12 fevereiro 2014

Portugal tem que continuar reformas para atrair investidores de longo-prazo


Portugal tem que continuar reformas para atrair investidores de longo-prazo
A ideia é defendida por Gilberto Jordan, CEO do Grupo André Jordan, que foi convidado a intervir numa das mais importantes conferências sobre imobiliário na Europa.
Em entrevista a propósito da sua participação numa das mais importantes conferências europeias sobre imobiliário, Gilberto Jordan, responsável pelos destinos do Grupo André Jordan, afirma não ter qualquer dúvida de que “Portugal voltou a recuperar a sua respeitabilidade” nos mercados internacionais e que esta está mesmo a “níveis muito mais altos”. Aliás, “o grau de ajuste (do país) é reconhecido” e o “sinal mais visível é a remuneração exigida para a dívida pública”. 

Esta é uma realidade também patente no investimento imobiliário, que “voltou a merecer a confiança dos consumidores e desperta, de forma crescente, o interesse de investidores estrangeiros”, sublinha Gilberto Jordan, para quem é claro que os países da Europa do Sul voltaram a ser considerados por estes investidores como destino de investimento, sendo que “Espanha e Itália colhem as preferências, e Portugal e Grécia se seguem na escala de interesse”. 

Para Portugal, a materialização destes investimento está, na sua opinião, dependente da continuação das reformas, especialmente se o país pretender atrair investidores de médio e longo-prazo. “O nosso país tem de continuar no caminho das reformas para que não nos chegue somente o dinheiro de curto prazo, mas para que a confiança chegue também aos investidores de médio e longo prazo”, os quais consideram investimentos com objetivos de 10 e 20 anos. Para Gilberto Jordan, estes são os investimentos “com volume, sustentáveis, estruturantes e transformadores do tecido urbano e de uma oferta muito mais vasta”. Mas, na sua perspetiva, “muitas reformas faltam ainda fazer para que a economia nacional possa consolidar a sua capacidade de iniciativa, de produção e de exportação”.

Gilberto Jordan foi convidado pelo ULI – Urban Land Institute, uma entidade internacional sem fins lucrativos com mais de 30.000 membros e cuja missão é promover a liderança para o uso responsável do solo e para a criação de comunidades fortes e sustentáveis, para debater o atual estado dos países da Europa do Sul. O responsável do Grupo André Jordan explicou a situação em Portugal em vésperas da conclusão do programa de ajustamento, num painel integrado na conferência anual europeia do ULI, que teve lugar a 5 de fevereiro em Paris e que reuniu cerca de 570 líderes do sector imobiliário a nível mundial.

Mercado já sente viragem no sentido positivo

Em relação ao mercado imobiliário português, Gilberto Jordan considera que os primeiros sinais positivos já estão aí. “No segundo semestre de 2013 começou já delinear-se uma estabilização e uma ligeira viragem no sentido positivo” e em relação a este ano, “os primeiros indícios vão na mesma direção e com um reforço de atividade”, com um aumento, “entre modesto e razoável”, das transações de compra a venda e uma estabilização no volume dos contratos de arrendamento, nota o CEO do Grupo André Jordan.

Contudo, o mercado parte agora de um ponto resultante de uma contração extremamente severa. Com uma contração acumulada do PIB de quase 10% desde início da crise, com especial incidência no consumo doméstico, o setor imobiliário e o da construção foram fortemente penalizados, sofrendo “um ajuste muito severo”. “A construção tem hoje um peso de menos de metade, o volume de fogos licenciados é 10 vezes do que aquele que existia no virar do século e crédito à habitação concedido em 2013 foi também 10 vezes menos do que em 2007. Face a esta brutal realidade, parece que se tenha chegado a um ponto de viragem positivo”, sublinha.

A profissionalização e qualidade do setor imobiliário conseguidas nos últimos anos são, para Gilberto Jordan, cruciais para sustentar a “retoma do mercado de forma profissional e duradoura”. “A profissionalização do setor imobiliário, a aquisição de competências e valências, a diversidade de produtos e segmentos e a sofisticação de determinada oferta, foi enorme ao longo dos últimos 20 anos”, explica, notando que “os bons profissionais serão os agentes do crescimento de forma saudável, credível e com qualidade”.

A economia das cidades, a reabilitação urbana e o turismo residencial são identificados como os segmentos de futuro para o mercado e, na opinião do Gilberto Jordan, mais do que isso, “são pedras basilares de qualquer economia e sociedade”.

No que concerne o Turismo Residencial, Gilberto Jordan considera que Portugal possui vantagens competitivas “ímpares” e que não podem ser desperdiçadas”. Já em relação às cidades, o empresário relembra que “há milénios que o ser humano se agrega em urbes e quanto melhor o faz, mais rico será esse espaço, essa região ou esse país. Temos atualmente uma taxa de urbanização de 50% a nível mundial, a qual está a acelerar. Não é um fenómeno que vá ter alterações e a sua direção é clara”, remata.

Lisboa ULI e PwC apresentam Emerging Trends in Real Estate

O ULI e a PwC vão apresentar no próximo dia 27 de fevereiro em Lisboa a edição de 2014 do estudo internacional anual “Emerging Trends in Real Estate”, o qual integra as principais tendências para o setor imobiliário na Europa. Nesta nova edição, o estudo dá nota de que a indústria imobiliária europeia parece estar mais confiante nas perspetivas futuras e na capacidade para melhorar os proveitos. Este estudo é publicado desde 2003 pelas duas entidades, disponibilizando uma perspetiva sobre as tendências do investimento e de promoção imobiliária na Europa, além de detalhar as tendências por segmento e por área geográfica. Baseia-se na opinião de mais de 500 profissionais imobiliários internacionais, incluindo investidores, promotores, proprietários, agentes e consultores.

Fonte: Público

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