16 abril 2014

Mediação imobiliária: Profissão em vias de extinção?


Há mediadores que desapareceram do mercado imobiliário, outros apostaram na profissionalização e nas novas tecnologias. O mercado imobiliário mudou drasticamente nos últimos anos, resta saber se os mediadores souberam acompanhar essa mudança.
Portugal assistiu durante décadas ao desenvolvimento de empresas de mediação que cresciam como "cogumelos" em cada esquina. Assistia-se ao boom da venda de habitações e existia mercado para todos os profissionais do sector. 

Mas a realidade é que a mediação cresceu desorganizada, pouco conhecedora das fronteiras do profissionalismo e da ética. Foi preciso uma bolha financeira para fazer rever a performance dos mediadores imobiliários e só os mais fortes resistiram. A oferta abundava mas a procura decrescia, até porque os bancos praticamente fecharam a "torneira" do crédito à habitação.

Com isso também o mercado tornou-se mais competitivo, onde as grandes redes imobiliárias passaram a dominar; aliás foram várias as empresas familiares e de menores dimensões que acabaram por aderir a essas mesmas redes para sobreviver e continuar a fazer negócio. 

Entretanto, o mercado imobiliário entrou também num processo de autorregulação que, muito provavelmente, ainda não terminou. A nova lei n.° 151/2013, publicada em Fevereiro de 2013, veio estabelecer o novo regime jurídico na mediação imobiliária em Portugal. Com isso, pretendeu-se simplificar o acesso à profissão, eliminando processos e requisitos que até há bem pouco tempo existiam e que não traziam quaisquer benefícios ou garantias para os clientes. 

Com o mercado de venda pouco rentável para as mediadoras, com excepção dos segmentos de luxo, estes profissionais começaram a virar-se para o arrendamento que, tudo indica, será um dos motores de dinamização do mercado imobiliário português. 

Nesta fase surgiu também a grande problemática do crédito mal parado que, entretanto, começou a aumentar diariamente e a deixar nas mãos dos bancos uma carteira considerável de imóveis. Foi, então, que as instituições bancárias perceberam que necessitavam de recolocar esse portfólio no mercado e com isso as mediadores passaram novamente a ter uma maior manobra para operar no comércio de compra, venda e aluguer de casas. 

No final de toda esta conjuntura de altos e baixos que afectou a profissão dos mediadores imobiliários, há quem se questione: Será esta uma profissão em vias de extinção? 

Falámos com o representante máximo da mediadora Porta da Frente, Rafael Ascenso, que foi peremptório na resposta: "não se pode falar de uma profissão em vias de extinção mas antes de uma profissão que passou por uma depuração". Como explica, "durante muito tempo a mediação imobiliária, à semelhança de outras profissões, era exercida por pessoas sem qualidade e sem qualificação para o fazer. Essas pessoas foram sacudidas do mercado". Rafael Ascenso salienta uma outra realidade: "Hoje coloca-se a questão de onde vêm os compradores. Vêm de geografias e classes sociais diferentes. O próprio mercado português mudou muito nos últimos anos mas conseguiu sobreviver e adaptar-se". 

Hoje, pode dizer-se, que os mediadores imobiliários fazem parte dessa mudança.

Fonte: Magazine Imobiliário

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