Não há volta a dar. Portugal é um país de proprietários e isso já se nota de novo. No primeiro semestre do ano, as maiores mediadoras imobiliárias do país - Remax, Era e Century 21 - fizeram mais vendas e menos arrendamentos que no mesmo período do ano passado. E, segundo a APEMIP a procura de casas para vender está a subir de forma significativa.
"Há dois anos e até ao início de 2014, 30% da procura de casas era para comprar e 70% para arrendar, mas agora só 50% das pessoas é que querem arrendamento", disse ao Dinheiro Vivo, o presidente da Associação dos Profissionais e das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima.
Aliás, de acordo com este responsável, a expectativa é mesmo que até ao final do ano a procura de casas para comprar volte a ser superior à procura de arrendamento. "À medida que há uma retoma, mesmo que ligeira, a opção das pessoas é comprar. Nós portugueses somos assim. Só somos arrendatários quando não temos dinheiro", repara.
Esta tendência nota-se já no tipo de negócios concretizado. Só na Century 21, as vendas mediadas subiram 14% para perto de três mil transações e os arrendamentos caíram 35%, para 2050 operações. Em consequência, o peso do arrendamento no negócio desceu de 52% no primeiro semestre de 2013 para 41% no mesmo período deste ano.
Já na Era, "o peso dos arrendamentos no total das transações diminuiu de 33% para 29%", adiantou ao Dinheiro Vivo, o diretor-geral, Miguel Poisson, acrescentando que 71% das operações realizadas no semestre foram vendas.
Por fim, na Remax mediaram-se perto de cinco mil operações de arrendamento, que ainda representam 49% das transações totais efetuadas entre janeiro e junho deste ano, mas que são menos que há um ano. Além disso, o peso dos arrendamentos na faturação também recuou, tendo registado um decréscimo de 8,41%.
"A opção de arrendamento foi, para muitas famílias, a solução possível, mas o índice de confiança aumentou e a banca voltou a oferecer soluções de financiamento o que está a permitir que a classe média esteja de volta ao mercado", reparou o administrador da Century 21, Ricardo Sousa. Uma explicação partilhada por Miguel Poisson que acrescenta ainda que já se nota que a banca começou a alargar o crédito aos clientes nacionais e não só aos estrangeiros que têm comprado cada vez mais casas em Portugal.
No entanto, o aumento do crédito à habitação é ainda muito ligeiro. De acordo com os últimos dados disponibilizados pelo Banco de Portugal, em maio deste ano foram concedidos apenas 10 milhões de euros de créditos à habitação novos. O mesmo valor que em abril e pouco mais que os nove milhões concedidos em abril.
Além disso, repara Luís Lima, o que os bancos emprestam nunca é a totalidade do valor da casa. "Não há créditos a 100%, é sempre preciso ter uns 20% ou 30% do valor da casa".
Fonte: Dinheiro Vivo
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