31 maio 2014

O vendedor de palácios


Tem mais de 2 mil propriedades em carteira, lidera o imobiliário de luxo em Portugal e cresce imune à crise. Conheça a PortugalRur, um projeto familiar nascido em Proença-a-Nova.
Já foi casa de rei e agora aguarda um investidor com 15 milhões de euros para criar um boutique hotel de cinco estrela, com vista sobre o mar e o rio Tejo. Falamos da Quinta da Torre, mandada construir pelo rei D. Fernando II, em 1860. e que está à venda por 13 milhões, com o projeto do hotel já aprovado. Dificilmente um imóvel se toma mais exclusivo - afinal não é todos os dias que a casa de um rei está à venda, embora sejam muitos os locais com história que compõem o portfólio da imobiliária PortugalRur, criada há 14 anos em Proença-a-Nova, distrito de Castelo Branco. 


Outro exemplo emblemático é o Monte do Sobral, local no qual nasceu, em 1973, o Movimento dos Capitães, que haveria de dar origem à Revolução do 25 de Abril de 1974. Também esta propriedade, localizada perto de Évora, engrossa o portfólio da PortugalRur.

Mas como explicar tão ilustres "convidados" num projeto de origem familiar, que está hoje perfeitamente especializado em propriedades de luxo? 
Quando começaram há 14 anos. Fernando Grácio e a mulher Filomena, fizeram-no especializando-se num nicho de mercado que era, então, contra a corrente do negócio Nessa altura, recorda o administrador da empresa, "as agências imobiliárias estavam focadas no mercado urbano, que estava em forte expansão. Como a PortugalRur tem origem em Proença-a-Nova. tínhamos a clara noção da potencialidade que existia para o imobiliário de índole rural, que, na época, não era explorado e dinamizado comercialmente da mesma maneira que o é hoje". A empresa procurou, desde a primeira hora especializar-se nos imóveis rurais. É hoje líder do segmento, sobretudo numa tipologia de imóveis rurais mais exclusivos, como sejam quintas, palacetes, herdades, solares ou montes. São este que têm maior procura, quer para habitação, quer para investimento agrícola, pecuário, florestal ou turístico.

O sigilo é a alma do negócio

Mas a aposta na diferenciação não explica, por si só, o crescimento da empresa e o seu imponente portfólio. Francisco Grácio garante que urna das armas é o sigilo absoluto, assegurado quer a vendedores, quer a compradores, algo fundamental num negócio desta natureza. O próprio modelo de negócio, afiança o empresário, assenta na criação de relações de confiança. "Oferecemos ao cliente um serviço altamente personalizado, com absoluta descrição. e que vai muito para além da promoção e mediação imobiliária. Mais do que 'casas' vendemos sonhos, serviços tailor made e novas experiências", explica Francisco Grácio. Um negócio feito pela PortugalRur pode incluir um conjunto de serviços que vão desde urna reportagem fotográfica, à promoção em canais premium em Portugal e no estrangeiro ou a serviços apoio anteriores e posteriores à venda, que poderão chegar a temas tão diversos corno decoração ou gestão florestal, detalha ainda o empresário.

Serviços diferenciadores e que servem também para distinguir a PortugalRur no seu mercado, que vive muito do poder do passa-palavra. "A maioria dos imóveis que temos disponíveis, chegou-nos através de clientes que repetem compras ou vendas através da nossa empresa e também porque, neste mercado, temos uma notoriedade elevada, que nos coloca no top of mind dos proprietários de imóveis de características rurais premium, quando pretendem vender", ilustra o fundador da PortugalRur.

As diferenças face a outros players começam na tipologia de imóveis que a empresa comercializa, e passam pelo nível de serviço e o capital de confiança dos clientes. Além disso, embora o mercado rural tenha outros players, na sua esmagadora maioria têm uma dimensão local e estão vocacionados para uma tipologia de imóveis mais indiferenciada.

A imobiliária imune à crise 

Trabalhando num mercado tão exclusivo, a PortugalRur não só não está exposta à conjuntura económica, como consegue crescer numa fase em que aumenta a procura por imóveis rurais exclusivos e de investimento. "Nestes períodos (de crise), potencialmente, fazem-se melhores negócios imobiliários, o que também contribui para o aumento do número de transações", admite Francisco Grácio. 

A maioria dos dois mil imóveis que a empresa tem para venda custa mais de 250 mil euros - em média são transacções acima dos 500 mil euros. Valores que permitem à empresa, mesmo num mercado de grandes flutuações, crescer anualmente 10% ao ano, embora o seu administrador se escuse a divulgar o volume de negócios da PortugalRur. 

Apesar da sua origem no meio rural, a PortugalRur sempre teve como objetivo ultrapassar as fronteiras dos projetos locais. E acabou mesmo, por chegar ao urbano de luxo, o que justificou a recente abertura de escritório em Lisboa. Aliás, o eixo Lisboa-Cascais, Sintra, Colares, até Torres Vedras, tem tido urna procura crescente. 

Lisboa corresponde a uma das áreas mais procuradas no Pais, tal como a região do Douro para quintas e palácios, mas é o Alentejo que suscita mais interesse. Não só pela sua grande área, mas também pela oferta muito diversa de imóveis e pelo clima. Embora a procura de investimento em segunda habitação tenha abrandado, o mercado nacional ainda continua a ser muito Importante para a PortugalRur. Mas não exclusivo. Entre os principais compradores de imóveis de luxo em Portugal, contam-se pessoas oriundas dos PALOP e do Brasil, embora exista também procura por parte de clientes vindos de países emergentes. França, Bélgica, Holanda, China, Rússia ou Alemanha. E é a pensar nesses clientes que a PortugalRur aposta na divulgação ativa em canais premium naqueles mercados. 

REVITALIZAR O INTERIOR

Graças aos negócios da PortugalRur são vários os exemplos de projetos de revitalizaçâo rurais e do interior que estão a contribuir para gerar emprego e criar dinâmica em zonas menos povoadas. "Um motivo de grande orgulho para a PortugalRur", como faz questão de frisar Francisco Grácio. "Temos consciência que, muitos dos negócios que mediamos, vão gerar emprego e uma nova dinâmica em pequenas economias locais' disse. E exemplificou com o Torre de Palma Wine Hotel, em Monforte, uma propriedade que a sua empresa angariou e para a qual encontrou um investidor. Hoje, é um hotel de cinco estrelas, em pleno Alentejo, acabado de inaugurar. 

Artigo publicado na Revista Invest de Maio de 2014

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