Espero bem que na altura em que estas linhas estiverem o ser lidas, que já tudo tenha regressado à normalidade, e que as birras políticas já tenham sido ultrapassadas. Tem sido uma sucessão de episódios de autêntica telenovela, com consequências muito negativos para os negócios que dependem do exterior. Com estes episódios não são só as bolsas que caem no dia seguinte, ou os juros da dívida que sobem para níveis outra vez insustentáveis. É também o nosso sofrido Imobiliário que volta a cair! Isto numa altura em que Portugal, no seu cantinho devagar a recuperar a sua credibilidade, começa a atrair alguns milhões do exterior para este sector com tanta sede de capital. Todos sabemos que, mais do que nunca, dependemos do exterior para dinamizar o nosso mercado. Isto porque sabemos também que não será o nossa tão enfraquecida e limitada economia a fazê-lo. E há tanto para fazer...
Há milhares de prédios para reabilitar. Há centenas de milhares de m2 de escritórios que estão vazios (só em Lisboa são quase 600 mil m2) para serem ocupados. Idem para o comércio em que tanta dinamização é necessária. E há o gravíssimo problema do imobiliário dos bancos que sem capital estrangeiro a entrar também será resolvido a conta-gotas.
Só o mercado internacional poderá resolver muitos desses problemas. Mas para isso precisamos de estabilidade! Os investidores internacionais não investem em países em descrédito, e enquanto o crédito tarda a conquistar, o descrédito pode-se ganhar em apenas um dia como foi o caso do dia 2 de Julho.
Na Jones Lang LaSalle fazemos tudo para vender o nosso País lá fora. Viajamos, vamos às feiras internacionais, recebemos estrangeiros de todos os cantos do mundo e a todos contamos mais ou menos o mesmo: está na altura de investir cá em Portugal. Há oportunidades únicos, os preços caíram e muitos ativos estão a níveis que poderão ser mínimos. E isso é dito porque acreditamos verdadeiramente. Porque entre outras razões se conseguem comprar prédios com contratos sólidos e longos com yields de 8% ou até 9% vs 6% em Espanha ou 4% no norte da Europa. E porque se conseguem comprar imóveis de qualidade por um preço idêntico ou até inferior ao valor do suo construção! Estamos o falar de descontos por vezes superiores a 50% face ao mercado de há cinco anos.
Em todo o caso, vemos sinais positivos de que o mercado deverá recuperar. Estamos a acompanhar um número cada vez maior de investidores estrangeiros das mais diferentes origens do globo, atraídos pelos oportunidades únicas que encontram no imobiliário deste País. Seja paro investir, seja para gozar como segundo residência, seja para viver! Esse interesse tem também sido alavancado por ferramentas criados pelo Governo para os investidores internacionais, como os regimes dos Golden Visa e dos Residentes não Habituais.
Esta foi a mensagem que passámos no MIP (Mostra Imobiliária de Portugal), na qual participámos no mês de Junho em São Paulo, Brasil. e onde constatámos que para os brasileiros, Portugal é claramente um país para se investir. E não é difícil compreender porquê: a nova e vasta geração de milionários brasileiros está demasiado exposta ao seu próprio mercado que apresenta fortes indícios de sobreaquecimento. Estão, por isso, à procura de mercados alternativos, de preferência os mais sofredores e mais baratos. E como o mercado americano, sobretudo o mercado de Miami (o preferido dos brasileiros) já teve essas características no pós-Lehman e está hoje outra vez muito aquecido, Portugal, país irmão, o mais barato da Europa, é o mercado natural para onde podem ser canalizados grandes fatias desse capital.
Temos de acreditar nisso e, como nós, há muitos outros que o fazem.
Por Pedro Lancastre, Diretor Geral da Jones Lang LaSalle
Fonte: Magazine Imobiliário Edição N.º 1
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