30 março 2014

Prestação da casa vai ficar de novo mais cara


Os portugueses que têm empréstimos para compra de casa não param de ver as suas prestações aumentarem desde finais do ano passado. A culpa é da subida, lenta mas constante, da Euribor.
No próximo mês há uma nova pequena surpresa desagradável. Para um empréstimo de 100 mil euros a 30 anos, com um spread (margem de lucro do banco) de 3%, a mensalidade de março calculada com base na Euribor a 6 meses, e que terá só efeito em maio, é de 441,69 euros, mais 1,37 euros que em fevereiro e 2,07 euros face a março de 2013. Ou seja, num ano a prestação da casa vai ficar 24,84 euros mais cara.

O valor exato do aumento da prestação dependerá de vários fatores, nomeadamente do spread contratado, do indexante utilizado (Euribor a 3 ou 6 meses) e, obviamente, do montante em dívida.

A tendência de subida do custo do crédito à habitação já se verifica desde novembro de 2013. Aparentemente, nem mesmo a redução da taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE) para o mínimo histórico de 0,25%, verificada naquela altura, conseguiu colocar um travão no agravamento dos juros. O mínimo histórico da Euribor a 6 meses foi atingido em maio do ano passado, com um valor de 0,1950%, e o máximo dos últimos dois anos sucedeu em fevereiro de 2012, altura em que atingiu 1,25%. 

“A taxa diretora é administrativa. É um instrumento do BCE para sinalizar algo para o mercado. Já as Euribor traduzem a perceção de risco, de liquidez. No fundo, mostram as expectativas”, explica João Queiroz. Dito de outro modo, o lado positivo da subida dos juros é que esse movimento traduz a confiança dos investidores na recuperação das economias da moeda única.As taxas deverão subir mais ainda este ano, mas de forma progressiva, prevê o especialista.

O mercado estará à espera das eventuais medidas a tomar por Mario Draghi, governador do BCE. “Por um lado, a utilização do quantititive easing [injeção de liquidez, através da compra de ativos] pelo BCE permanece em dúvida, tal como o discurso sobre a evolução da inflação/deflação, o que pode fazer descer as Euribor, caso se confirme uma ação que coloque mais moeda em circulação e se a inflação continuar a descer”, afirma o diretor de negociação da GoBulling.

Para quem quer agora pedir um empréstimo para compra de casa o problema é ainda mais grave. É que, para além da subida das taxas e do acesso cada vez mais complicado a empréstimo, os spreads não param de subir. “O que está a encarecer o crédito não é a Euribor, mas sim o spread”, afirma João Queiroz, diretor de negociação da GoBulling. Os spreads mínimos implícitos nos novos créditos andavam pelos 3% em fevereiro último, segundo os últimos dados do mercado. No entanto, numa análise mais concreta a alguns bancos, a Deco Proteste concluiu, recentemente, que a margem média cobrada por uma amostra representativa da banca é, neste momento, superior a 5%.

Mas nem as dificuldades do crédito, nem os juros mais caros parecem estar a demover os portugueses de se tornarem proprietários: o mercado de compra e venda de casas está no “seu melhor nível” desde setembro de 2010, revela o Portuguese Housing Market Survey (PHMS),elaborado pela Royal Institution of Chartered Surveyors e pela Confidencial Imobiliário. As instruções de compra “subiram a bom ritmo” em fevereiro e prevê-se um “forte crescimento das vendas nos próximos três meses”, mesmo que a queda nos preços das casas está já a desacelerar.

Fonte: Dinheiro Vivo

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