03 novembro 2014

Antecipando a mudança


O imobiliário, tal como o conhecemos, está num ponto de viragem crucial. Os negócios são feitos por pessoas e para pessoas. As novas gerações X,Y,Z e Alpha abordam o trabalho e o consumo de uma forma completamente diferente das gerações anteriores. Os espaços físicos e os serviços que procuram, os seus valores, o lifestyle, a busca por um dia a dia com significado, o uso que fazem dos recursos tecnológicos, a sua atitude consciente, global e flexível tem um impacto direto na economia, na sociedade, na comunicação, nas cidades.

A cultura das empresas, a sua visão de futuro, e o seu posicionamento no mercado está por isso também a mudar. Mudam os produtos e a forma como são comunicados. O marketing passa a ser cada vez mais imediato, efectivo, social, digital e viral. Têm de prestar serviço rapidamente, eficazmente, ao toque de um tweet em resposta a uma geração impaciente. As novas empresas estão sempre ligadas. Contactam os seus clientes por Skype, em qualquer local, não precisando de um escritório fixo. Promovem o home working, space charing e o trabalho colaborativo. As transações são globais, noutra escala, em movimento, imprevisíveis, web-based e cada vez menos controladas pelos governos. A economia muda.

As novas empresas são conscientes, responsáveis, realistas e têm uma atitude sustentável. Não desperdiçam recursos. Usam assistentes virtuais, recorrem a outsourcing, e fazem uso de free software e mobile apps que potenciam a eficiência. Não precisam de alugar áreas de escritório que não usam a 100%, como zonas para receção, economato, sala de reuniões ou copas. Privilegiam imóveis bem localizados, que tenham espaços flexíveis de uso comum, com zonas de colaboração, de refeiçãpo, de isolamento, de inspiração, colaboração, tecnologicamente adaptados e ágeis, com boas zonas de lazer e infraestruturas desportivas, perto de transportes públicos e zonas habitacionais, onde estejam localizadas empresas e pessoas que partilham os mesmos valores, onde é promovida a partilha de conhecimento, comunicação e negócios. Espaços com alma, serviços e equipamentos focados nas necessidades do colaborador e na sua valorização do tempo.

A questão que coloco, enquanto especialistas de Real Estate, estamos preparados para disponibilizar estes espaços (empresariais, comerciais e habitacionais) e estes serviços? Sabemos como fazê-lo? Quantas empresas estão condenadas a desaparecer por não terem flexibilidade de adaptação e não reconhecerem atempadamente as necessidades de um mundo em rápida mutação? Quantos imóveis vão precisar de reconversão e regeneração estratégica imediata, sob pena de entrarem em decadência?

Por Fátima Machado, Associate, Asset Manager at Cushman & Wakefield

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