26 março 2014

Privados já investiram 630 milhões em reabilitação urbana em Lisboa


A estimativa foi avançada por Manuel Salgado, Vereador do Urbanismo e da Reabilitação Urbana da autarquia da capital, durante uma conferência integrada na Semana da Reabilitação Urbana.

De acordo com o autarca, que apresentou a “Visão de Lisboa sobre a Reabilitação e Regeneração Urbana” durante a conferência “O Apoio à Regeneração Urbana no Desenvolvimento Económico e Social das Cidades”, no dia 20 de março, no MUDE, nos últimos 5 anos, o investimento privado em reabilitação urbana na cidade ascendeu a mais de 630 milhões de euros, tendo a autarquia investido, de forma direta, outros 130 milhões de euros.


O licenciamento de obras nos últimos dois anos na capital evidencia precisamente este investimento na reabilitação urbana, com 90% dos edifícios e 81% dos fogos licenciados a dizerem respeito a intervenções de reabilitação, de acordo com dados avançados pela Confidencial Imobiliário também numa das conferências da Semana da Reabilitação Urbana. Em 2012 e 2013, foram licenciados pela autarquia um total de 208 projetos de reabilitação urbana, que integravam 1.210 fogos, aos quais acrescem ainda 224 projetos licenciados para obras de pequena dimensão, onde se incluem 1.138 fogos intervencionados.

Estes números comparam com a dinâmica da construção nova, para a qual foram licenciados, no mesmo período, 48 projetos num total de 530 fogos.

Conforme explicou Manuel Salgado, “a reabilitação urbana é declarada como a grande prioridade” para o governo da cidade. “Temos um projeto de cidade que quer mudar Lisboa a partir de dentro”, de forma a “torná-la também mais atrativa para os de fora”, sublinhou o Vereador. Trazer mais habitantes para a cidade, endereçando desafios demográficos, de mobilidade, sociais e económicos, está no centro desta estratégia onde a reabilitação urbana desempenha um papel crucial, considerando que quase “toda a Lisboa é histórica”, explicou Manuel Salgado. De acordo com o Vereador, o núcleo histórico de Lisboa, que cobre uma área de 600 hectares, tem atualmente cerca de 75.000 habitantes, e só na Baixa de Lisboa existem perto de 80 edifícios total ou parcialmente devolutos, por isso, “é preciso intervir prioritariamente na reabilitação sucessiva destas bolsas lisboetas”, evidencia.

A disponibilização de casas para arrendamento a preços acessíveis é apontada como uma das formas de trazer mais habitantes, especialmente entre as camadas jovens, para uma cidade onde 25% dos residentes tem mais de 65 anos, uma percentagem que se eleva para 28% no caso de se circunscrever esta análise ao centro histórico.

Dadas as características do edificado nas zonas históricas de Lisboa, a reabilitação tem vindo, assim, a surgir como uma solução interessante para o aumento da oferta de casas para arrendar e, para Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário, “o arrendamento tem uma relação natural como o mercado de reabilitação”. O especialista, que falava na conferência “Os Proprietários na Reabilitação Urbana – os custos de contexto”, que decorreu a 19 de março no MUDE, explicava que a rentabilidade no mercado de arrendamento pode ser “muito interessante” já que “cada euro pedido se traduz num encaixe efetivo de 0,87 cêntimos”, enquanto que no mercado de compra e venda, essa relação é de um euro para 0,65 cêntimos.

Fonte: Público

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