05 março 2014

Investidores voltam a querer comprar imóveis nos países em recuperação


Irlanda e Espanha voltaram ao radar do investidores imobiliários, à medida que a competição nos mercados prime da Europa aumenta. Portugal está ainda sob observação.
A conclusão é do estudo anual “Emerging Trends in Real Estate Europe”, edição 2014, conduzido pela Urban Land Institute e pela PwC, e que foi apresentado em Lisboa na passada quinta-feira, 27 de fevereiro. Baseado na opinião de cerca de 500 profissionais da área imobiliária, o documento conclui que a maior concorrência para a compra de ativos prime nos principais mercados europeus está a levar a que os investidores se virem para mercados alternativos, mesmo com um aumento de risco, incluindo cidades de segunda linha, imobiliário secundário e mercados europeus em recuperação. “Os investidores terão que olhar para outras oportunidades e aceitar mais risco”, explica Simon Hardwick, real estate partner na PwC Legal.

Irlanda e Espanha voltam, face a esta realidade, ao radar dos investidores internacionais. “ O ressurgimento do investimento na Irlanda e ver até que ponto evolui o mercado imobiliário em Espanha, serão dois fatores chave em 2014”, refere por seu turno Joe Montgomery, chief executive da ULI Europe. “O apetite dos investidores em Dublin tem vindo a crescer ao longo dos últimos doze meses, com um volume significativo de capital estrangeiro a selecionar os melhores ativos”, diz ainda este responsável. Dublin é mesmo considerado como o segundo melhor mercado para investir, subindo 18 posições em relação ao ranking do ano passado. A cidade integra a lista dos cinco mercados que deverão liderar o investimento imobiliário na Europa em 2014, uma lista que é ainda integrada por três cidades alemãs (Munique, na primeira posição; Hamburgo e Berlim) e Londres. Dublin é agora um alvo quer para investidores domésticos quer para internacionais, destacando-se pelo seu nível de preços e pelas boas perspetivas para a evolução da economia, com cerca de 51% dos inquiridos a afirmar que vêm agora boas oportunidades para a compra de imóveis na Irlanda.

Já em relação a Espanha, Joe Montgomery sublinha que “o interesse dos investidores começa a dirigir-se” para este país, no qual existem sinais de que os investidores oportunísticos, que entraram no país no ano passado quando a Sareb abriu ao mercado, estão a começar a ser seguidos por investidores institucionais de referência”. De acordo com o estudo, Barcelona e Madrid são os mercados mais dinâmicos de Espanha, como seria de esperar, e prevê-se que o mercado continue a ser animado por estes investidores oportunísticos, em resposta à colocação de mais produto imobiliário em venda pela Sareb, o bad bank espanhol. Mas os investidores institucionais mais tradicionais também já estão atentos. Para já, 67% dos profissionais inquiridos acredita que o mercado aqui ao lado oferece boas oportunidades para quem deseja comprar imobiliário, sendo o negócio da aquisição do Parque Principado, em Oviedo, por 162 milhões de euros pela Intu e pela Canadian Pension Plan Investment Board, considerado um bom indicador do interesse. “Contudo, e uma vez que persistem evidências limitadas em relação à procura de espaços e ao crescimento das rendas, mantém-se a dúvida de até que ponto pode a recuperação deste mercado avançar”, diz ainda Joe Montgomery.

Além disso, “alguns investidores mais descrentes”, consideram que o financiamento limitado continua a ser um ponto contra o investimento neste mercado, o qual continua a ser percepcionado como um mercado arriscado até que se confirmem os sinais de crescimento económico.

Portugal está ainda em observação

Quanto a Portugal, o impacto não deverá ser tão imediato como o que é esperado na Espanha e na Irlanda, mas o país está sem dúvida a ser observado pelos investidores, que sublinham que Lisboa está a evidenciar sinais de recuperação. “Todos vemos que o mercado está a mudar para melhor”, refere um dos inquiridos, citado pelo estudo. A compra pela DEKA do edifício Báltico, no Parque das Nações, por mais de 40 milhões de euros, que é identificado como o maior negócio imobiliário em quatro anos, impulsionou as expectativas de realização de novos negócios na capital portuguesa, sublinha o estudo da ULI e da PwC. O documento refere ainda que os investidores internacionais estão agora a começar a aparecer no nosso mercado e que alguma dinamização é também esperada por via da atribuição dos Golden Visa, antecipando-se que o fluxo de investimentos de origem chinesa e brasileira gerados nesta motivação possa crescer.

Contudo, os investidores continuam na expectativa de ver como evoluirá a situação económica do país em 2014, “aguardando para ver se o país consegue manter os termos do seu acordo de resgate”. Lisboa, que ocupa a 26ª posição do ranking das cidades para investimento na Europa, é vista como um mercado que ainda tem que percorrer um longo caminho, já que “ a recuperação de Portugal não deverá ser tão rápida como a de Espanha”, percecionado como um mercado de maior dimensão e mais internacional.

Mais investimento oriundo da Ásia
O estudo da ULI e da PwC destaca ainda que apesar de grande parte do capital disponível para investimento na Europa ser de origem doméstica, os fundos soberanos deverão continuar a gerar um fluxo de investimento significativo importante no mercado Europeu, especialmente os oriundos da Ásia. Mais de 80% dos profissionais inquiridos acreditam que o capital oriundo da região da Ásia-Pacífico irá aumentar em 2014, enquanto que 67% prevê que se verificará também um aumento do capital vindo do Continente Americano.

Fonte: Público

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