16 outubro 2013

Expo Real, luz ao fundo do túnel


O mercado imobiliário português apresentou-se na semana passada na Expo Real, em Munique (uma das duas feiras europeias mais importantes do setor) com uma grande bandeira decorrente da compra pela Deka Immobilien do edifício Báltico no Parque das Nações, arrendado na sua totalidade aos CTT.


Ao fim de quatro anos, os fundos de investimento imobiliário alemães, caracterizados pela sua aversão ao risco e pela preferência em realizarem operações core, voltaram a concretizar uma operação de compra no mercado português, a qual se consumou poucos dias antes do início da feira.

Os profissionais - entre os quais se encontram em grande percentagem os membros da ACAI - Associação de Empresas de Consultoria e Avaliação Imobiliária, que nos últimos anos procuraram manter Portugal no mapa das intenções de investimento, e que invariavelmente regressavam com um conjunto de intenções praticamente vazio - viram a sua resiliência premiada nesta edição, tendo deparado com uma estimulante disponibilidade e interesse em analisar operações no País.

Podemos afirmar com toda a segurança que há luz ao fundo do túnel e não é a do comboio, não querendo com isto dizer que iremos assistir nos próximos tempos a um florescimento de operações semelhantes à concluída pela Deka, por várias razões, das quais sublinho duas. A primeira prende-se com o facto de a maior parte dos investidores necessitar de tempo para a compreensão da realidade do nosso mercado, sem a qual, pelo nível de profissionalismo e sofisticação que os caracteriza, não realizam qualquer operação. A segunda, não menos importante, tem a ver com a escassez de operações que se enquadrem no seu perfil de investimento, que basicamente se resume a volumes superiores a 15/20 milhões de euros, em edifícios de escritórios preferencialmente novos e nas melhores localizações, com bons inquilinos vinculados por contratos de arrendamento nos quais exista um compromisso de permanência não inferior a cinco/sete anos e assistidos por garantias que se afigurem adequadas.

Vislumbrada a luz, com a certeza de que o túnel se presta a ficar para trás, colocam-se-nos algumas questões, às quais só a sabedoria do tempo responderá: durante quanto tempo vamos ter luz? Com que intensidade? Estará outro túnel em perspetiva?

Até lá, há que desfrutar a esperança que o momento nos traz, felicitando os profissionais que nos últimos anos, pelo seu trabalho consistente, profissional e sério não permitiram que Portugal caísse no esquecimento, com um particular destaque para os da ACAI.

Por Paulo Silva, Presidente da ACAI, Managing director da Aguirre Newman

Fonte: OJE

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