A Worx - Real Estate Consultants acaba de lançar o estudo WMarket, onde destaca sinais de recuperação no setor imobiliário português. Pedro Valente, responsável pelo departamento de capital markets, falou com o OJE sobre as perspectivas avançadas na análise, igualmente sentidas in loco na feira Expo Real, que decorreu na semana passada em Munique.
Qual o ambiente que se viveu na Expo Real?
Positivo, confirmando a retoma do mercado de investimento na Europa e mostrando que o imobiliário permanece uma alternativa consistente para investir. Há, neste momento, grande apetência dos investidores pelo setor, que se apresenta como uma alternativa muito interessante aos investimentos tradicionais em ações e obrigações, sobretudo face à estabilidade associada. Por este motivo, o ambiente da feira foi muito agradável, com grande número de investidores presentes.
Qual o destino europeu de grande parte da liquidez?
A Alemanha, França e Reino Unido continuam a ser muito procurados, sendo mercados de elevada dimensão, e que têm visto a entrada de grande número de investidores oriundos de outras zonas do globo (EUA, Ásia e Médio Oriente). Movimento que faz com que os investidores tradicionais olhem para outros países, pois têm dificuldade em concorrer com estes fundos. Assim, sente-se um novo apetite por investimentos na Europa do Sul como alternativas interessantes aos mercados tradicionais, hoje muito caros.
Como é encarado o mercado português?
Durante a Expo Real, foi anunciada a conclusão do negócio de compra do edifício Báltico, no Parque das Nações, por parte do fundo alemão Deka Immobilien, por 43 milhões de euros. Este investimento em Portugal despertou o interesse de outros investidores, que procuraram perceber os contornos do negócio. Há, neste momento, grande número de investidores com vontade de entrar no mercado imobiliário português, pois acreditam que a Deka não compraria em Portugal se tal não fizesse sentido. São fundos com grandes áreas de research e, portanto, muito bem fundamentados.
Poderá assumir-se que Portugal está de volta aos radares dos investidores internacionais?
Nota-se claramente um aumento de confiança e o crescente interesse em Portugal. Os investidores internacionais encaram o País como uma alternativa com boas oportunidades de investimento. O interesse permanece em ativos prime, com algumas operações de investimento em perspetiva para o final do ano.
Cerca de 70% do volume total de investimento no primeiro semestre no País deveu-se sobretudo às transações no retalho. É uma situação local ou europeia?
Mais do que em áreas imobiliárias de investimento, o interesse dos investidores está muito focado em bons ativos, com boas localizações, bons inquilinos e bons contratos. Por coincidência, acontece que a transação do CascaiShopping teve um volume muito grande no contexto nacional, pelo que se trata de um fenómeno local pontual.
Que tipo de retorno procuram os investidores?
Como não tem havido muitas transações, não há comparáveis que permitam definir yields de mercado. Por isso, a principal pergunta dos investidores é com que yield se podem comprar bons edifícios em Portugal. As últimas transações/negociações apontam para yields brutas na ordem de 8,5% para ativos prime (boas localizações, bons edifícios, bons contratos). Temos percebido que, até agora, o gap entre valores pedidos e oferecidos era muito grande, com os compradores a exigirem cerca de 10% e os vendedores não disponíveis para vender acima de 7%. Hoje esta distância está reduzida, com vendedores e compradores a conseguirem entender-se entre os 8% e os 9%, pelo que esperamos que possam acontecer várias transações com rentabilidades desta ordem de grandeza.
Fonte: OJE
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