23 abril 2014

Casa Manoel de Oliveira, no Porto, vai a hasta pública


Casa Manoel de Oliveira vai a hasta pública no próximo dia 7 de maio, por 1,5 milhões de euros, pondo assim um ponto final numa história que se arrasta há 11 anos, e que permitirá à Câmara do Porto obter algum retorno de um investimento que nunca foi aproveitado.
A casa, projectada pelo arquitecto Souto de Moura para o realizador português, é composta por dois edifícios - um de habitação e outro destinado a equipamento cultural. A primeira terá como valor base de licitação 568.800 euros e a segunda de pouco mais de um milhão de euros.

O presidente da autarquia, Rui Moreira, em declarações à TSF admitiu que tem a expectativa que os cerca de 1,5 milhões de euros pedidos pelas duas fracções sejam amplamente ultrapassados pelos potenciais interessados. “Ainda na última [hasta pública] os valores atingidos por alguns edifícios excederam em 40% o valor base".

Rui Moreira justificou a venda do equipamento com o acordo realizado entre o cineasta e a Fundação de Serralves, com o objectivo de construir uma nova casa para Oliveira. “A partir desse momento a casa deixa de ter o uso que se pretendia e, não tendo, neste momento, outro uso adequado para lhe dar, entendemos que não podemos continuar a manter ali o edifício.”

O projecto da Casa do Cinema Manoel de Oliveira foi lançado em 1998 e executado pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura. A casa teria a valência de museu, mas também de centro de estudos da obra do cineasta e ainda de eventual residência ou local de trabalho para Manoel de Oliveira. Nenhum dos edifícios, no entanto, foi alguma vez utilizado.

A obra foi lançada pelo autarca Nuno Cardoso e ficou pronta em 2003, mas sem acordo formal para a utilização do espaço. Entretanto, a liderança da autarquia mudou, e Rui Rio prometeu retomar as negociações com Manoel de Oliveira para a assinatura definitiva do protocolo. Sem sucesso.

À margem desse processo, a Fundação de Serralves – que tomou em mãos a comemoração do centenário do realizador, com uma retrospectiva e uma exposição documental da obra de Oliveira – iniciou negociações com o realizador para acolher o seu acervo.Ficava definitivamente posta de parte a utilização do edifício desenhado por Souto de Moura, que terá custado mais de dois milhões de euros e que se tem vindo a degradar progressivamente por ausência de uso.

Fonte: Dinheiro Vivo

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