Com o consumo a cair nos países do sul da Europa e com a Sonae Indústria a ficar dependente de várias áreas de consumo, a estratégia da empresa passou a dirigir-se para novos segmentos de mercado com potencial, caso da reabilitação urbana de edifícios, diz Carlos Baião da Cruz, diretor de marketing global da Sonae Indústria.
Como é que a Sonae Indústria se posiciona no mercado mundial da produção de painéis derivados de madeira? Considera que a sua liderança tem sido ameaçada pela estagnação do setor da construção?
A Sonae Indústria é uma das maiores empresas industriais, a nível mundial, produtora de derivados de madeira, sendo líder no mercado nacional. Em termos globais, a empresa posiciona-se como um fornecedor fiável, com uma oferta integrada e orientada para as necessidades dos clientes e centrada no desenvolvimento de produtos de valor acrescentado. Sendo a construção um dos principais “drivers” do consumo dos nossos produtos, temos, naturalmente, sentido o impacto da estagnação do setor, nomeadamente nos países do sul da Europa. No entanto, alguns fatores – como o aumento da atividade exportadora de alguns setores do mobiliário, o desenvolvimento da reabilitação urbana e a nossa presença noutras geografias com economias mais favoráveis – têm contribuído para compensar a situação. Este cenário desfavorável tem sido algo compensado com uma melhoria constante da nossa oferta de produtos e serviços e com a adaptação das nossas estratégias de marketing aos stakeholders com quem trabalhamos, tais como profissionais de arquitetura e de decoração, grandes distribuidores, carpintarias ou fabricantes de mobiliário.
Como se tem preparado a Sonae Indústria para colmatar o decréscimo sentido no mercado da construção? Qual tem sido a estratégia adotada?
Uma das estratégias adotadas pela Sonae Indústria consiste no desenvolvimento de materiais e produtos diferenciadores, que se distinguem pela versatilidade, capacidade de adaptação aos mais exigentes critérios e requisitos legais de construção. Por outro lado, temos procurado também responder a segmentos de mercado que normalmente não se encontravam tanto no foco de nossa atividade e que têm potencial para resistir melhor à conjuntura, como é caso, por exemplo, do mercado da reabilitação urbana de edifícios. A nossa aposta no mercado da reabilitação é, de facto, muito realista, já que os nossos materiais se adaptam perfeitamente aos principais requisitos deste segmento. Os painéis derivados de madeira (aglomerado de partículas, MDF ou OSB) são materiais com uma ampla aplicação em obras de reabilitação, desde logo pelas suas especificações técnicas, mas também pelas mais-valias na sua aplicação – como a facilidade de transformação e acabamento, ou por poderem ser adquiridos já revestidos, sem necessidade de qualquer lixagem, pintura ou envernizamento posteriores. Caraterísticas às quais se aliam os benefícios ambientais destes materiais, principalmente devido à sua capacidade de armazenamento de carbono.
A aposta no desenvolvimento e inovação está patente na atividade da Sonae Indústria. Quais são os materiais e gama de produtos da empresa que melhor caraterizam esta aposta e o uso da tecnologia ao serviço dos painéis derivados de madeira?
A inovação é parte fundamental da estratégia da Sonae Indústria, principalmente em termos da procura de materiais, serviços e procedimentos que acrescentem valor ao cliente e à empresa e que contribuam para reforçar o nosso compromisso com a sociedade e o ambiente. O caminho é já muito longo, desde os tempos em que os aglomerados de madeira eram simplesmente a base para a produção do mobiliário, até à atualidade, em que a engenharia e a tecnologia permitem obter materiais derivados de madeira com características físicas, mecânicas e estéticas que os tornam muito versáteis e fiáveis. Podemos, assim, falar de painéis resistentes à humidade, muito leves ou muito densos, com características especiais de retardamento do fogo, isto é, materiais com aptidões claramente dirigidas à utilização na construção. Aqui chegados, é importante referir os últimos desenvolvimentos que lançámos no mercado. Em primeiro lugar, destaco as vantagens funcionais das superfícies com propriedades antibacterianas So Caring, que aumentam a proteção e o bem-estar dos utentes dos espaços onde estão aplicadas. Estas características e benefícios correspondentes foram, aliás, recentemente reconhecidos e reconfirmados pelo Hospital Clínico de San Carlos, em Madrid, cuja ala pediátrica está equipada com painéis So Caring. Outro grande destaque vai para a gama de painéis decorativos Innovus, não só por incluir um conjunto de padrões inovadores, mas também por contemplar toda a gama de produtos complementares para o revestimento decorativo de espaços, permitindo construir facilmente ambientes sofisticados e personalizados. Finalmente, é importante referir também os últimos desenvolvimentos em termos de pavimentos decorativos e em termolaminados, desenvolvimentos que muito em breve serão lançados no mercado nacional.
Os materiais de construção são um ativo importante para a arquitetura, construção e decoração sustentáveis. Qual é o papel desempenhado pelos painéis derivados de madeira enquanto produtos de origem florestal, no domínio da construção e arquitetura sustentáveis?
Os materiais derivados de madeira, por terem a madeira como matéria-prima, contribuem para preservar o ambiente pela capacidade que têm em manter armazenado o carbono que a árvore havia capturado. Como é sabido, essa capacidade mantém-se durante todo o ciclo de vida das partículas e fibras de madeira, mesmo quando incorporadas, sob a forma de painéis, em peças de mobiliário, em revestimentos ou em pavimentos. Se a este aspeto somarmos a incorporação de cerca de 50% de madeira reciclada nos nossos painéis e a sua própria capacidade para serem reciclados, teremos a medida em que os derivados de madeira são materiais fundamentais em termos de contribuição para a sustentabilidade das construções. De facto, o uso dos materiais Sonae Indústria pode contribuir com até 5 pontos para a obtenção da certificação de sustentabilidade LEED dos edifícios.
O consumidor final é cada mais exigente e informado, e a cadeia de valor é um conceito que passa a estar muito presente no dia-a-dia do cidadão comum. Este começa cada vez mais a querer saber de que são feitos os produtos que adquire. Acha que se passa o mesmo com os móveis que tem em casa? Porquê?
Na maior parte dos setores e produtos, o consumidor de hoje tem acesso a um manancial de informação que, até há poucos anos, estava limitado a especialistas e às partes interessadas de determinada área de negócio. Este novo cenário tem muito a ver com o uso crescente da internet e das redes sociais, bem como de uma maior desmistificação de conceitos por parte dos media. Naturalmente, esta realidade está também presente no setor do mobiliário e é lícito e importante que o consumidor se preocupe com a origem das matérias-primas dos móveis que compra e com o impacto das mesmas no ambiente.
Quais são as expectativas da Sonae Indústria para 2014?
A Sonae Indústria continuará atenta a novas oportunidades de negócio e manterá as suas apostas na criação de valor para os nossos clientes e para os nossos acionistas, através da inovação e do desenvolvimento de produtos e serviços. As nossas principais expectativas para 2014 são moderadamente otimistas, já que acreditamos que estamos no início de um ciclo de crescimento, ainda que modesto.
Fonte: OJE
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