16 março 2015

Crédito para obras. Saiba qual é a melhor opção


Perceber que obras são realmente necessárias e o orçamento envolvido são os primeiros passos para determinar o financiamento mais favorável. Quando confrontados com a necessidade de fazer obras em casa, a maioria dos consumidores opta muitas vezes por recorrer ao crédito para fazer face a esta despesa adicional. Optar pelo crédito pessoal ou hipotecário são as modalidades de financiamento mais escolhidas, tanto que nem todos os bancos disponibilizam linhas de crédito próprias para este fim – apenas o Banco BIC, Banif ou Deutsche Bank o fazem e mesmo assim aplicam condições semelhantes aos outros dois tipos de financiamento.


Mas antes de avançar precisa de perceber que obras são realmente necessárias e o orçamento envolvido. Estes são os primeiros passos para determinar o financiamento mais favorável. Outro aspecto a considerar é o prazo em que pretende pagar o empréstimo.

A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) fez uma ronda pelo mercado e chegou à conclusão que, apesar das taxas de juro mais altas, o crédito pessoal acaba por ser a melhor hipótese para obras mais pequenas, cujo valor não ultrapasse os dez mil euros, e prazos de pagamento até cinco anos.

“O crédito hipotecário comporta encargos elevados, nomeadamente no que respeita à abertura do processo de crédito e aos custos notariais e de registo relacionados com a hipoteca do imóvel”, diz.
O empréstimo pessoal é um financiamento de contratação mais rápida do que o hipotecário, porque exclui a necessidade de hipoteca. “A garantia passa, na maioria das vezes, por um compromisso pessoal de pagamento por parte do cliente ou pela apresentação de produtos financeiros de que seja titular, como um depósito a prazo. Algumas vezes, obriga à subscrição de um seguro de vida ou de protecção”, salienta a Deco, acrescentando ainda que apresenta prazos e valores máximos de financiamento inferiores aos do crédito hipotecário.

Já nos casos em que o volume de obras sobe o orçamento para valores acima dos dez mil euros, a melhor opção é o crédito hipotecário. Este é idêntico ao crédito à habitação, exigindo o mesmo género de procedimentos comissões e prazos de pagamento. No entanto, no Crédito Agrícola, na Caixa Geral de Depósitos e no Millennium bcp, “os spreads são mais elevados do que no crédito à habitação tradicional”, refere a entidade.

Mas as alterações não ficam por aqui. Ao contrário do que acontecia até há alguns anos, a grande maioria dos bancos deixou de possibilitar que o empréstimo seja entregue em tranches e de permitir períodos de carência de capital. Todavia, ainda há excepções à regra: ABanca, Banco Popular, Banif, Best Bank e Crédito Agrícola admitem libertar o empréstimo faseadamente, caso o consumidor o peça. “Se houver acordo, o banco cede um montante inicial para começar a obra, efectuando depois vistorias para verificar o andamento dos trabalhos, e disponibiliza o resto do dinheiro à medida que a obra avança”, diz.

No entanto, conte com custos acrescidos. Cada vistoria implica o pagamento de uma comissão que varia entre 92,25 e 153,75 euros. A estas comissões, o Crédito Agrícola soma ainda 46,80 euros pela disponibilização de cada parcela do empréstimo. “Tudo somado, esta modalidade não é vantajosa para os nossos dois cenários. Se decidir avançar, reduza ao máximo o número de vistorias do banco, para diminuir os custos totais”.

Não se esqueça que só é possível pedir um período de carência de capital – durante o qual o cliente apenas paga juros – no Banco Popular, no Crédito Agrícola e no Montepio, e até um máximo de dois anos. “ Esta é uma opção que desaconselhamos. Se numa fase inicial as prestações são mais baixas, no final do empréstimo, o montante total de juros suportados é mais elevado”, alerta a Deco.

Melhores opções 
Pela ronda feita pela associação, todas as instituições financeiras visitadas recomendaram o crédito pessoal para o cenário dos 7500 euros, devido aos menores custos contratuais e por não obrigar à hipoteca do imóvel. “A taxa mais alta foi apresentada pelo Best Bank, que chegou aos 19,65%. Nesta situação, optar pelo crédito hipotecário implicaria suportar custos de contratação elevados, pouco compatíveis com montantes de financiamento e prazos de amortização reduzidos, sendo que o prazo de 24 meses é até inferior ao mínimo exigido por muitos bancos”, afirma.

Já para um financiamento de 25 mil euros e, pela análise feita pela Deco, os bancos apontaram como solução o crédito hipotecário, com uma menor taxa de juro. “Os elevados custos iniciais são compensados pelo facto de a taxa de juro ser mais baixa e aplicada num período de amortização mais longo, de cinco anos. Os spreads variam entre 2,90%, no Montepio, e 6,75%, no Deutsche Bank”, acrescenta. Só a Caixa Geral de Depósitos recomendou este tipo de crédito para ambos os cenários.

Outras opções 
Quando o consumidor tem um crédito à habitação em curso, mas pretende obter um financiamento adicional para obras, deve verificar junto do banco se o valor da garantia o permite. A Deco dá um exemplo: se a habitação estiver avaliada em 100 mil euros e o montante em dívida for de 60 mil, o cliente ainda tem margem para solicitar um crédito adicional de 20 mil euros, se o banco conceder empréstimos até 80% do valor do imóvel. O mesmo já não acontece se só emprestar até 60”.

“Se a garantia lhe permitir pedir mais dinheiro, há vantagens em contactar primeiro o banco onde contratou o crédito à habitação, pois pode ficar isento de algumas comissões, como a de avaliação. Porém, tal implica fazer alterações ao contrato existente, o que se pode traduzir numa revisão em alta do spread. Se tal acontecer, não aceite, já que iria encarecer significativamente o empréstimo inicial”, salienta a associação.

A verdade é que há sempre a hipótese de tentar negociar as condições do financiamento já existente para o novo. “Mas se o banco for inflexível neste ponto, o melhor será avançar para um crédito pessoal”, conclui. 

Fonte: ionline

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