A operação em Portugal é a melhor da Europa e a segunda a nível mundial.
Não, é a terceira. Primeiro, o Canadá - andamos sempre a debater-nos com algum estado norte-americano. Mas é um resultado muito bom.
Como é que isso é possível, estando Portugal a viver uma situação tão grave de crise económica?
Isso é o que eu muitas vezes me pergunto. Na Europa, além de Portugal também estão intervencionados pela troika a Irlanda e a Grécia. E Portugal é um país pequeno, tem 10 milhões de habitantes, Espanha tem 45 milhões. Eles têm muito mais possibilidade de venda do que nós. O segredo, sinceramente, é o trabalho que desenvolvemos com os vendedores. Em profissões como a nossa, em que não existe entrada de dinheiro garantida mensalmente, o reconhecimento é essencial. Podemos ter um mês absolutamente estrondoso, imaginemos que apanhamos um coreano ou um chinês - é um mês que vale um ano. Mas se tu não sabes gerir o dinheiro, gastas. Existe uma bolha de alegria, mas temos de continuar a trabalhar. Acho que esse é o trabalho interno que desenvolvemos mesmo muito bem, o de manter a ambição para que os mediadores continuem e não se deixem desfocar, apesar das dificuldades. Todos os meses estou na rua, corremos todo o país de cima a baixo, para reconhecer os melhores vendedores, para ter a visão de como é que estamos, entender se é preciso modificar alguma coisa. Temos coaching - instrumento que se converteu numa das ferramentas mais importantes, neste momento, em todos os mercados. Não existe diretor nenhum que queira evoluir que não tenha um coach profissional. Eu tenho o meu próprio coach, que me desenvolve e que me desafia.
Qual foi a média de rendimento anual dos trabalhadores da Remax em 2013?
22 mil euros.
E quanto é que ganha o melhor mediador?
O melhor faturou um milhão e duzentos mil euros no ano passado.
Esse será certamente uma exceção. Ultrapassou o Nuno Gomes?
Sim. E é “a” melhor - uma mulher. O Nuno Gomes ficou em terceiro lugar, mas o Nuno é muito bom, atenção.
Como se chama a melhor angariadora de 2013?
A deste ano foi a Andreia Falcão.
É de Lisboa?
Sim, é da zona da Expo. Ela vendeu muito ao mercado asiático, por exemplo.
O que é que a torna especial?
Este tipo de pessoas, que fatura mais de 500 mil euros... Vamos dar o exemplo do Nuno Gomes, que foi durante cinco anos o melhor vendedor da Europa, ultrapassando até a Alemanha. Imaginem o gozo que tenho e o orgulho que sinto por ultrapassarmos, por exemplo, a Suíça, países onde as pessoas quase levam o dinheiro debaixo do braço para comprar uma casa, países onde não existe esta dificuldade que Portugal tem de acesso ao crédito. Claramente são pessoas que têm certas qualidades, uns hábitos diários de fazer acontecer. A determinação é uma qualidade que uma pessoa que quer ter sucesso tem de ter. Se não tens determinação e persistência dificilmente conseguirás o sucesso. Mas no caso do Nuno Gomes, da Andreia Falcão, do Paulo Dias Fernandes, de todo este tipo de pessoas que estão no topo, a determinação é diária. Eles recebem um não e continuam em frente, recebem outro não e continuam em frente...
A Remax também vende casas de luxo. Como é que está a evoluir esse segmento de mercado?
No início, era muito difícil pôr-se à venda casas de luxo, porque os proprietários não queriam uma placa de venda. Como nós dizíamos, eram casas ocultas, que ninguém sabia que estavam à venda. Agora, com o mercado mais ativo, através dos estrangeiros, já é muito mais fácil. Este mercado desceu muito o preço, houve autênticas pechinchas nas casas de luxo, porque as pessoas foram apanhadas por esta crise económica. Houve pessoas com cargos diretivos que se foram embora, diretivos de primeira linha, e portanto, houve também muitas oportunidades de negócio. No princípio, custou um bocado - de 2008 a 2010, este mercado não desceu praticamente nada no preço, mas depois foi obrigado a adaptar-se.
A Beatriz Rubio está em Portugal há 20 anos, mas acompanha, certamente, com atenção aquilo que se passa no seu país. Em Espanha, a bolha imobiliária foi um problema gravíssimo. Acredita que está resolvido?
Acho que estão pior do que nós.
Mas houve uma evolução positiva ou não?
Para já, considero que não foi assim tão positiva. Agora, que vão resolver, vão, porque têm de resolver. Só que a queda foi mais profunda, porque a bolha foi muito grande. A bolha era absolutamente impensável. As casas que foram compradas de 2004 a 2008 estavam muitas vezes três ou quatro vezes acima do valor. Não era absolutamente real. É claro que têm de voltar ao mercado, mas vai custar-lhes mais.
O mercado de arrendamento em Espanha é dinâmico ou não?
Sim, é muito dinâmico. Comparo com Lisboa e não é sustentável o que está a acontecer em Portugal.
Mas também existe em Espanha a cultura de ser proprietário, tal como em Portugal?
Sim, esse costume é totalmente latino, quando podes já estás a comprar a tua casa.
E está otimista em relação à evolução económica de Espanha?
Sim, tenho de estar otimista, não tenho outra hipótese. Porque, afinal, isto é uma globalidade de países e a todos nós interessa que Espanha evolua bem e que a Itália evolua bem e mesmo que a Grécia evolua bem, na medida em que se todos evoluírem de forma positiva, todos sairemos da crise, de uma forma mais global.
Fonte: Dinheiro Vivo
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.