Os mercados imobiliários apresentam velocidades diferenciadas consoante a perspectiva com que se abordem.
O investimento em imobiliário de rendimento, o primeiro a dar sinais de dinâmica, fruto da recuperação da confiança pelos investidores estrangeiros no País e da sua aferição da existência de óptimas condições (em preço: rendas, venda e yields) para investir em Portugal, começa a evidenciar um aquecimento significativo fruto das intenções de investimento que privilegiam a compra em localizações prime de imóveis de escritórios e/ou retalho, um pouco a exemplo do que se passa na Europa.
A dimensão do nosso mercado e o fraco desempenho dos mercados de arrendamento internos desde 2008 não produziram produtos em quantidade e qualidade que satisfaçam estas intenções de investimento; consequentemente a recuperação de preços de venda e a aproximação às melhores Yields atingidas até 2008 já está em curso, sendo que pontualmente já foram ultrapassadas.
Esta dinâmica que irá fazer com que no final de 2014 o investimento imobiliário, em produtos de rendimento, ultrapasse os níveis alcançados em 2013, já de si superior à soma do verificado nos dois anos anteriores, resulta sobretudo da actividade de investidores estrangeiros e menos da dos investidores nacionais que ainda não se refizeram do impacto da crise e que têm vindo a intervir sobretudo em contexto de desinvestimento.
Os mercados de escritórios, retalho e logística, mais dependentes do mercado interno apresentam-se em recuperação, ainda que longe de poderem vir a alcançar os níveis médios da década 1998-2008.
O mercado de habitação apresenta-se a duas velocidades: uma fraca recuperação da compra de habitação pelos particulares, que começam a ter alguns sinais encorajadores da banca quanto à sua pretensão de poderem vir a retomar a compra de casa própria através do início da redução dos spreads pelos bancos e uma grande dinâmica de compra no contexto dos “golden visa”, que estimamos que venha a ultrapassar os 1.000 milhões de euros no decurso de 2014. Neste capítulo estamos certos que as zonas que têm recebido estes investimentos “não chegarão para as encomendas” pelo que se irão registar os inevitáveis acréscimos de preços, já de si inflacionados pelos “intermediários externos” e pelos honorários por si reclamados, e pela concretização das intenções de compra em zonas que não preenchem os requisitos preferenciais para a realização deste tipo de investimento.
Por último, a nível da promoção imobiliária acreditamos que em 2014 iremos continuar a assistir a uma promoção atomizada, onde o desenvolvimento de grandes projectos ainda não se fará sentir e que na prática irá ter consequências no mercado de escritórios. Dentro de aproximadamente dois a três anos, quando as empresas equacionarem a mudança de instalações e uma vez ultrapassados os constrangimentos a que foram forçadas pela imperativa redução de custos dos últimos anos, terão dificuldade em encontrar soluções de qualidade disponíveis para necessidades superiores a 4.000 m².
Por Paulo Silva, Managing Director da Aguirre Newman e Presidente da ACAI
Fonte: Público
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