20 março 2014

Mercado imobiliário de Angola mais maduro e consolidado


O relatório “Mercado Imobiliário de Angola 2014”, produzido pela Abacus Angola em associação com a JLL, evidencia um setor que continua a caminhar para um estado de maior maturidade.
O mercado imobiliário de Angola continua a registar um bom ritmo de desenvolvimento, caminhando para uma fase de maior maturidade e consolidação, refere o estudo “Mercado Imobiliário de Angola 2014”, produzido pela Abacus Angola em conjunto com a JLL, no âmbito da recém-anunciada associação das duas consultoras para o mercado angolano.

É esperado crescimento em todos os segmentos de mercado, uma tendência impulsionada pelo desenvolvimento económico do país, que tem gerado novas necessidades imobiliárias. Luanda continua a concentrar os principais polos imobiliários de Angola, embora outras províncias como Lobito/Benguela, Soyo e Cabinda – ainda que numa escala diferente – possam também vir a desenvolver-se em termos imobiliários. Nestes casos, esse desenvolvimento deverá ser fortemente alicerçado no investimento empresarial, refere o estudo.

Paulo Trindade, diretor-geral e partner da Abacus Angola, sublinha que “o crescimento económico do país, e o consequente crescimento das empresas, o aumento do número de negócios e do número de expatriados, a par da melhoria do poder de compra dos angolanos, têm criado necessidades crescentes de espaços para trabalhar e residir, assim como para fazer compras. Podemos afirmar que o mercado imobiliário de Angola continua num bom ritmo para a maturidade, atestado pela exigência dos clientes e utilizadores dos ativos imobiliários”.

No mercado de residencial, o relatório nota que a procura está a mudar e prefere atualmente tomar uma decisão de compra após conclusão dos empreendimentos, além de existir um peso crescente de clientes internacionais, sobretudo empresariais, que manifestam interesse pela opção de arrendamento em detrimento da compra, o que está a motivar o surgimento de investimento imobiliário neste segmento. Luanda continua a ser o mercado residencial mais importante, evidenciando uma elevada atividade, e só em Luanda Cidade deverão, este ano, entrar no mercado mais de 600 apartamentos novos, estimando-se que a maior parte seja escoada para o mercado de arrendamento. Em 2015, e no decorrer de três a quatro anos, a entrada de novos apartamentos em comercialização deverá ser mais limitada. O mercado continua a ser marcado pela escassez de produtos no centro da cidade destinados à classe média angolana, a qual se defronta com soluções de crédito bastante limitadas. Começam também agora a surgir os projetos mais destinados ao segmento baixo, impulsionados pelo Estado, num mercado em que a procura para o segmento de topo se encontra, na generalidade, satisfeita.

Também no mercado de escritórios Luanda é a referência, estimando-se que o stock atinja este ano um volume de 1 227 000 m2, mais 92 mil m2 do que em 2013, dos quais grande parte já tem ocupação assegurada. A taxa de disponibilidade continua, por isso, em níveis baixos (4,76%). O Prime CBD dos escritórios em Luanda situa-se na zona da Baixa e Marginal, na qual se localizam os principais departamentos governamentais, sedes corporativas e da banca. As rendas nesta zona oscilam entre os 150-200 dólares/m2/mês para os escritórios novos e 90-135 dólares/m2/mês para os escritórios usados. Talatona está também a emergir como uma zona privilegiada no mercado de escritórios, estando atualmente muito ligada à área das comunicações e audiovisual, com várias empresas deste setor de atividade aí instaladas. O relatório prevê que a procura de escritórios continue dinâmica, quer por via da entrada de novas empresas internacionais quer por via do fortalecimento das empresas nacionais.

No retalho, em virtude do aumento do poder de compra generalizado dos angolanos, o dinamismo também é evidente, esperando-se a inauguração de cinco novos centros comerciais entre 2014 e 2015, nomeadamente o Luanda Shopping, Vista Club Shopping, Shopping Fortaleza, Shopping do Kinaxixi e o Sky Gallery, que se juntam a quatro outros projetos já em funcionamento. Nos retail parks, continua apenas a existir o Lobito Retail Park, com a concretização de novos projetos a registar algumas dificuldades.

Outro mercado de forte procura é o de lojas de rua, onde a oferta de unidades com boa localização é bastante restrita. Ao contrário do que acontece na maior parte de outros países, este mercado mantém a particularidade de registar preços de arrendamento inferiores, quer em relação aos escritórios quer aos valores praticados na habitação, o que não é muito usual. As rendas nos centros comerciais podem oscilar entre os 60 e os 130 dólares/m2/mês, enquanto nas lojas de rua o intervalo varia entre os 25 e 195 dólares.

O segmento de imobiliário industrial e logístico é apontado como um dos que apresenta maior potencial de crescimento, pois, além das necessidades imobiliárias domésticas para esta área, com um forte incremento do Governo no segmento industrial produtivo e de transformação, existem muitas necessidades de armazenamento por via das importações, que continuam a ser intensas. A construção de acessibilidades entre as diferentes províncias é considerada um fator determinante para o crescimento sustentável deste setor.

O desenvolvimento do mercado de hotelaria decorre também a bom ritmo, com diversos projetos em curso ou já projetados para a maior parte das cidades das províncias angolanas. Luanda continua a ser o mercado mais dinâmico, sustentado pelas boas performances da ocupação hoteleira, que em 2013 atingiu os 75%, com os preços da diária nos hotéis de 4 estrelas a variar entre os 280 e os 300 dólares por noite.

De notar ainda o esforço governamental para a dinamização dos polos de desenvolvimento turístico, cuja estratégia começa agora a ser posta em prática. O relatório evidencia também que o segmento de turismo de golfe tem vindo a registar uma procura crescente, quer nacional quer por parte de expatriados, tendo sido iniciada a construção do terceiro campo de golfe em Angola, que deve estar concluído em 2015.

No investimento imobiliário institucional, o mercado angolano está a ainda a dar os primeiros passos e, para já, os investidores particulares são os que mais beneficiam dos retornos proporcionados pelo mercado, já que o investimento institucional, especialmente o de origem internacional, continua limitado devido a questões que permanecem por resolver na lei do arrendamento e de âmbito legal. O mercado habitacional é um dos que mais tem atraído o ainda tímido investimento institucional, por agora sobretudo angolano, através da aquisição de imóveis para colocar no mercado de arrendamento, o qual tem registado uma procura crescente por parte de clientes internacionais. 

“Podemos dizer com alguma convicção que os investidores internacionais começam a olhar para o mercado angolano e as condições para o arranque do mercado de investimento imobiliário institucional estão criadas, especialmente depois da entrada em vigor da legislação que aprova a criação dos fundos de investimento imobiliário. Contudo, esbarram em questões como a atual lei do arrendamento, a falta de legislação consistente em termos de regulação do mercado imobiliário financeiro ou a agilização do tema da expatriação de dividendos, entre outros”, refere Paulo Trindade, frisando ainda que “seria também benéfico o Governo de Angola criar incentivos fiscais para quem investisse neste segmento de negócio imobiliário”.

Fonte: OJE

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