23 julho 2014

2014 é o ano da retoma do mercado imobiliário em Portugal


As imobiliárias defendem que o sector saiu da crise em que estava, no primeiro semestre de 2014, e prevêem terminar o ano com montantes transaccionados acima de 2013. O mercado imobiliário português entrou numa fase ascendente e o balanço do primeiro semestre é positivo. As grandes transacções que se concretizaram no final do ano passado e no decorrer deste ano colocaram, novamente, Portugal no radar de investimento imobiliário internacional e mostram que o mercado está em recuperação.

"O balanço do primeiro semestre de 2014 é, claramente, positivo. Confirma-se a concretização do interesse por parte dos investidores imobiliários, institucionais e particulares estrangeiros em adquirirem posições em Portugal", diz Paulo Silva, director-geral da Aguirre Newman Portugal.

O clima, a segurança, a centralidade geográfica (Portugal está a duas horas de avião de Paris), a riqueza patrimonial, e também o facto de o País estar no ponto de inflexão relativamente ao preço por metro quadrado são algumas das razões que levam os investidores internacionais a colocarem Portugal no radar. Se juntarmos a este leque de atributos a aposta do governo nos 'Gold Visa' e do regime de benefícios fiscais para não-residentes, Portugal está a tornar-se num mercado mais apetecível.

"O mercado imobiliário vive hoje um momento único, especialmente depois da correcção de preços dos imóveis nos últimos anos. Os investimentos têm valores que, quando comparados com os que são praticados em outros países, são mais apelativos e possuem ainda um potencial de valorização muito importante a longo prazo", refere Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal.

São alemães, suíços e britânicos e até norte-americanos os grandes fundos institucionais que investem em Portugal. No entanto, são os investidores emergentes, como os chineses e brasileiros, habitualmente privados ou 'familly offices', que procuram habitação de luxo em localizações privilegiadas em zonas históricas, nos centros das cidades, ou com vista para o mar.

"A recuperação do mercado de investimento é a mais evidente, com o regresso dos investidores internacionais que tradicionalmente investem em Portugal, mas também com o aparecimento de investidores de outras origens - chineses, brasileiros e russos -, que procuram diferentes tipologias de activos", sublinha Pedro Lencastre, director-geral da JLL.

Paulo Silva, da Aguirre Newman, defende ainda que o regresso dos investidores imobiliários a Portugal se deve sobretudo à conjugação de dois factores: "restabelecimento dos níveis de confiança no País e o facto do imobiliário estar relativamente barato".

No segmento de retalho, é o comércio de rua que continua a acelerar. "As marcas de luxo intensificam a procura na Avenida da Liberdade e o Chiado, em Lisboa, continua a não responder à forte procura das marcas 'mass market' e 'premium'", diz Pedro Lencastre.

Segundo semestre acelera crescimento 

Com o regresso dos investidores internacionais a Portugal e alguma "boa-vontade" dos bancos em ceder crédito à habituação as perspectivas para o sector imobiliário, no geral, são de crescimento acentuado.

Ricardo Sousa, da Century 21 Portugal, defende que a diminuição das transações de arrendamento em prol da compra de habitação deve-se, sobretudo, devido ao facto de existir uma cultura de proprietário muito forte. "Os portugueses preferem sempre comprar a sua casa. Com a maior abertura da banca, em matéria de crédito à habitação, a primeira opção dos portugueses é a aquisição do imóvel", diz o gestor.

A ERA prevê encerrar o ano ultrapassando as dez mil operações, com cerca de oito mil vendas e ultrapassando a barreira dos mil milhões de euros em volume de imóveis transaccionados. "Com o aumento do crédito à habitação a ser concedido pelos bancos - que poderá crescer mais no segundo semestre de 2014 - é de prever que terminemos o ano com cerca de 80% de vendas e 20% em arrendamentos", sublinha o director-geral da ERA, Miguel Poisson. Também a Re/max e a Century 21 prevêem terminar o ano com um crescimento de dois dígitos.

Em relação ao contributo dos investidores estrangeiros, a APEMIP estima que deverão gerar um investimento entre 1,5 a dois mil milhões de euros. "Creio que 2014 representa uma nova era para o sector e as expetativas são bastante otimistas", diz Luís Lima, presidente da APEMIP. No entanto, o responsável alerta para que haja cautela e não demasiada euforia com estas melhorias verificadas no primeiro semestre. "O sector imobiliário está ainda frágil e a sua recuperação poderá ser lenta", sublinha o Luís Lima.

A maior parte das imobiliárias contactadas registou um primeiro semestre positivo e prevê terminar o ano com montantes transaccionados bastante superiores a 2013.

Fonte: Económico

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