25 julho 2014

Crédito à habitação sobe, arrendamento cai


Os bancos portugueses reabriram a torneira do crédito, e se as vendas de casas saíram de um semi-deserto, o arrendamento está a começar a secar. Esta realidade está plasmada nas contas da Century 21, mas também de outras operadoras. A classe média está de volta.
"No primeiro semestre deste ano as transacções de arrendamento diminuíram 35%, para as 2.050, comparativamente com as 2.762 verificadas no primeiro semestre do ano passado. O peso do arrendamento no volume de negócios da rede cai 41%, face ao impacto de 52% registado no mesmo período do ano passado", revela a filial portuguesa da multinacional norte-americana. 


Em entrevista o líder da Century 21 Portugal, Ricardo Sousa, diz: "Sempre dissemos que em Portugal a cultura é de proprietário. A cultura é de compra". "Uma das coisas que sempre dissemos é que se houvesse mais crédito à habitação haveria mais transacções de compra e de venda", acrescenta. 

O CEO da rede de mediação descreve que a partir do momento que o índice de confiança ao consumo aumentou, a banca voltou a entrar no mercado de crédito à habitação e a baixar os preços. "A tendência [de aumento do arrendamento no passado recente] inverteu-se e claramente está ligada à abertura do crédito à habitação", considera o gestor que também lidera a operação da Century 21 em Espanha. 

Ricardo Sousa crê que esta mudança "era necessária". Porquê? "Passar do oito para o 80 não era a solução. porque a alavancagem das famílias e das empresas é bem-vinda. Os principais bancos estão a liderar esta inversão", responde.

O regresso da classe média e ao mercado
Para o mediador, há um outro fenómeno que o mercado está a viver: o da subida de preços. "Está-se a vender casas de valor mais elevado. Estivemos muitos anos a vender casas de valor baixo e médio baixo muito caracterizado nos imóveis da banca", explica. 
"A classe média voltou ao mercado. E isso tem um impacto brutal", finaliza. No balanço de operação do primeiro semestre de 2014. a Century 21 Portugal apresenta uma facturação de 6,2 milhões de euros, um aumento de 21% em relação aos 4,9 milhões de euros registados em igual período do ano passado.

Há menos casas da banca para vender, mas há um novo negócio
As casas que os bancos têm à venda são agora menos, mas no sistema financeiro há outras boas oportunidades. O CEO da Century 21, Ricardo Sousa, diz que escritórios, armazéns e lojas são os melhores negócios que a banca agora proporciona.
Ricardo Sousa não concorda com o presidente da APEMIP, Luís Lima, que no passado disse ao Negócios que das casas da banca já só restava o "lixo". "O que se verifica é a transição de carteira residencial para uma carteira predominantemente comercial ("retail", comércio local, armazéns, e escritórios)", explica o CEO da sucursal portuguesa da mediadora norte-americana. 
Todavia, o ciclo da venda deste tipo de produto é mais longo. Porquê? "A economia local (a quem se destina este tipo de imóvel) demora mais tempo a descolar e apesar de ser uma boa oportunidade de aquisição, ainda não se consegue colocar no mercado de arrendamento", reconhece o mediador. "Isso faz com que muitos investidores estejam na expectativa, mas para os investidores internacionais que investem predominantemente a longo prazo é uma boa oportunidade reconhece.

Franceses lideram reabilitação de casas para arrendar em Portugal
O negócio de venda de casas a estrangeiros não é exclusivo dos "golden visa" e dos chineses. O regime para "não residentes" tem os franceses como maiores clientes e está a dar dinamismo ao mercado. Segundo o CEO da Century 21, Ricardo Sousa, esta dinâmica está a dar um movimento "interessante no mercado de Lisboa com a angariação de prédios para reabilitar e colocar no mercado". E explica o fenómeno com  a tradição no mercado francês "muito ligado ao arrendamento".
O mesmo mediador explica a diferença entre estes investidores europeus e os chineses. "Estamos a assistir a uma entrada de franceses no mercado de arrendamento em Lisboa. Estes clientes direcionam-se para o mercado doméstico. Já os chineses estão a direcionar as compras para a China, compram e comercializam lá". "Este é um investidor que nos interessa, não só pela proximidade, mas também porque traz mais negócio repetido", confessa.
E onde é que procuram as casa? "Em Lisboa, no Algarve, na Costa de Prata, na Costa Norte, no Porto, e no Douro. No Centro de Lisboa procuram bairros como o Chiado, o Príncipe Real ou, agora, o Intendente. Seja cliente francês, belga ou inglês, são diferentes do mercado de 'golden visa', que só procura em Lisboa e a zona da Linha", refere Ricardo Sousa.
Na Century 21, nos primeiros seis meses do ano foram realizadas 678 transações de imóveis para clientes internacionais, que "demonstra uma subida de 32%, face às 459 transações registadas no segmento internacional, no mesmo período, no ano passado".

Fonte: Negócios

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