31 janeiro 2015

BCE patrocina novos mínimos nas prestações da casa


A expetativa em torno de novas medidas da autoridade monetária para travar a queda da inflação levou os indexantes do crédito para mínimos históricos. As famílias vão sentir uma nova descida dos encargos. O impacto da queda da Euribor para negativo é incerto.
Pagar a prestação do crédito da casa custa cada vez menos. E vai ficar ainda mais barato, no caso das famílias que têm revisão do contrato no próximo mês depois das novas medidas anunciadas pelo BCE.

Com Mario Draghi a intervir no mercado, as taxas utilizadas como indexantes recuaram. permitindo novos mínimos nas mensalidades. A manutenção da tendência poderá levar as Euribor para negativo, mas a sua aplicação prática ainda está envolta em grande incerteza. 

Há muito que Draghi promete fazer 'tudo para salvar o euro". Este mês, na primeira reunião de 2015, anunciou a aguardada compra de dívida soberana, decisão que fará aumentar ainda mais a liquidez no mercado. E que acabou por atirar as Euribor para novos mínimos históricos. A taxa a três meses chegou a 0,053%, já a de seis caiu ate aos 0,137%. Juros baixos que vão ditar uma quebra de 0,26% nas prestações dos créditos indexados à Euribor a três meses e de 2,1%, nos dependentes da taxa a seis. 

Considerando a media de cada uma das taxas neste mês (de 0,065% e 0,157%, respetivamente), a prestação de um crédito de 100 mil euros a 30 anos revisto em Fevereiro, ao qual tenha sido atribuído um "spread" de 0,7%, vai cair para 310,96 euros e 315,11 euros, no caso da Euribor a três e a seis meses, respetivamente. Este será o valor mais baixo de sempre a pagar pelas famílias em Março, representando uma redução de mais de 3& face aos encargos há um ano.

Descidas residuais

A descida das prestações tem sido uma constante, mas o impacto nas famílias tem sido cada vez menor tendo em conta que o "spread" é, atualmente, bem superior à componente variável (sendo ainda mais expressivo nos empréstimos mais recentes). Há potencial para que se registem novas descidas nos próximos meses, embora o efeito na factura seja sempre residual. "A redução, caso ocorra, será pouco expressiva", diz Paula Carvalho, economista-chefe do BPI. "Com a aproximação ao 0%, acredito que o ritmo de descida possa desacelerar ainda mais", nota Filipe Garcia, economista da IMF. 

Os contratos futuros sobre a Euribor a três meses revelam que esta taxa poderá estar em 0,015% em Setembro, bem abaixo do nível actual, permitindo maiores poupanças a quem tem crédito, nomeadamente à habitação. Mas, recentemente, estes contratos chegaram a colocar esta taxa em negativo. Esteve a -0,005'%, podendo ser uma antecipação do nível a que poderá chegar este que é um dos principais indexantes do crédito à habitação. 

Taxa negativa? 

A Euribor a um mês já esteve negativa - chegou a -0,005%-, mas a média mensal, mantém-se positiva este mês. Uma taxa negativa neste prazo teria, no entanto, pouco impacto nas famílias, sendo que apenas um banco, o Banco Popular, comercializou créditos à habitação com este prazo até ao final do ano passado. Mas a taxa a três meses pode, como se vê através dos contratos futuros sobre a Euribor, também passar para "terreno" negativo, com impacto em muito mais famílias. 

Há dúvidas, no entanto, sobre se os detentores de crédito poderão, ou não, beneficiar destas taxas, "Na minha opinião, os contratos parecem-me claros e os bancos têm de aplicar as taxas negativas se for o caso", diz Filipe Garcia. O Banco de Portugal está a "analisar o impacto desta evolução (das taxas Euribor) no equilíbrio das relações entre os clientes e os bancos". Mas há bancos que admitem aplicar urna taxa de 0%, como o BCP. Outros deixam em aberto a forma de transmissão das taxas, sendo que a maioria dos contratos refere apenas que é aplicado o indexante adicionado do "spread". Nos novos créditos, os bancos estão já a incluir uma cláusula que os protege neste caso: define um mínimo de 0%.

Fonte: Negócios

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