17 fevereiro 2014

Reabilitação. Regressar à terra com um hotel de luxo


Reabilitação. Regressar à terra com um hotel de luxo
Em Monforte, no Alto Alentejo, o presidente da farmacêutica Bluepharma está a avançar com um projeto turístico de €6 milhões que envolve a recuperação de uma herdade agrícola. O seu winw hotel Torre de Palma vai abrir a 2 de abril.

Abrir um hotel era um sonho antigo de Paulo Barradas Rebelo, presidente-executivo e fundador da Bluepharma, e da sua mulher, Ana Isabel. O dique deu-se há seis anos, quando tomaram a decisão de vida de adquirir a herdade Torre de Palma, em Monforte, com o objetivo de fazer "um hotel de cinco estrelas como não existe em toda a região do Alto Alentejo, que não está desenvolvida em termos turísticos". 

Em obra há dois anos, o Hotel Torre de Palma vai abrir a 2 de abril com 19 quartos/suite, spa e equipado para eventos empresariais. Será um wine hotel, projeto assinado pelo arquiteto João Mendes Ribeiro e com decoração de Rosarinho Gabriel, inserindo-se numa herdade agrícola que foi recuperada e vai ter produção de vinho, azeite ou cavalo lusitano. Com preços na casa dos €200 por dia (o que inclui experiências na região, como visita às ruínas romanas perto do hotel, passeios pedestres ou de jipe), o projeto de Paulo e Isabel Rebelo propõe-se trazer àquele local isolado, junto à fronteira espanhola, turistas do norte da Europa e até de países mais longínquos, como o Brasil.

"Somos gente de projeto, acreditamos no potencial da terra e do turismo", garante Paulo Rebelo. "Isto ainda é um Portugal desconhecido. Mas é o que o novo turista procura: o natural, o genuíno, que não é um resort superluxuoso. Estamos otimistas até pela proximidade com Elvas. A cidade está agora a ser descoberta e foi considerada pela 'National Geographic' um destino a não perder em 2014".

Herdade agrícola dá origem a marca de produtos regionais

Recriar a história da Torre de Palma, cujas terras pertenceram ao rei D. Dinis e à rainha Santa Isabel - e que foi ocupada com a revolução de 25 de abril - é a base do projeto turístico. O antigo celeiro da herdade acolhe agora um Spa e alguns quartos do hotel, as casas dos ganhões (trabalhadores que vinham para as colheitas) foram transformadas em suites, e até a casa do ferreiro com o forno onde se ferravam os cavalos deu lugar a um quarto. No barracão da propriedade vai funcionar o restaurante e o lagar está a ser transformado em adega. Este será o ano zero do vinho Torre de Palma, cujo enólogo é Luís Duarte, que lançou o Esporão. 

"A adega vai ser o nosso ex-líbris, mas é a parte que está mais atrasada", refere Paulo Rebelo, frisando a ligação do hotel à produção agrícola da herdade com 15 hectares, que foi recuperada e vai dar origem a uma marca de artigos regionais, a lançar também em abril. Envolvendo parcerias com produtores locais, a marca Torre de Palma vai incluir vinho, azeite, enchidos, compotas, mel, queijo ou o "fabuloso pão" feito no tradicional forno comunitário da herdade, com capacidade para cozer 70 pães de quilo por hora. 

"A Torre de Palma é um projeto integrado no Alentejo, o chefe de cozinha e a equipa são pessoas da aldeia" faz notar Paulo Rebelo, referindo a preocupação de "utilizar materiais da região sempre que possível, toda a pedra aqui utilizada é mármore de Estremoz". 

A produção de cavalo lusitano também é uma aposta do presidente da Bluepharma, na perspetiva de lançar um raide Torre de Palma no próximo mês de novembro, que se repetirá em fevereiro de 2015 já com um âmbito internacional e com a mira nos mercados árabes. A viver em Coimbra, onde fica a sede da empresa farmacêutica que preside e de que é sócio-fundador, Paulo Rebelo enfatiza as raízes alentejanas que o levaram a lançar-se no projeto em Monforte, a par do entusiasmo da sua mulher. "Eu sou daqui, de Santa Eulália, e tínhamos gosto em ter um espaço no Alentejo", adianta. Pesou o facto de "isto estar em ruínas, ser um património abandonado a merecer que alguém olhasse por ele, sobretudo no momento que o país atravessa". Segundo Isabel, a beleza do pôr do sol no local foi determinante na decisão. "Andámos a ver propriedades, e vimos muitas. Mas quando chegámos aqui e subimos ao cimo da torre, ficámos completamente apaixonados", conta. "Esta é uma zona de energias positivas. Fica no meio do nada, mas o seu potencial é enorme".

A Torre de Palma também é um projeto de vida de Paulo e Isabel Rebelo, que vão passar a dividir-se entre Coimbra e Monforte. Ambos são farmacêuticos e ligados à Bluepharma, mas Isabel tirou entretanto um curso de gestão hoteleira e já se organizou de forma a estar mais tempo no Alentejo. Cultura, arqueologia, astronomia ou birdwatching são vertentes que quer aqui desenvolver. "Desde miúda que queria ser governante de um hotel", confessa. 

O projeto Torre de Monforte envolve investimentos globais de €6 milhões, dos quais €3 milhões só no hotel, comparticipados com apoios ao abrigo do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), Turismo de Portugal e InovAlentejo. Paulo Rebelo acredita no break even (ponto de equilíbrio) dentro de três anos, para o projeto poder dar retorno num prazo de dez anos. 

Rentabilizar um hotel com apenas 19 quartos, e 15 pessoas a trabalhar a tempo inteiro, não é um desafio? "As coisas fáceis não têm piada", considera Paulo Rebelo, garantindo ter os pés bem assentes na terra. "Inovar é fazer diferente, envolve sempre risco, mas o farmacêutico é um empreendedor por natureza", frisa o líder da Bluepharma, empresa que fechou 2013 com um volume de negócios de €40 milhões, exportando 86% da sua produção de medicamentos. Uma componente internacional que Paulo Rebelo também quer trazer ao Hotel Torre de Palma. 

"Isto é um hóbi de trabalho", salienta. "Somos pessoas naturalmente positivas, acreditamos no potencial do Alto Alentejo. Queremos que quem nos visitar fique tão apaixonado como nós".

Fonte: Expresso

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.