07 março 2015

Juros no crédito à habitação abaixo de 3% pela primeira vez em quatro anos


A descida dos ‘spreads’ cobrados pela banca são a principal justificação para a baixa dos juros no crédito para a compra de casa. As famílias portuguesas que pediram crédito à habitação em Janeiro beneficiaram das melhores condições de financiamento dos últimos quatro anos. Dados divulgados na passada quarta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE) indicam que a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação realizados nesse mês caiu abaixo da fasquia dos 3%, pela primeira vez desde Janeiro de 2011.


A quebra do custo do financiamento para a compra de casa resultou em parte da descida dos indexantes, mas sobretudo do alívio dos ‘spreads' cobrados, o que demonstra a maior abertura da banca nacional para conceder crédito.


No primeiro mês do ano, a taxa de juro média dos novos empréstimos para a compra de casa fixou-se nos 2,78%. É necessário recuar até Outubro de 2010 para assistir a um patamar tão baixo dos juros cobrados neste tipo de empréstimos. Ou seja, até ao período anterior ao estalar da crise financeira. Parte da justificação para a diminuição dos juros do crédito à habitação advém da descida dos indexantes que estão actualmente em mínimos históricos. 

Descontando o impacto dos principais indexantes associados aos empréstimos para a compra de casa - as Euribor a três e seis meses - o 'spread' médio praticado pelos bancos nacionais no mês de arranque do ano ter-se-á fixado em torno dos 2,65%. Desde Outubro de 2011 que o preço cobrado pela banca para financiar a compra de casa não estava tão baixo. Entre Dezembro do ano passado e Janeiro deste ano, o ‘spread' médio cobrado encurtou perto de 22 pontos base, o que representa o corte mensal mais dilatado pelo menos desde o início de 2008.

"A retoma económica, mesmo que moderada, a queda do risco de Portugal e da taxa de financiamento dos bancos, a melhoria na taxa de desemprego e a digestão de carteiras de malparado já feita por parte da banca, permitem voltar a apostar neste produto", refere Filipe Garcia, economista da IMF, para justificar o movimento de descida dos ‘spreads'. O economista salienta ainda a importância do crédito à habitação como linha de negócio para a banca. "Os bancos têm de emprestar dinheiro para poderem ser rentáveis e podem tentar melhorar a rentabilidade média das carteiras de crédito imobiliário através da concessão de novos empréstimos com ‘spreads' mais altos. E não devemos esquecer a importância da fidelização e do cross-selling", explica Filipe Garcia.

Contudo, tal não significa que a banca esteja a dar crédito à habitação de forma indiscriminada. No último inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, realizado trimestralmente pelo Banco de Portugal, a larga maioria das instituições continuou a não antecipar diferenças significativas nos critérios de concessão de crédito à habitação. Ou seja, apesar de poderem vir a praticar ‘spreads' mais baixos - repercutindo assim os menores custos de financiamento bancário promovidos pelo BCE - a maioria dos bancos não revelou intenções de alterar substancialmente os critérios de concessão (níveis de risco, garantias exigidas, rácio ‘loan-to-'value', etc).

Fonte: Económico

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