30 julho 2014

“Natureza da procura para investimento mudou”


“Natureza da procura para investimento mudou”
A convicção é de Eric van Leuven, que considera que esta mudança se operou desde há cerca de seis anos, com os escritórios a substituir os centros comerciais na lista de ativos de investimento preferidos pelos estrangeiros.
O Managing Partner da Cushman & Wakefield em Portugal explica, em entrevista, que “de há cinco ou seis anos para cá, a natureza da procura de investimento mudou”, detalhando que “eram essencialmente os centros comerciais os ativos preferidos dos investidores estrangeiros. Contudo, esta foi uma das classes de ativos mais afetadas pela crise geral, que se fez sentir quase de imediato na atividade dos shoppings”. E hoje, “é verdade que há muitos investidores interessados em comprar escritórios em Lisboa”.

Para já, o problema é que os critérios de procura para este tipo de imóveis são comuns a quase todos os investidores, que acabam por esbarrar na escassez de oferta disponível que encaixe neste perfil. “Um bom edifício de escritórios, bem localizado, bem arrendado e com uma boa yield, é o que hoje em dia todos procuram“, refere Eric van Leuven, acrescentando que “há, por isso, mais intenções que negócios concretizados”.

Conforme dados revelados há dias pela consultora liderada por Eric van Leuven, o setor dos escritórios liderou as preferências dos investidores no primeiro semestre deste ano, concentrando mais de 60% do total do investimento em imobiliário de rendimento concretizado em Portugal, o qual ascendeu a mais de 110 milhões de euros. Esta preferência pelos escritórios já teve influência nas yields, que acusaram neste segmento a primeira correção em baixa desde 2007 e a maior quebra acumulada nos primeiros seis meses do ano, situando-se no final de junho nos 6,50%, o que compara com os 7% registados nos centros comerciais, 6,25% para comércio de rua e 8,75% para industrial, diz a Cushman & Wakefield.

Para o Managing Partner da consultora, contudo, um olhar mais atento sobre o mercado de escritórios, cuja “maior atratividade deverá manter-se”, exige também considerar os vetores da ocupação e da promoção. 

Olhando em primeiro lugar para o lado da oferta, o responsável nota que “há muito pouca promoção nova no momento, e as únicas exceções são algumas reabilitações no centro da cidade”, uma situação que se explica quer “pela falta de financiamento quer pelo baixo nível da procura dos últimos anos” e que faz com que “existam muito poucos projetos novos com dimensão”. Aliás, na opinião de Eric van Leuven, “dentro de três a quatro anos, vão faltar escritórios em algumas zonas”. 

No que concerne a ocupação, “depois de um ano dramático em termos de absorção bruta de escritórios, é verdade que os números deste ano mostram um grande aumento no número de transações”, embora “este crescimento compare com um número extremamente baixo”.

Para Eric van Leuven, no futuro, “a razão pela qual o mercado irá precisar de mais oferta é porque muitas empresas ainda estão num processo de requalificação das suas instalações, precisando de novas áreas, e também porque há mais empresas novas, sobretudo multinacionais na área dos serviços partilhados, que querem estabelecer-se em Portugal e que absorvem grandes áreas”.

Fonte: Público Imobiliário

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