Os portugueses representam atualmente cerca de 50% dos clientes de imóveis de luxo dos grupos imobiliários.
O interesse crescente dos estrangeiros nos imóveis de luxo em Portugal está a levar os portugueses com capacidade financeira a voltarem em força ao mercado imobiliário. A perceção de que os preços das casas já caíram o que tinham de cair - em alguns casos até 40% - e o receio de perderem boas oportunidades devido à procura por parte dos estrangeiros (cada vez mais motivados pelo visto gold ou as benesses fiscais para os pensionistas), são fatores decisivos para a aquisição de casa por parte destes portugueses que estão a comprar para habitar ou para rentabilizar.
Para os três grupos imobiliários contactados pelo Expresso - ERA, Remax e Engel & Völkers -, os clientes nacionais representam já 50% das vendas de casas acima dos €500.000. Este bom desempenho está expresso nos números de janeiro a setembro, sendo que em outubro se verificou um disparo na venda destes imóveis, embora não haja números fechados.
Até setembro, a Remax Portugal vendeu 251 imóveis de luxo, ao ritmo de uma casa por dia. "São moradias, apartamentos e quintas em diferentes zonas do país e que pertencem à nossa Remax Collection, o que significa que custam acima do meio milhão de euros. Comparando os primeiros nove meses deste ano com o mesmo período de 2012, foi um crescimento de 100%, o que é muito bom", diz Beatriz Rubio, CEO da Remax Portugal.
Metade destes imóveis de luxo da Remax Collection foram vendidos a portugueses e na metade absorvida pelos estrangeiros destacam-se os chineses, os holandeses e os suecos, estes últimos cada vez mais interessados no estatuto de residente não habitual devido à isenção de IRS nas pensões.
Só Lapa sobe os preços
Apesar dos bons resultados, Beatriz Rubio acredita que o mercado ainda não entrou em retoma económica. “Mas os preços já estabilizaram. Excetuando Chiado e Lapa (que até valorizou) todas as outras zonas baixaram os preços. Fosse na Penha Longa, na Quinta Patino ou na Quinta da Marinha. Eu diria que o mercado de luxo desceu entre os 30% e 40%, acrescenta a CEO da Remax.
Nas lojas da Engel & Völkers de Lisboa e Cascais, o ritmo de vendas decorre também a bom ritmo. Em cada duas semanas, é vendida uma casa de luxo, com valores médios a variar entre os €800.000 e os dois milhões de euros. Nestes nove meses, as duas lojas transacionaram imóveis no valor de €25 milhões.
Manuel Neto, que dirige ambas as lojas, confirma que os compradores portugueses estão mais ativos: "São clientes com os quais já trabalhávamos há algum tempo, que tinham interesse em determinadas propriedades. Muitas já estão a ser vendidas a estrangeiros, por isso os clientes portugueses sabem que têm de decidir agora", sublinha Manuel Neto.
Miguel Poisson, diretor-geral da ERA Portugal, diz mesmo que as pessoas "já perceberam que esta é a melhor altura dos últimos 15 anos para comprar casa (sobretudo para quem não necessita recorrer a financiamento)".
As tendências de mercado apontam para um crescente interesse pelo investimento imobiliário, como alternativa a outras formas de investimento. "Temos clientes que estão a afastar-se dos investimentos em ações (os mercados bolsistas têm implícito um risco elevado, sobretudo no curto prazo) e a recorrerem ao investimento no 'betão', ou seja, em imóveis onde podem ter rentabilidades na ordem dos 6%, 8% ou 10%".
No mercado do luxo, a ERA conta com urna oferta de 2000 casas e apartamentos entre os €500.000 e os €1.500.000 e ainda uma centena de imóveis com valores acima dos €1,5 milhões.
"No caso de Lisboa podemos afirmar que 50% são portugueses e os outros 50% são estrangeiros, das mais diversas nacionalidades. Hoje em dia, clientes de Angola, Brasil ou China têm poder financeiro e alguns empresários desses países, com interesses em Portugal, começam a fazer investimentos muito significativos", diz Miguel Poisson.
No caso do Porto, adianta este responsável, para além dos clientes nacionais, destacam-se os brasileiros, franceses e ingleses. Já no Algarve, o consumidor estrangeiro é sobretudo oriundo da Alemanha, Bélgica e França, começando a aparecer russos e angolanos, "sobretudo na zona da Quinta do Lago".
Fonte: Expresso
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