09 fevereiro 2014

Visto gold originou três vagas de chineses


Visto gold originou três vagas de chineses
A criação do visto gold, implícita no despacho nº 11820-A/2012 dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna vem, na sequência da Lei n° 23/2007, de 4 de julho, definir as condições para a aplicação do regime especial de autorização de residência para atividade de investimento em território nacional, as quais apresentam os seguintes requisitos mínimos quantitativos: a transferência de capitais no montante igual ou superior a um milhão de euros; a criação de, pelo menos, 30 postos de trabalho; ou, a aquisição de bens imóveis de valor igual ou superior a €500 mil. 


Desde a publicação do despacho - que produziu efeitos a partir de 8 de outubro de 2012 -, foram identificados os seguintes marcos: o primeiro visto foi simbolicamente atribuído, em Nova Deli, a 5 de março de 2013 pelo então ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros a um investidor indiano, que anunciava a intenção de investir na área do turismo na região do Algarve, prevendo a criação de pelo menos 600 postos de trabalho; em finais de 2013, menos de um ano após a atribuição do primeiro visto gold, uma fonte do gabinete do vice-primeiro-ministro apontava para 471 beneficiários, os quais geraram um volume de investimento de €307 milhões; e, no início de 20114 o ministro dos Neg6cios Estrangeiros, anunciou que o nas primeiras três semanas do ano haviam sido concedidas 49 autorizações correspondentes a mais de €27 milhões de investimento direto. 

Dos cerca de €307 milhões investidos no visto gold, €272 milhões foram canalizados para investimento imobiliário, pelo que o simbolismo conferido na atribuição do primeiro visto dourado assente na criação de postos de trabalho, não constituiu um exemplo para os investimentos que se lhe seguiram.

A terceira vaga é representada por investidores institucionais que estão a diversificar o investimento 

Destas 471 autorizações, 399 (84%) tiveram como beneficiários cidadãos da China. O investimento chinês em imobiliário tem vindo a ser um elemento dinamizador extremamente importante para as zonas e segmentos do mercado imobiliário onde se têm feito sentir. 

Para enquadrarmos a importância destes volumes de investimento em imobiliário, convém referir que estes números ultrapassam o registo do investimento imobiliário institucional em Portugal nos anos de 2011 e 2012, que ascenderam a €224 milhões e €274 milhões, respetivamente. 

O investimento em imobiliário com origem na China pode ser caracterizado por três vagas. A primeira consiste nas compras de investidores particulares que, pelas mais diferentes motivações, procuram beneficiar das vantagens que os vistos portugueses lhes ofereciam. 

O interesse súbito dos particulares em Portugal rapidamente fez despertar a atenção de outros investidores chineses (a segunda vaga) com mais músculo financeiro e que encontraram no interesse dos seus compatriotas uma oportunidade de negócio através de compras em quantidades ou em projetos que lhes confiram a oportunidade de, na revenda e/ou promoção, terem os ganhos marginais que perseguem e para o que apresentam uma vantagem competitiva muito significativa resultante da partilha da mesma origem e do conhecimento da cultura e da preferência dos investidores particulares chineses.

Por sua vez, a terceira vaga, é representada por investidores institucionais que dentro da estratégia de expansão internacional procuram identificar em Portugal boas oportunidades que se encaixem nas suas intenções de investimento.

Se da primeira vaga os números do gabinete do vice-primeiro ministro nos fornecem uma clara leitura da sua expressão e importância, a segunda, não menos importante sobretudo pelo seu efeito multiplicador, já não é tão visível. 

Enquadra-se neste perfil um conjunto de investimentos em ativos imobiliários destinados à promoção realizados por investidores chineses em operações de investimento desenvolvidas e acompanhadas pela Aguirre Newman e que se traduziram na compra para promoção de um conjunto de edifícios envolvendo volumes de investimento na sua aquisição e respetiva reabilitação na vizinhança dos 25-30 milhões de euros.

Da terceira vaga ainda não há. visibilidade de operações concluídas, mas o aturado trabalho de campo que tem vindo a ser desenvolvido faz-nos acreditar que brevemente iremos assistir ao anúncio de operações desenvolvidas por este perfil de investidores institucionais.

Importa sublinhar a importância que estes investimentos imobiliários representam para Portugal ao permitirem o escoamento de um stock acumulado de ativos imobiliários acabados para venda que na sua ausência iria tardar anos a verificar-se, reduzindo nessa medida o endividamento, ou aumentando a liquidez, dos seus proprietários. Mas não só: os vistos gold estão também a permitir a venda de outros ativos para promoção, com os benefícios decorrentes do efeito dinamizador da atividade de promoção imobiliária na economia. 

Por Paulo Silva, Diretor-geral da Aguirre Newman Portugal

Fonte: Expresso

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