12 janeiro 2014

Comprar casa vai ser mais difícil e ainda mais caro


O novo ano deverá trazer mais dificuldades às famílias com crédito à habitação, já que se prevê um pequeno agravamento dos juros. 
Mas será, sobretudo, mais caro para quem quiser contrair um novo empréstimo: as garantias exigidas pelos bancos são maiores e raramente asseguram a totalidade do valor da casa, dificultando a vida a quem não tem poupanças para adiantar. E os spreads vão agravar-se mais.


Os analistas contactados lembram que o maior problema está no pouco interesse dos bancos em emprestar dinheiro para a compra de casa. “Vão manter as margens de lucro altas e continuar a apertar as garantias pedidas às famílias”. Além disso, lembra Filipe Garcia, analista da Informação em Mercados Financeiros (IMF), “não vão financiar mais de 70% do total da avaliação e, em alguns casos pedir às famílias que paguem 30% do custo do imóvel é muito elevado”. Na prática, para uma casa avaliada em 200 mil euros, o sinal pedido à família seria de 60 mil euros, um valor “proibitivo” para muitos portugueses. 

Para que 2014 fosse mais animador, seria preciso que os bancos aliviassem as condições pedidas às famílias, incentivando a procura para este tipo de financiamento. Mas as instituições financeiras, a braços com problemas de liquidez e com uma carteira de crédito malparado que não para de aumentar, têm cortado no crédito, contrabalançando as taxas de juro baixas com spreads cada vez mais altos.

Para quem já está a pagar um empréstimo à habitação, as notícias são um menos pessimistas. As taxas Euribor tocaram mínimos em 2013, e mesmo que assumam uma trajectória de subida esta será muito ligeira . “Não voltaremos a ver uma taxa Euribor abaixo da taxa diretora (0,25%), como aconteceu em 2013, mas acredito que a subida seja muito ténue”, refere Filipe Garcia. Um outro analista garante que “não deverão chegar a ultrapassar a barreira de 0,5%”. 

De facto, as taxas Euribor, que servem de referência aos empréstimos, estão ao nível mais baixo dos últimos anos. Em 2013, a média da taxa a três meses (a mais utilizada nos créditos à habitação) fixou-se em 0,22%. Um valor “anormalmente baixo”, como refere o especialista, e que contrasta com a taxa média observada um ano antes, 0,57%. Mas, tendo em conta que houve uma ligeira subida das Euribor nos últimos dias de dezembro, quem fizer a revisão do seu contrato em janeiro pode ver a fatura da sua prestação mensal a crescer ligeiramente. 

Filipe Garcia alerta que esta deverá ser uma situação isolada, já que “a subida mais acentuada nos últimos dias de dezembro deverá ter sido um movimento normal de fim de ano. Em 2014, o Banco Central Europeu deverá manter a taxa de referência no mínimo [histórico] e por isso as taxas vão manter-se relativamente baixas” para as famílias. 

De acordo com as contas da Deco, no caso de uma família com um empréstimo à habitação no valor de 150 mil euros a 30 anos indexado à Euribor a seis meses e um spread (margem de lucro do banco) de 1%, o aumento rondará os 3,56 euros face ao negociado em julho, para um total de 508,45 euros. No mesmo caso, mas indexada à Euribor a três meses, a prestação a pagar em janeiro salta para os 501,57 euros, ou seja mais 3,59 euros do que na última revisão feita em outubro.

“Se olharmos unicamente para a Euribor, o impacto será reduzido nos orçamentos, agora não nos podemos esquecer que as famílias portuguesas vêm de anos muito complicados, com reduções muito significativas a nível salarial e com desemprego”, lembra Natália Nunes, do gabinete do sobreendividado da Deco. Ao crédito da casa “juntam-se os aumentos na eletricidade ou gás”, nos transportes e uma série de novas medidas de austeridade. Comprar casa vai ser ainda mais difícil.

Fonte: Dinheiro Vivo

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