O segmento não residencial será um desafio para 2015. Para Miguel Poisson, Diretor Geral da Era Portugal, “foi um ano positivo para o setor”, assistindo-se “a uma maior procura, nacional e internacional”. Também para Beatriz Rubio, CEO da Remax, “a recuperação do setor imobiliário tem sido notória”, opinião partilhada por Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, para quem “foi um ano com claríssimos sinais positivos no setor imobiliário, que se refletiu no aumento do número de transações”, embora se trate de “uma performance vivida a duas velocidades”, isto é, “mais lenta no país do que em Lisboa”.
A evolução da atividade das redes que lideram são também um prova desse maior dinamismo do mercado imobiliário e a Remax, por exemplo, estima mesmo “fazer o seu melhor ano de sempre em Portugal”, diz Beatriz Rubio, assim como a Century 21, com crescimentos face a 2013 de, respetivamente, 37% e 30%. A Era também “soube aproveitar bem o aumento da dinâmica que se fez sentir no mercado”, diz Miguel Poisson, e entre janeiro e outubro, a marca cresceu 29% face a 2013, prevendo fechar o ano com mil milhões de euros em imóveis transacionados.
Quanto a 2015, as perspetivas são animadoras e “os primeiros meses do ano devem continuar a dinâmica e evolução deste último trimestre de 2014”, diz ainda Miguel Poisson, para quem, contudo, “esta evolução estará obviamente dependente da conjuntura económica do país”. Para Beatriz Rubio “o mercado imobiliário parece dar sinais de estabilização” e na opinião de Ricardo Sousa existem “consistentes sinais que a tendência de 2014 se irá manter em 2015”.
Imóveis não residenciais são desafio
As redes de mediação imobiliária têm sido atores fundamentais na comercialização dos imóveis detidos pela Banca, entre os quais o segmento não residencial tem ganho expressão no último ano. Tradicionalmente focados no mercado residencial, os mediadores têm vindo a trabalhar este novo segmento, que é encarado com um desafio. Para José Araújo, da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp,“as redes de mediação são sempre decisivas em todos os segmentos, já que nos vendem mais de 90% dos imóveis, mas existe ainda um longo caminho a percorrer em termos de eficácia neste segmento”. É que, na sua opinião, trata-se de um setor que exige uma comercialização mais especializada e uma abordagem diferenciada ao mercado. Na sua perspetiva, a comercialização deste tipo de imóveis tem sido um desafio, porque, por um lado, “os pequenos mediadores não têm estrutura preparada nem dimensão para vender lojas e sobretudo armazéns ou unidades industriais ou até mesmo terrenos”, e por outro lado “tendo as redes nacionais presenças alargadas por todo o país, seria expectável que aproveitassem melhor as suas equipas, criando comerciais especializados e pontos de venda específicos para este segmento”.
José Araújo reconhece que são “vendas mais demoradas, mas depois dos primeiros tempos de investimento, a estrutura de custos necessária é bem menor do que a do habitacional”. Além disso, “o país está em recuperação, registando procura para estes espaços”, o que “compensará claramente face aos valores das operações e comissões envolvidas”.
Para José Araújo, foram os operadores locais, alguns “únicos mas bem integrados na comunidade empresarial da zona, ou alguns franchisados das redes de mediação”, que “melhor agarraram este desafio” este ano, e já “anteciparam aquilo que é uma grande oportunidade de faturarem mais e que aumentará a tendência no futuro dos imóveis do Banco”, refere. Até final do ano, a venda deste tipo de imóveis deverão atingir uma quota de 30% do total das vendas imobiliárias deste Banco, o que compara com o peso de 25% em 2013, uma tendência que José Araújo crê vá acentuar-se no próximo ano.
Da parte das redes, este segmento de imóveis da Banca de uso não habitacional começa a registar maior dinamismo, como é o caso da ERA, em que “o ano foi mais dinâmico na área habitacional, mas o não habitacional começa a ganhar expressão, fruto dos primeiros sinais de retoma da economia”, disse Miguel Poisson, para quem a venda deste tipo de ativos constituirá também um desafio para a própria Banca em 2015. Na experiência da Remax, esta área de negócio apresenta “um enorme potencial” dado o volume de imóveis nas carteiras dos Bancos mas também um “enorme desafio”, considerando as especificidades dos produtos. E por isso, revela Beatriz Rubio, “foram desenvolvidas ferramentas internas, quer no recrutamento, quer na formação das nossas equipas, no sentido de preparar profissionais nesta área de negocio”.
Também a Century 21 tem vindo a apostar na especialização de equipas neste segmento de mercado, que considera ser uma “grande oportunidade de futuro na colaboração com a Banca”. “Existem hoje excelentes oportunidades de investimento nos imóveis não residenciais, contudo a dinâmica e tipologia da procura obrigam a uma metodologia de trabalho própria para construir estes negócios. A evolução seja em número seja em volume de negocio foi muito positiva e os nossos objectivos para 2015 são de crescimento significativo”, diz Ricardo Sousa.
Ainda no segmento da comercialização de imóveis da Banca, a maior abertura à concessão de crédito que se tem vindo a fazer sentir poderá ser também um dos principais desafios a endereçar pela Banca na atividade de escoamento dos imóveis que integram a carteira de desinvestimento, isto porque “muitos clientes que, só conseguiam financiamento através da compra de imóveis da banca, poderão conseguir agora também para aquisição de imóveis de particulares”, refere Miguel Poisson, da Era.
Por isso mesmo, para José Araújo, do Millennium bcp, “a manter-se a tendência de aproximação dos spreads de crédito habitação entre o produto bancário e não bancário, obrigará a novas formas de promover e distribuir este produto com iniciativas disruptivas. No Millennium bcp temos algumas já em preparação”, avança. De qualquer forma, para o responsável, este setor (imóveis da Banca), “irá continuar a originar boas oportunidades para levar ao mercado”. José Araújo antecipa que os objetivos traçados pelo Banco em termos de vendas de imóveis para este ano serão cumpridos, já que “temos ainda este último mês, que habitualmente costuma ser um dos mais dinâmicos, com a realização de um conjunto alargado de negócios que estão por concretizar”, apesar de este ter sido um ano “muito trabalhoso”, atendendo que a carteira “é predominantemente não residencial”. Na sua opinião, este ano “o mercado revelou uma ligeira evolução positiva na componente residencial, sobretudo no segmento premium”, mas “o nosso foco recaiu nas oportunidades para empresas e empresários, sendo esta uma área decisiva no crescimento económico do país”. Quanto ao mercado em geral, considera que “esteve bastante irregular ao longo do ano, com meses muito fortes e outros menos brilhantes, nomeadamente no 3º trimestre, num ano marcado pelos Golden Visa e pelo regime de Residentes Não Habituais”.
Fonte: Público Imobiliário
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