20 março 2014

A terceira vaga de investimento na Europa


O relatório Emerging Trends 2014, elaborado conjuntamente pela ULI (Urban Land Institute) e a PwC, apresentado publicamente em Lisboa no passado dia 27 de Fevereiro, contém informação muito interessante e valiosa, merecedora de cuidadosa análise. Gostaria de destacar dois ou três pontos que, quando analisados em conjunto, nos permitem reflectir sobre o mercado português e a sua relação com os investidores.

Em primeiro lugar, e como pano de fundo do mercado de investimento imobiliário na Europa, temos o surgimento de uma uma nova realidade, representada pela dicotomia "Safety first" convivendo com "Risk on". Tal pode, pois, traduzir-se que temos um mercado que continua a priveligiar a segurança no investimento, mas, simultâneamente, regista investimentos em cidades consideradas proscritas há apenas um ano atrás. São o caso de Dublin e Madrid, que saltam do fim de uma tabela de 28 cidades europeias, para 1º e 10º lugar respetivamente, em termos de interesse para novos investimentos. Porém, a cidade de Lisboa não acompanha este movimento e continua a manter-se na 27ª posição.

O relatório permite-nos perceber quais são as principais razões do que se está a passar. A chave principal é a persistência de volumes muito elevados de capitais, provenientes na sua maioria da Ásia, Médio-Oriente e EUA, que procuram oportunidades de investimento na Europa. Numa primeira fase, Londres, Paris, Frankfurt e Munich possibilitaram a realização de investimentos com baixo risco e retorno aceitável, mas progressivamente as oportunidades foram escasseando e as rentabilidades esmagadas. Surge então uma segunda vaga, procurando retornos mais atrativos e, em contrapartida, disponível para maior risco. É aqui que surge primeiro Dublin e, agora, a partir do 4º trimestre de 2013, entra em cena Madrid como novo alvo de investimentos.

A opinião expressa pelos investidores relativamente a Lisboa como destino de investimento melhorou e faz crer que é possível, já no decurso de 2014, que alguns dos investidores ativos em Madrid também passem a considerar Lisboa como mercado de investimento. Tal corresponderia a uma terceira vaga deste movimento expansionista do investimento para cidades mais periféricas. Mas para que tal suceda, parece também claro, que os investidores querem antes ver de que forma Portugal sairá do seu plano de resgate a meados do corrente ano.

Fonte: Ci

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