A Reabilitação Urbana, face ao incremento que tomou o setor da construção civil dentro de parâmetros desorganizados e não planeados, seguindo um caminho inadequado face às potencialidades económico-financeiras do país, torna-se no presente um grande desafio para relançar um setor que pode manter-se sustentável em moldes totalmente diferentes, num período complexo e difícil que o país atravessa.
É um grande desafio reabilitar e viver o património do passado, principalmente dos centros históricos, e trazer vida novamente à memória histórica das cidades, onde se cruzam estilos e culturas arquitetónicas diversas; tornar a vincular o passado ao presente e criar polos de interesse comercial, de serviços e de lazer, de forma a dar vida a espaços abandonados ou fortemente degradados.
É inquestionável que, reabilitar, conservar e viver o património em áreas que passaram por diversos períodos da história do país ou local, constitui desafios aliciantes e motivadores para trazer a população jovem, com sentido criativo e empreendedor, a reocupar espaços nobres para atividades criadoras de emprego e fixação habitacional acolhedora, dentro de um sistema em que as rendas sejam convidativas para reanimar os espaços reabilitados.
Esta metodologia praticada a nível nacional deve ter o máximo incremento nas próximas décadas e que foi seguida noutros países, isto já em 1971, como em Montreal no Canadá e noutros países da Europa, o que evitou a perda da população para a periferia e, ao mesmo tempo, criou áreas comerciais ou de serviços, que originaram riqueza ou que vieram dar vida aos centros históricos. Aliás, esta política se tivesse sido seguida com mais atenção e acuidade pelas Autarquias e pelo Estado, teria contribuído para ocupar os centros históricos desertificados, permitindo Viver neles com qualidade de vida e incentivando o comércio tradicional, assim como sob o ponto de vista turístico VirVer o Património.
Foi dentro desta filosofia de reabilitação e de conservação do património, que nos foi legado pelos nossos antepassados, que a Misericórdia de Braga se debruçou sobre o seu património arquitetónico e não só, dando expressão motivadora para viver o edificado, reportado ao passado e transmitindo-o ao futuro. A Santa Casa da Misericórdia de Braga tem feito um esforço financeiro enorme para recuperar o seu património móvel urbano na última década, salientando-se a Igreja da Misericórdia (1562), estilo renascentista, a Igreja do Hospital de São Marcos, projeto do notável projetista Carlos Amarante, e agora em curso o Palácio do Raio ou Casa do Mexicano, obra de André Soares, um dos mais emblemáticos edifícios do país, estilo rococó. As duas igrejas, devidamente reabilitadas e conservadas, e agora o Palácio do Raio, são referências marcantes dentro da arquitetura portuguesa, contribuindo para a valorização turística da mui nobre cidade Bracara Augusta.
Por Adriana Floret, Presidente da APRUPP – Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património
Fonte: Vida Imobiliária
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