20 novembro 2014

Casas de luxo: Estrangeiros compram mais em Lisboa e Portugueses no Porto


No segmento de habitação de gama alta, os compradores estrangeiros são os mais dinâmicos em Lisboa, enquanto que no Porto são os Portugueses quem mais compra.
A retoma do mercado habitacional português, e em especial nos produtos de gama alta e de luxo, tem sido, nos últimos anos fortemente impulsionada pelos compradores de origem estrangeira, uma realidade que tem tido o seu expoente máximo em Lisboa, um mercado bem conhecido da mediadora imobiliária Porta da Frente/Christie’s.

De acordo com Rafael Ascenso, sócio gerente desta empresa, no âmbito das transações concretizadas, “os compradores estrangeiros foram responsáveis por 85% das vendas em 2013 e em 2014 por 80%”. E só este ano, são 18 os países representados entre estes compradores estrangeiros, conforme adianta este responsável, sublinhando que são contudo os brasileiros, sul-africanos e os chineses quem mais compra a habitação de luxo em Lisboa. Para Rafael Ascenso, uma coisa é certa: “Portugal entrou decisivamente no roteiro de investimento de gama alta. É um país com condições únicas que só agora começam a ser reconhecidas pelos investidores e todos aqueles que procuram qualidade de vida”.

Também para o Millennium bcp, cujas vendas imobiliárias neste segmento de habitação de luxo têm sido mais expressivas em Lisboa, Cascais e no Algarve, e que apoia diversos projetos de promoção nesta faixa de mercado, “os clientes estrangeiros têm um peso não inferior a 50% das vendas neste segmento”, comenta Frederico Lupi, responsável da área de crédito imobiliário do Banco. Chineses, brasileiros e angolanos, além de franceses, são os compradores estrangeiros em que o Banco tem sentido maior dinâmica, embora “em alguns casos, tenhamos também verificado que alguns imóveis são adquiridos por cidadãos portugueses não residentes”.

Aliás, também Rafael Ascenso nota que “os portugueses estão a voltar ao mercado imobiliário”, notando que existem neste âmbito dois perfis de compradores. Por um lado, “investidores que voltaram a acreditar no mercado imobiliário como aplicação financeira com retorno de rendimento e mais-valias”, e por outro lado, “aqueles que procuram melhorar o seu nível de vida através da aquisição de habitação própria de grande qualidade”. 

A Norte, no Porto, os clientes portugueses “continuam a representar a maior fatia dos negócios contratados”, afirma Liliana Martino, diretora comercial da ERA Boavista Foz, detalhando que se tratam sobretudo de profissionais liberais, como médicos e advogados, empresários e também, neste caso, a diáspora portuguesa, especialmente os portugueses emigrados em França. Ainda assim e mantendo-se residual, também no Porto “temos vindo a constatar uma maior procura por estrangeiros no segmento de habitação de luxo, especialmente no 2º semestre de 2014” diz Liliana Martino. 

Pela sua experiência, são sobretudo, cidadãos angolanos, já com ligações à cidade do Porto e que procuram casa como apoio ao percurso académico dos filhos; russos, franceses e também chineses. No caso dos russos, a diretora comercial da ERA Boavista Foz considera que são “turistas, que ao fim de alguns dias de férias procuram um bom investimento para 2ª habitação”, diz, realçando que “o Porto está agora na moda”. Já os franceses, que procuram também 2ª habitação, têm também “razões fiscais”. No caso dos chineses, muitas vezes “já com ligações ao Porto”, “procuram primeira habitação, sobretudo, uma vez que “já têm negócios cá instalados e filhos a estudar nos colégios de referência da cidade”.

O que procura o comprador da habitação de luxo?

Quanto ao perfil de comprador e de produto de habitação de luxo, para Frederico Lupi, neste segmento todos os casos são diferentes”, uma visão partilhada por Rafael Ascenso, que considera “não existe um padrão definido”. Na perspetiva deste último profissional, os clientes procuram “localização e qualidade de vida”, considera, acrescentando que se procura qualidade de construção, envolvente histórica ou de rio/mar e, sobretudo, “mais apartamentos do que casas unifamiliares”, razões pelas quais, em Lisboa, as zonas históricas e a envolvente da avenida da Liberdade, e em Cascais e Estoril, todas a zonas de primeira linha; são as que registam maior procura neste segmento. Estas são, de acordo com dados da Confidencial Imobiliário para este segmento do mercado (gama alta) precisamente algumas das zonas mais caras da Grande Lisboa. Dados referentes ao 2º trimestre deste ano revelam que o preço médio de venda da habitação de luxo no Marquês de Pombal foi de 5.415 euros/m2, enquanto que na Baixa o valor médio de venda neste segmento foi de 4.929 euros/m2. Já na linha Estoril-Cascais, os preços de venda rondaram, em média, os 3.403 euros/m2 na habitação de luxo.

No Porto, a linha de mar, abrangendo as zonas da Foz do Douro e de Nevogilde; e ainda a Marginal do Rio Douro até à Baixa do Porto e zona histórica são as que registam maior procura em termos de habitação de luxo, revela Liliana Martino. Os dados da Confidencial Imobiliário referentes ao Porto confirmam também que estas são algumas das zonas mais valorizadas neste segmento, com preços médios de venda no 2º trimestre de 2.939 euros/m2 na zona da Foz/Nevogilde e de 2.390 euros/m2 no Núcleo Histórico.

Para aquela profissional, nestas zonas, a maior procura incide sobre “moradias com amplos jardins e piscinas, seguindo-se os apartamentos de três a quatro quartos e prédios para recuperar ou já reabilitados”.

Já Frederico Lupi nota que “os clientes procuram casas ou apartamentos em condomínios com serviços associados, destacando-se a segurança como um dos fatores mais relevantes”.

Para Liliana Martino, uma coisa é clara: “Os clientes têm cada vez mais altos padrões de exigência no que respeita ao nível de acabamentos e tipo de construção”, uma opinião que Rafael Ascenso partilha, comentando que “ os clientes reconhecem a qualidade de construção e espaços amplos, privilegiando as construções novas com traços diferenciadores”.

Fonte: Público

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