16 junho 2014

Há 150 mil famílias que deixaram de poder pagar a casa


Os portugueses estão a ter cada vez mais dificuldade em pagar os seus empréstimo à habitação: no final de março, 149.800 famílias tinham um crédito para a compra de casa vencido. Um número que se aproxima do máximo de incumprimento (150.300) registado em junho de 2012, em plena crise financeira.



Só este ano, mais 4.083 famílias deixaram vencer o crédito da casa, o último que, por norma, deixa de ser pago aos bancos. Ou seja, em média, 80 portugueses por dia deixam de conseguir liquidar o empréstimo à habitação.

Os números da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal mostram que são já 6,4 famílias em cada 100 que deixam de cumprir o pagamento dos empréstimos à compra de casa própria. "Em termos numéricos estamos a sentir que as famílias estão numa situação muito mais difícil do que no ano passado e do que no início da crise", adianta Natália Nunes, responsável pelo gabinete do sobreendividado da Deco. É que "no início da crise as dificuldades foram diluídas porque havia almofadas das famílias, amigos e dos próprios e hoje essa rede de proteção é inexistente", admite.

Resultado: no arranque deste ano, mais 14.071 famílias entraram em incumprimento - não pagaram ao banco durante mais de 90 dias. Que isto dizer que por dia, nos três primeiros meses do ano, 153 portugueses deixaram de conseguir cumprir os compromissos que tinham perante a banca, quer seja no crédito à habitação, consumo ou outros fins.

Em média, cada português tem a seu cargo quatro créditos que se dividem pela casa, carro, crédito pessoal e cartão de crédito. A Deco assume que o novo regime jurídico de renegociação de créditos não está a ser totalmente aproveitado. "A banca não olha para o conjunto de créditos de uma família e olha apenas para um dos créditos e isso não resolve nenhum problema", afirma Natália Nunes.

Em todo o caso, tanto os bancos estão mais seletivos no momento de emprestar como as famílias também estão a procurar menos o endividamento: no final do primeiro trimestre deste ano, havia 136.822 créditos concedidos a particulares e 109.894 empréstimos, um novo mínimo.

Ainda assim, não se consegue evitar um aumento do crédito malparado. Do total de crédito concedido às famílias, 4,13% era, em abril, de cobrança duvidosa, um novo máximo histórico. Por seu lado, a cobrança duvidosa no consumo também aumentou para representar agora 11,93%, do total de crédito concedido para este fim.

A dificuldade dos portugueses em enfrentar os compromissos reflete-se, em última instância, no aumento das insolvências, numa escala enorme em relação ao início da crise. Em 2007, as insolvências de particulares pesavam apenas 18,1% no total das insolvências; no último trimestre do ano passado, este valor mais do que triplicou, atingindo uma fatia de 67,8% de todos os processos registados pelo Ministério da Justiça.

Um estudo realizado pela Credito y Caucíon refere que, só em 2012, os processos de insolvência particular tenham ultrapassado os das empresas.

Fonte: Dinheiro Vivo

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