15 março 2014

Mediadores que faturam milhares



Estão entre os melhores vendedores de casas da Europa e estão a faturar milhares de euros em comissões. Na Remax, o mercado dos vistos gold está a permitir bater recordes.
Aproveitando a boleia dos vistos gold, uma iniciativa do Governo implementada desde o início de 2013 para atrair investidores estrangeiros, duas equipas, integrando quatro agentes da Re/max Expo, alcançaram o top das vendas desta rede imobiliária em toda a Europa. Pela primeira vez, Nuno Gomes, da Re/max Prestige, que é desde há cinco anos campeão da venda de imóveis em Portugal, não pontuou sozinho no topo deste ranking internacional da Re/max. 

Não é um negócio da China, mas são sobretudo cidadãos chineses os principais clientes dos vistos dourados que, depois de adquiridos em Portugal, lhes abrem as portas para a circulação no Espaço Schengen. Só em 2013, entraram na economia portuguesa mais de €306 milhões, por via da compra de 471 vistos de residência, animando o estagnado mercado imobiliário de Lisboa.

Andreia Falcão, 46 anos, ex-empresária de contabilidade - campeã de vendas da Re/max em Portugal e segunda a nível europeu -, não tem dúvidas de que a ideia "nascida da vontade política de Paulo Portas" foi "um rasgo de visão". A agente imobiliária, que faz equipa com o marido, Miguel Vaiadas, um ex-analista financeiro da Vodafone de 42 anos, assegura que só no final de 2013, reportaram, juntos e por sua conta, mais de €1 milhão em comissões à Re/max Portugal. 

Entusiasmados com o crescimento de vendas, Andreia e Miguel confessam que "90% do negócio gerado em 2013 veio de clientes chineses" e acreditam que a tendência se manterá em 2014. 

"O problema é que agora estes clientes querem ver casas novas na capital e já quase não temos casas novas em carteira", lamenta Andreia Falcão, que, entre os grandes negócios por si fechados no ano passado, refere um prédio de €2,4 milhões em Lisboa e uma moradia de €1,6 milhões na Quinta da Penha Longa, em Sintra. 

A equipa recordista de vendas na Europa em 2013 alerta para uma nova realidade do mercado português, que acredita ser uma tendência para os próximos dois a três anos: "os promotores agora pedem-nos prédios onde possam fazer intervenções rápidas, mas com qualidade. Um negócio de 'toca e foge', típico de construção, que lhes permita, rapidamente, recolocar tudo à venda já reabilitado. Querem aproveitar a onda que está a agitar o mercado imobiliário da cidade de Lisboa, área da Expo e linha de Cascais".

2014 já em alta

A equipa liderada por Paulo Dias Fernandes, um ex-vendedor de produtos alimentares com 37 anos, a que se junta o colega de 44, João Almeida, pontuou em 2013 em 4º lugar na lista europeia desta rede imobiliária (ficando na 2ª posição em Portugal), com €280 mil em comissões para a Re/max e já tem altas perspetivas para 2014: "Só nos dois primeiros meses deste ano faturámos 30% dos valores de 2013 e estamos atualmente em 1º lugar no ranking europeu da Re/max", revela entusiasmado Paulo Dias Fernandes.

O mediador acredita que, neste momento, será possível fechar as contas de 2014 com €1,5 milhões de faturação. A aventura desta dupla com os vistos gold começou em agosto de 2012, mas só oito meses mais tarde conseguiu colher frutos. E que frutos: cresceram 555% em venda de imóveis, passando de 42 em 2012 para 234 em 2013, 70% dos quais no âmbito dos vistos gold. 

Esta equipa da Re/max Expo acredita que "esta tendência de investimento estrangeiro não vai parar durante dois a três anos, sendo de prever que depois estabilize". "Os investidores procuram casas para arrendamento porque, apesar da muita oferta, os preços estabilizaram por motivos de rentabilidade e tornaram-se muito apetecíveis para negócio", adianta Paulo Dias Fernandes, acrescentando que "só na zona da Expo existem 150 apartamentos de clientes chineses recolocados no mercado de arrendamento". 

A "invasão chinesa" 

Já a equipa liderada pelo agente imobiliário Nuno Gomes, de 40 anos, foi desde 2008 a campeão de vendas de imóveis em Portugal. Apesar de em 2013 ter ficado em 3º lugar a nível nacional, o seu responsável assegura ter sido este o seu melhor ano de sempre em volume de negócios: "cresci 10% em vendas em 2013 e faturei €790 mil em comissões. Estou num registo muito alto".

Nuno Gomes afirma não se preocupar com a descida formal no ranking e explica porquê: "Se tirarmos os agentes que trabalham quase em exclusivo os vistos gold, continuo a ser o que mais vende em Portugal. O mercado está mais dinâmico por força dos vistos gold, mas eu e a minha equipa preocupamo-nos mais em acrescentar valor e sustentabilidade às nossas operações. Não apostaremos tudo num modelo de negócio que passa em exclusivo por um nicho de mercado".

Manifestando-se "muito satisfeito" com o seu desempenho, Nuno Gomes mostra-se cético em relação ao que apelida de "invasão chinesa", que serviu para limpar muita coisa que havia parada no mercado imobiliário há sete e oito anos" e que classifica como "indisciplinada" e desregulamentada".

Fonte: Expresso

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