €250 milhões. Estamos ainda na fase de angariação", específica ainda o diretor-geral da consultora imobiliária.
Fonte: Expresso
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