O imobiliário tem voltado às preferências dos pequenos aforradores como forma de obter rendimento. E apesar de inicialmente preferirem habitação, hoje procuram cada vez mais os escritórios.
Com a conjuntura económica adversa sentida nos últimos anos em Portugal, o imobiliário de escritórios foi um dos que mais diretamente sofreu os efeitos da contração do tecido empresarial, com o fim de muitas empresas e também uma falta de confiança de outras, que face a condições económicas desfavoráveis, limitaram os seus planos de expansão e reduziram área ocupada.
No último ano, este quadro tem vindo a alterar-se de forma positiva, dados os sinais de recuperação da economia. A par desta, ainda que ténue, retoma, duas outras realidades emergiram nos últimos dois anos que têm estado também a contribuir para uma maior dinamização no mercado de escritórios. Por um lado atualmente há uma nova franja de procura para espaços de escritórios muito ligada ao empreendedorismo e às start-ups. Por outro lado, se durante anos o imobiliário deixou de ser uma classe de investimento para os pequenos aforradores, nos últimos anos voltou a sê-lo.
E se inicialmente, o pequeno investidor preferia habitação, atualmente nota-se já, de acordo com especialistas do mercado, uma maior procura também por espaços de escritórios como forma de obter rendimento. É o que se sente no mercado de escritórios do Grande Porto, onde “o facto de os preços estarem baixos tem levado a que muitos investidores estejam a adquirir espaços que agora estão a colocar no mercado de arrendamento com rendas acessíveis, e ainda assim com rentabilidades interessantes”, diz Pedro Novais, Diretor Comercial da loja Vila Lusa em Gaia. O profissional da Vila Lusa, mediadora que trabalha o mercado imobiliário do Porto e concelhos de Matosinhos, Maia, Gondomar, Valongo e Gaia, além dos concelhos limítrofes a estes últimos, considera também que a carteira de imóveis detidos pela Banca neste segmento “abre agora uma janela que começou a despoletar um interesse crescente, e os negócios têm vindo a acontecer”. Na sua opinião, além das vantagens para a Banca na alienação destes imóveis, também “os investidores compram a bom preço e conseguem rendas interessantes” e também as “empresas têm mais oferta, e além de poderem escolher melhor não vêm as rendas demasiado inflacionadas”. Por isso mesmo, Pedro Novais pensa que “quer a venda quer o arrendamento de escritórios é um bom negócio nos próximos tempos”.
Também José Araújo, da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp, cujo peso em vendas dos ativos de escritórios representa 10% do valor da carteira do Banco, defende que este tipo de imobiliário pode ser uma boa alternativa de investimento. “O mercado quando funciona em normalidade assenta muito na relação da oferta e da procura, ditando assim a sua evolução e correspondente rendibilidade. Face ao sentimento geral de aumento de confiança existente nos agentes do setor, em particular em zonas como Lisboa e Porto, podemos acreditar que as yields de escritórios irão aumentar, sendo uma boa alternativa a outras formas de investimento”.
Com vista a capitalizar as vendas no mercado de escritórios, José Araújo explica que, com base na estratégia de distribuição dos imóveis assente na mediação imobiliária – canal que representa 90% das vendas -, o Banco tem apostado “na procura de agentes do mercado especialistas em segmentos de mercado como o dos escritórios ou em alternativa ajudar no desenvolvimento de novos conhecimentos nesta área, existindo mesmo um novo paradigma no qual os agentes imobiliários devem conhecer os proprietários com ativos enquadráveis”. E acrescenta: “Com esta aposta e com a conjugação de esforços de todos os agentes, poder-se-á potenciar e catalisar investidores que pretendam diversificar os seus investimentos e arrendatários para esses mesmo ativos e assim agilizar e dinamizar o mercado. A nossa aposta assenta em gerar condições e dar acesso do mercado às empresas”, nota.
Start-ups ativas no Porto
As pequenas empresas “ que começam a nascer” estão entre as empresas de serviços que mais ativamente têm procurado espaços de escritórios no Porto, avançou Pedro Novais. As start-ups procuram acima de tudo espaços entre 30 a 50 m2, enquanto que os empreendedores já consolidados “vão um pouco mais além”, refere este profissional. Contudo, admite que, em geral, os espaços acima de 200 m2 não têm ainda muita procura, mas considera que, “desde que bem localizados, serão uma boa aposta de investimento, a breve prazo com a esperada retoma económica”. Pedro Novais explica que, considerando a área geográfica em que a empresa atua por todo o Grande Porto, as localizações preferidas de escritórios são as zonas da Boavista e envolventes, mais concretamente em direção à Foz, embora, fruto da renovação na Baixa “cada vez mais as empresas e os investidores a procuram”.
Outros locais dentro da cidade e nas cidades satélite, “desde que com fáceis acessos e ou bons transportes como o acesso rápido à rede do Metro, são desde logo uma mais valia tanto para a compra como para o arrendamento de escritórios”, refere ainda.
Edifícios emblemáticos estão no mercado
O Millennium bcp tem atualmente em venda ativa dois edifícios de escritórios situados na avenida José Malhoa, em Lisboa, “que eram espaços próprios e que deixaram de estar afetos à exploração”, explica José Araújo. Tendo em conta “a racionalização de espaços que o Banco está a realizar”, existem outras oportunidades onde se destaca um edifício “muito emblemático” situado na Rua do Ouro, na Baixa de Lisboa, e que tem uma área bruta superior a 5.000 m e um outro na Praça D. Luís, perto de Santos, de dimensão superior. José Araújo considera que “em Lisboa estas são oportunidades escassas e, na sua maioria, carecem sempre de uma intervenção de modernização e adequação aos requisitos de escritórios atuais”. E ainda que possa “parecer um handicap, na verdade possibilita a sua aquisição a valores mais consentâneos, permitindo fazer adaptações ao objetivo pretendido e em zonas que estão a ser requalificadas”.
Para já, avança José Araújo, o Millennium bcp, “tem vindo constantemente a ser consultado sobre ativos que detém para venda” e “estamos em vias de finalizar duas ou três transações que envolvem imóveis de importante valor e que estavam afetos à nossa exploração mas recentemente desocupados. Um será um negócio nacional e outro internacional, o que demonstra o potencial que existe nos mercados nacional e internacional”.
Fonte: Público Imobiliário
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