Uns jovens querem ser inquilinos e ter a liberdade da mobilidade; outros querem ser proprietários e ter uma base para viver. Na primeira pessoa, mostram as razões da sua opção.
O último estudo da DECO revela que comprar casa continua o ser mais vantajoso do que arrendar. Esta afirmação teve por base o caso prático de um T4 que estava tanto para compra como para aluguer. Localizado no Lumiar, em Lisboa, com 17 anos mas recentemente remodelado e com uma área útil de 120m2, estava a ser vendido por 210.000 euros e alugado por uma renda mensal de 1.000 euros.
Ao fim de 30 anos, os especialistas da DECO concluíram que gastaria menos 106.992 euros se comprasse o apartamento com um crédito com uma taxa variável e menos 69.785 euros com uma taxa fixa. Mas numa compra de imóvel não se pode esquecer que é preciso pagar impostos, registo, comissões bancárias, seguros da casa e de vida, pagamento das quotas do condomínio, fazer obras...
Além disso, atualmente, a esmagadora maioria dos bancos não concedem empréstimos pelo valor total de compra ou avaliação, por isso é necessário algumas economias feitas previamente. A crise e os entraves bancários vieram dificultar a venda de imóveis, por isso mesmo, o preço das casas baixou e para "quem tem poupanças ou uma boa relação com o banco, compensa comprar", explica o estudo. Apesar de se estarem a desenvolver esforços no sentido de dinamizar o mercado de arrendamento, a realidade é que o valor das rendas continua a ser superior às prestações do crédito à habitação.
Mas será que todos os jovens querem e podem ser senhorios? Será que os jovens querem estar presos a uma casa durante 30 anos e a todas as responsabilidades que isso acarreta? O arrendamento permite aos jovens uma maior liberdade e mobilidade: mudar de casa caso não estejam satisfeitos com a atual, ou porque encontraram outra igual com renda mais baixa ou na localização desejada; permite aceitar um trabalho em outra região do País ou no estrangeiro pois basta só avisar previamente o senhorio da sua mudança; mudar porque o agregado familiar aumentou; para uma casa mais acessível em caso de desemprego ou divórcio; etc.
Na realidade os jovens arrendatários só têm de se preocupar com dois elementos: dar duas rendas de caução inicial e pagar a renda mensal acordada. Além disso, existem programas de incentivo ao arrendamento jovem, como é o caso do Programa Porta 65 Jovem, promovido pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana. Neste programa é atribuída uma percentagem do valor da renda como subvenção mensal, cujo apoio financeiro é pago por 12 vezes, podendo os jovens usufruir até ao máximo de 36 meses consecutivos ou interpolados. Anda que, recentemente a ministra Assunção Cristas tenha vindo o público afirmar que este programa está «descaraterizado e com pouca capacidade paro atingir os objetivos» traçados e que deverá ser reformulado.
Associado a este programa está também o Arrendamento Convencionado Jovem desenvolvi-do pela Câmara municipal de Lisboa. Trata-se de uma bolsa de fogos municipais devolutos em médio ou bom estado de conservação que são colocados no mercado de arrendamento acessível (com valores inferiores até 30% aos praticados no mercado) e sempre compatíveis com os limites máximos definidos pelo Governo paro o apoio ao arrendamento jovem.
Um T2 para lá morar dado a atual conjuntura o cenário da compra, venda e aluguer de imóveis para os jovens pode mudar a qualquer hora, minuto, segundo. Independentemente do que os especialistas possam defender, se é melhor comprar ou alugar casa, essa decisão depende sempre das condições económicas e sociais de cada pessoa. A decisão cabe aos jovens. Por isso mesmo, fomos ouvir um casal e um jovem, inquilinos e proprietário de um T2, paro perceber as razões que levaram uns a alugar e outro a comprar casa. Helena Orge e Tiago Lobato, ambos a viver num T2 alugado em Lisboa, aos 30 anos dizem: "não nos imaginamos a viver em outro lugar, sempre vivemos em Lisboa. Quando questionados sobre a preferência pelo aluguer em detrimento da compra de habitação, Tiago enfatiza a ideia de que "neste momento, não temos a capacidade para contrair empréstimos bancários para a aquisição de imóvel próprio, devido à actual conjuntura.
Para Helena foi também determinante a "localização e a proximidade com a família", já que o apartamento situa-se na Baixa de Lisboa, freguesia da Sé, a paredes meias com os seus pais. Morar na mesma casa onde habitou a sua avó traz também consigo "um apego emocional" à casa, ainda que seja um imóvel com cerca de 80 anos. Pagar apenas "243 euros de renda mensal e viver no coração de Lisboa, foi igualmente um fator determinante para optar por alugar caso na capital", explica Tiago. Aliás, "pagar esta renda numa casa bem estimada é um verdadeiro achado!".
Já Miguel Costa, por pressão da família, comprou casa. "Os meus pais diziam-me que não valia a peno alugar casa, porque as rendas eram mais caras e porque quando o apartamento tivesse problemas era eu que os tinha de resolver porque os senhorios não fazem obras". Miguel acabou por comprar um T2 em Algés, perto do Estádio do jamor. "Eu só tenho 23 anos, o máximo que vou levar para o apartamento são roupas, o pc, psp e a minha raquete de ténis, para mim bastava-me um T1, mas os meus pais disseram-me para pensar no futuro porque um dia podia juntar-me a alguém e como o estado do país não está nada bem mais valia prevenir", na realidade pensa que "o quarto extra pode servir para algum amigo meu que queira aqui dormir ou se calhar até vou alugar o meu "sofá" a turistas estrangeiros (couchsurfing), as possibilidades são muitas..." Esta compra só foi possível "porque os meus pais fizeram-me uma conta-poupança ao longo da minha vida". neste momento, Miguel trabalha a tempo inteiro numa empresa de informática e tem um part-time num call center, o que lhe dá "algum conforto monetário" e a possibilidade de pagar uma renda ao banco de 450 euros.
Fonte: Magazine Imobiliário
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