Representante das mediadoras imobiliárias defende descida de 40% nas rendas.
Há mais casas para arrendar e mais gente a procurar casa para arrendar. As rendas estão mais baixas que há alguns anos e o mercado está "dinâmico", como refere Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), que sublinha no entanto que não está "com o dinamismo que se esperaria" com a entrada em vigor da nova lei.
Ricardo Guimarães, diretor geral da Confidencial Imobiliário (Ci), a mais reconhecida empresa de estudos de mercado na área do imobiliário, explica como o mercado passou a ter mais oferta e mais procura: "os proprietários que não conseguiam vender as suas casas tiveram de as por no mercado para arrendar; as famílias que não conseguem aceder ao crédito tiveram que arrendar casa". Por outro lado, enquanto há alguns anos apenas os mercados dos centros urbanos de Lisboa e do Porto funcionavam, o mercado "dispersou-se" para a periferia. "Houve uma democratização do arrendamento", refere Ricardo Guimarães.
Uma democratização que, a juntar ao rendimento disponível das famílias, terá contribuído para a baixa de preços (que recuperaram ligeiramente no último trimestre de 2013, de acordo com dados da Ci.
Em número de casas vendidas ou arrendadas, os intervenientes no mercado afirmam que hoje os negócios têm peso idêntico. De facto, as mediadoras imobiliárias confirmam a tendência, apesar de, no que respeita ao de volume de negócios, ainda haver uma diferença maior.
Para Luís Lima, o dinamismo só aumentará se o valor das rendas praticadas for revisto "para valores competitivos face aos de uma prestação bancária de crédito habitação", defendendo uma descida na ordem dos 30% a 40%. Uma Ideia com que Ricardo Guimarães não concorda: "a queda das rendas e a esperança que o mercado de compra e venda recupere já levou alguns proprietários a adiar a colocação dos seus imóveis no mercado de arrendamento. Se os valores baixarem mais, haverá mais proprietários em dificuldades". Outra das questões que poderia ajudar a dinamizar o mercado seria a tributação de forma "mais justa". Luís Lima lembra que, por serem tributados em sede de IRS ou por via da taxa liberatória, os proprietários acabam por ter uma dupla tributação aquando do pagamento do IML
O presidente da APEMIP constata, a propósito das várias questões que deveriam ser "ajustadas e discutidas", o facto do debate estar a ser "aglutinado" pela questão da liberalização das rendas antigas. "A pretensão é naturalmente compreensível, mas tem um papel secundário quando o principal objetivo é a dinamização e promoção de um mercado de arrendamento a funcionar naturalmente, de forma transparente, e trazendo benefícios para todos os agentes que nele atua", defende o responsável, que acredita que "o mercado de arrendamento urbano tem um grande potencial". "Nos próximos tempos, a tendência deverá ser para que a procura pelo arrendamento aumente face ao mercado de compra e venda". Urna evolução que, para Ricardo Guimarães, dependerá do rendimento disponível das famílias.
O director geral da Ci explica ainda que "ainda não se chegou a fase em que os investidores entram no mercado e o dinamizam". "Para investirem, é preciso que haver segurança", conclui.
Fonte: Diário Económico
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