Como esperado, a retoma do imobiliário já deu sinais de ter iniciado, mas, além de provavelmente vir a ser mais lenta do que gostaríamos, é de prever que esta não seja totalmente abrangente e que haja um maior distanciamento entre o produto primário e o secundário.
Efetivamente, o imobiliário comercial, principalmente os espaços de escritórios prime, têm sido o palco do início da retoma do investimento imobiliário, onde as taxas prime do CBD1 passaram de 8% para 7,5% e demonstram tendência para continuar a descer. Além dos escritórios, também o comércio de rua no mesmo tipo de zonas tem mostrado grande consistência e sinais de evolução.
Os investidores internacionais estão a ser os principais impulsionadores desta retoma e depois de terem desaparecido em 2011, aquando do pedido de resgate, agora voltam outra vez a Portugal com novas caras e novos apetites. Chineses, americanos e suíços foram os primeiros, mas muitos mais se seguirão. O objetivo é comum a todos, conseguir adquirir ativos que venham a proporcionar boas rentabilidades a longo prazo, com o menor risco possível.
Depois de tudo o que se passou, é natural que o risco seja uma preocupação e a primeira medida dos investidores é garantir segurança no investimento. Essa segurança traduz-se em contratos de maior duração e com garantias, mas também em privilegiar espaços com inquilinos de qualidade e localizações com elevados rácios de procura e ocupação, ou seja, o produto prime está a ser privilegiado.
Com efeito, em termos de investimento, verifica-se que a procura tem recaído apenas sobre as propriedades mais interessantes e é de esperar que assim continue, distanciando o imobiliário prime do imobiliário secundário, que tal como o nome indica, é uma segunda escolha que normalmente é absorvida pelos investidores nacionais, neste momento muito pouco ativos.
A retoma do investimento imobiliário não é uma ilusão e está cada vez mais presente, mas garantidamente será seletiva, alargando o fosso de valor entre o melhor e o pior.
Por Frederico Borges de Castro, Diretor do departamento de Valuation Advisory da CBRE
Fonte: OJE
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.