O imobiliário vive um período de recuperação em Portugal. E especialistas já alertam para a necessidade de estancar a especulação.
Num momento em que o mercado imobiliário começa a dar os primeiros sinais de recuperação, o Montepio reuniu um conjunto de especialistas para debater o futuro do sector em Portugal. Um caminho que terá de passar por uma forte aposta na reabilitação urbana e no arrendamento, depois de mais de 30 anos marcados pela construção nova. Isso mesmo notou Tomás Correia, presidente do Montepio, lembrando que "o mercado imobiliário não voltará a ser o que foi, mas continuará a ser um espaço de oportunidades para o país".
Para já, "a reestruturação do sector está concluída", diz Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI). Todos os indicadores apontam agora para o início de uma inversão de ciclo depois de quatro anos de uma crise sem precedentes para o sector em Portugal. "Notou-se uma inversão ao longo de 2013. Temos todos os sinais de que a queda nos preços estancou e parou cerca de 20% abaixo dos máximos de 2008", aponta António Gil Machado, director da revista Vida Imobiliária. Segundo os dados avançados por Luis Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) os preços da habitação em Portugal registaram uma descida homóloga de 0,6% no quarto trimestre de 2013, a menor registada durante o ano passado, e subiram 1,4% face aos três meses anteriores.
A recuperação dos preços da habitação reflecte o aumento da procura, quer interna, quer externa. De acordo com o mesmo responsável, a procura de imóveis para compra aumentou 30% nos primeiros dois meses do ano face ao mesmo período de 2013, com um total de 24.000 imóveis transaccionados no primeiro trimestre. Uma realidade que não é também alheia à maior abertura da banca à concessão de crédito nos últimos meses, algo que é entendido pelos especialistas como um sinal de confiança da própria banca no mercado imobiliário.
Os estrangeiros, que tiveram um papel determinante na sustentação do sector no último ano, deverão continuar a dar suporte ao mercado. Luis Lima estima em 1,5 a dois mil milhões de euros o investimento estrangeiro em 2014 e questiona: "Se isto não é exportação não sei o que será? Mas a verdade é que continuamos sem receber apoios à internacionalização, para um sector que é essencial à dinamização da economia e que tem a mais-valia de ser consumido internamente". Os investidores estrangeiros foram responsáveis por 3.500 transacções no primeiro trimestre, ou cerca de 14% do total, com os ingleses a liderarem o investimento, seguidos pelos chineses e pelos franceses.
Uma dinâmica renovada que leva os especialistas a deixar o alerta: "Existem sintomas de que está a voltar a existir capital a mais. No Parque das Nações, por exemplo, os preços de transacção no quarto trimestre de 2013 aumentaram 54% face ao homólogo. É preciso olhar ao racional do negócio e não tomar decisões só porque existe dinheiro em cima da mesa. É preciso não esquecermos o que aprendemos nos últimos anos", nota António Gil Machado. Uma opinião aliás partilhada por Luis Lima, segundo o qual "se exagerarmos na especulação corremos o risco de voltar ao passado recente".
Fonte: Diário Económico
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